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Category: CivilizaçãoConteúdo sindicalizado

A Igreja e a Civilização

“A missão primária e essencial da Igreja, obra imortal de um Deus misericordioso, é a de salvar as almas e de as levar à posse dos bens celestes. Mas, torna-se ela, ainda mesmo quando aos interesses puramente materiais, uma fonte, donde naturalmente brotam vantagens tantas e tão estimáveis, que não as poderia oferecer maiores, ainda quando ela fosse fundada só com o fim de, sobretudo, promover a felicidade desta vida presente”.
 
O presente capítulo não vai ser senão um comentário das palavras, que acabamos de citar da Encíclica Immortale Dei. Seria mister demonstrar aqui o que a Igreja fez em prol da civilização e da felicidade temporal dos povos; mas seria preciso um grosso volume, para se dar a este interessante e vasto assunto o desenvolvimento que deveria ter. Procuraremos, contudo, dizer o bastante para que nos benefícios que a Igreja trouxe ao mundo, se reconheça mais uma nota característica da sua origem divina; pois que pelo fruto se conhece a árvore.

A elite da escória

Perguntam-me sobre a promoção social. Respondo que ela deve consistir na seleção dos melhores e logo sou acusado de “elitista”.

Desenvolvimentistas e descontentes da civilização

Sabemos que cada virtude ocupa uma posição entre dois vícios opostos. O virtus in medio expressa uma distinção qualitativa e não uma média quantitativa entre esses dois afastamentos. Compara-se a virtude à crista de uma elevação, da qual à direita e à esquerda, representando os vícios, divergentes descem as vertentes. Não realiza, por exemplo, a coragem, uma homogênea média entre a temeridade e a covardia.

O valor da vida

O jornal de anteontem anunciava aos berros: ABOLIDA A PENA DE MORTE NOS ESTADOS UNIDOS, e logo após enumerava os grandes criminosos beneficiados pelo penúltimo espasmo de permissiveness da grande nação agonizante. Lá estava o assassino do Senador Robert Kennedy. E demais homicidas. Quinhentos.

Depravação do corpo: "eles" começam pelas crianças

Muitas vezes aludimos à crise que envenenou o Ocidente cristão, e que hoje se tornou universal graças ao movimento histórico da ocidentalização que, por paradoxo, se volta contra o Ocidente. Mais de uma vez tentamos percorrer os marcos históricos e as correntes de idéias que animaram a chamada civilização moderna e que agora deságuam pelo imenso estuário de mil disparates num oceano de sombrias perplexidades. A Renascença e a Reforma, debaixo de seus aspectos progressistas, e a par dos reais progressos trazidos pelas ciências da natureza, que asseguraram ao homem o conhecimento e o domínio das coisas exteriores e inferiores, foi o primeiro degrau do itinerário em que o homem se extravia de si mesmo, e para ganhar o mundo hipoteca a própria alma. Depois, na Revolução Francesa temos outro marco onde começa a grande impostura moderna das histórias mal contadas. Poderíamos dizer, embora nos repugne o neologismo, que a história recente é uma sucessão de estórias mal contadas. Num processo de sucessivo empulhamento que começou nos primórdios da Revolução Francesa, com as famosas societés de pensée denunciadas por Augustin Cauchin, seguiu-se a história do socialismo, a ascensão do liberalismo, a Revolução Russa, e as duas grandes guerras. Até hoje se conta a história da 2ª Guerra como se a Rússia tivesse desempenhado nela papel decisivo, papel de vencedor. Agora temos a super-impostura do progressismo “católico”, como uma síntese de todos os erros cometidos pela humanidade nestes últimos séculos. E qual é a direção geral, o efeito principal desses movimentos históricos?

A vocação da mulher

No meu tempo de rapaz houve uma época em que, cansado de estudar as crateras da lua e os anéis de Saturno, passei a interessar-me pela avicultura. E, como sempre misturei às coisas mais práticas um pouco de teoria, comecei por munir-me de um tratado. Ora, esse tratado que então adquiri, começava por essas inacreditáveis palavras: «A galinha e as aves domésticas em geral, tanto podem ser cuidadas por um homem como por uma mulher».

Rostos, roupas e paramentos

Estas reflexões começaram no hall do Municipal onde me achei numa noite de bailado russo. Antes de mais nada, porém, devo dizer, para tornar mais compreensível o que se segue, que costumo passar muito tempo, anos às vezes, sem encontrar certos fenômenos da chamada vida social. Por isso, nessas circunstâncias gozo de uma vantajosa inexperiência e ainda consigo ver certas coisas de chofre, com a surpresa das crianças ou dos idiotas. Ambos esses pontos de vista são indubitavelmente superiores àquele do homem informado, do incurável adulto de visão plastronada, do homem que se habituou, que sabe como se fazem as coisas, como se entra num teatro ou se serve um chá numa tarde de irreparável elegância.

Disparates e contradições do tempo

 

O mundo freqüentemente pretende nos insinuar como boa, até como excelente, a filosofia do fato consumado, pela qual, graças à ação dissolvente ou lubrificante do hábito e da repetição, passamos a considerar com naturalidade aquela mesma coisa que nos provocaria gritos de repulsa ou de susto se não fosse apresentada de repente, nua e crua. Vejam, por exemplo, o comunismo. Querem que o aceitemos, pela simples razão de estar aí, diante de nós, os cronistas e pensadores bem inseridos no artigo do dia que a História lhes inculca, uma ausência de sensibilidade, uma ausência de reação, sob pena de sermos apontados como reacionários. O sr. Foster Dulles era um reacionário porque continuava a ver no comunismo um mal, e não um simples fato histórico.
 

Os indiferentes

"Uma espécie de teósofo me disse: "O bem e o mal, a verdade e a mentira, a loucura e a sanidade, são apenas aspectos do mesmo movimento ascendente do Universo". Já nessa época me ocorreu perguntar: "Supondo que não exista diferença entre o bem e o mal, ou entre a verdade e a mentira, qual é a diferença entre ascendente e descendente?" 

G.K.Chesterton

 

A civilização do prazer

Qualquer pessoa medianamente dotada e ainda não dopada pelo imperativo de um otimismo que é julgado hoje virtude máxima, e máxima lucidez, qualquer pessoa, em suma, que ainda não esteja possessa pelo Sistema, já percebeu que vive dentro de uma decomposição civilizacional cuja característica principal é a de um furioso hedonismo.

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