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Category: DemocraciaConteúdo sindicalizado

Civilização católica e erros modernos

Donoso Cortés

 

CARTA AO CARDEAL FORNARI

 

Eminentíssimo Senhor:

Antes de submeter à alta penetração de Vossa Eminência as breves indicações que houve por bem pedir-me em carta de maio último, parece-me conveniente assinalar aqui os limites que me impus a mim mesmo na redação destas indicações.

Entre os erros contemporâneos não há nenhum que não se reduza a uma heresia; e entre as heresias contemporâneas não há nenhuma que não se reduza a outra, condenada de há muito pela Igreja. Nos erros passados, a Igreja condenou os erros presentes e os erros futuros. Idênticos entre si quando considerados sob o prisma de sua natureza e de sua origem, os erros oferecem, todavia, o espetáculo de uma variedade portentosa quando vistos através de suas aplicações. Meu propósito hoje é considerá-los mais pelo lado de suas aplicações do que pelo de sua natureza e origem; mais pelo que tem de político e social do que pelo que tem de puramente religioso; mais pelo que tem de diverso do que pelo de idêntico; mais pelo que tem de mutável do que pelo de absoluto.

Novo livro de GUSTAVO CORÇÃO

UMA TEOLOGIA DA HISTÓRIA

Trata-se de um livro composto de artigos políticos escritos pelo autor nos jornais onde era colaborador, para denunciar a decadência da ordem política católica, a partir da quebra da Idade Média.

Acrescentamos aqui e ali outros dos seus artigos que reputamos importantes para completar seu pensamento sobre os temas tratados.

35 artigos em 160 páginas 14x21.

Promoção de Lançamento: R$ 28,00

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Deixamos o próprio Corção descrever o seu livro:

"Não me julgo capaz de escrever uma filosofia da história, nem mesmo de colocar um modesto ensaio nesta pauta; mas, com o risco de parecer insensato e incoerente, ouso dizer que vou co­locar na perspectiva formal da teologia da história alguns estudos que, com a ajuda de Deus, talvez possam desanuviar alguns espí­ritos. Psicologicamente não escondo a atitude fundamental de mi­nha vida: nasci animal-professor, e a vida confirmou-me neste fei­tio do corpo e da alma. (...)

Começo por de­clarar minha convicção fundamental no que concerne o estudo do transcurso de fatos e feitos, que através dos séculos se acotovelam, se esbarram, se cruzam, se chocam, se embaraçam e se ajudam: este estudo é impossível fora da pauta teológica, sem a viva consciência das implicações da relação Homem-Deus. Em outras palavras, a his­tória é uma coisa inteiramente incompreensível; ou estupidamente compreensível fora daquelas implicações essenciais. (...)

Começo meu approach teológico com a idéia de que, neste com­plexo transcurso de fatos e feitos, existem duas correntes extremas, opostas, e bem definidas, e um largo e confuso caudal de valores medianos. Pensemos neste envoltório, nessa atmosfera de critérios e valores que os feitos e fatos exalam, e meditemos nos efeitos que tal atmosfera produz nos pulmões da alma. E aqui cabe melhor a explicação do forte confronto entre as correntes que dão à história algum sentido.

Gustavo Corção

 

O Método de Escolha dos Chefes




Nas vésperas das eleições, mergulhados na poluição fedorenta de todo esse sistema espúrio e corrupto capaz de levar o Brasil a estabelecer no poder pessoas que deveriam estar na cadeia, respiremos algum ar fresco do pensamento reto, luminoso e profundo de  Gustavo Corção


Alguém do Jornal do Brasil telefonou-me perguntando se eu poderia responder a duas perguntas simples: 1° — Quem seria no novo presidente?  2° — Que pensa o senhor do regime e sobretudo desse método de escolha dos chefes?

Esquivei-me da primeira pergunta por falta de informações exatas. Mas não hesitei em responder à segunda: depois do movimento de 64, que considero providencial, o Brasil achou-se com um regime de governo que, a meu ver, é o melhor, mas ainda não tem denominação feliz. Usando a clássica qualificação dos regimes, deixada por Aristóteles, o governo atual do Brasil e do Chile não é monárquico nem democrático: é o governo que Aristóteles chamou aristocrático, deixando o termo oligárquico para designar sua depravação.

É hoje evidentíssimo que nenhum desses dois nomes pode ser convenientemente proposto. Mas também torna-se cada vez mais evidente que é esse o melhor regime. Ouçamos algumas palavras de Santo Agostinho que, como sempre, bem responde aos problemas de hoje: “Se um povo é sério e prudente, zeloso pelo interesse público, é justo que se faça uma lei que permita a esse povo dar a si mesmo os magistrados. Entretanto, se tornado pouco a pouco depravado, esse povo tornar venal seu sufrágio entregando o governo a celerados e infames, é justo que se lhe retire a faculdade de conferir os cargos públicos, e se volte ao sistema de sufrágio limitado a algumas pessoas idôneas” (Santo Agostinho, Tratado do livre arbítrio, Vol. I cap. VI, citado por Santo Tomás).

Eis aí uma citação que convém como uma luva a recente história do Brasil. Depois das graves contribuições trazidas pelos últimos governos ditos democráticos, que já entregavam o Brasil ao comunismo, achamo-nos diante de uma situação singular:  todos os brasileiros, nas famosas Marchas com Deus e pela Família, demonstraram a aceitação do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, escolhido por indicação de seus companheiros das Forças Armadas.

Lembro aqui também o grande Papa Leão XIII na sua encíclica Immortale Dei, mais de uma vez citada nestas colunas. No tópico n° 10, essa encíclica formula o mais enérgico repúdio dos novos direitos trazidos pela Revolução do século passado, e não dissimula sua condenação à filosofia política que se funda na soberania nacional e no princípio de igualdade para fazer finalmente do sufrágio universal um dos famosos direitos do homem.

Que nome daremos nós a esse novo regime em que providencialmente se achou o Brasil? Eu não costumo me prender demais aos nomes desde que li os versos de Shakespeare onde o poeta atribui a Julieta essas palavras relativas ao nome da família de Romeu: “What is a name?” Teria a rosa menos perfume se tivesse outro nome? Há porém um abismo entre o diálogo amoroso de dois namorados e as exigências do bem comum. No plano das atividades políticas os nomes inculcados às multidões têm funcionado com força mágica. Nossos adversários, os comunistas — que militam dentro da mais dura e desumana de todas as oligarquias, apelidada democracia popular por escárnio — tornaram-se exímios no uso e abuso das palavras mágicas. Reação, fascismo, democracia, marcadas umas com o labéu da execração pública e outras com o halo dos idealismos puros, tornaram-se hoje impraticáveis, se quisermos escrever algumas linhas que sejam entendidas por mais de 10 pessoas. Sabemos de episódios em que jovens se entregaram aos comunistas só para fugir ao terrível anátema do termo “fascista”.

Como já me dispus a tudo nessa matéria não hesitei em denunciar a impostura que tinha a democracia como único regime condizente com os direitos do homem. Dou hoje mais um passo, depois de lembrar que Aristóteles considerava impraticável (e eu diria: sobretudo em regime democrático) a Polis que tivesse mais de 100.000 habitantes. Repito o jogo de palavras que já empreguei nestas colunas: nos tempos modernos aumentou a tal ponto a densidade demográfica que se tornou temerário, mais do que nunca, o uso da forma democrática. O governo e a designação dos chefes não podem ser, por sufrágio universal, entregues ao povo, cada vez mais desumanizado. Sim! Não podem e não devem jamais ser entregues a esse monstruoso soberano que é onipotente (já que todo o poder dele emana) e nihilciente (já que tal coletivo se torna irresistivelmente diminuído e subumanizado). Um modesto homem do povo pode ter a sabedoria de um Sócrates; mas cem milhões de pessoas tornam-se irresistivelmente um ídolo que tem olhos e não vê, orelhas e não ouve etc. De uma só cajadada abato dois nomes mágicos: democracia e povo. Agora, já que estamos com a mão na massa, aproveito para desaprovar, tarde demais, o nome dado ao movimento de 64: “Revolução”, que é o mot d’ordre de toda a esquerda revolucionária e anarquista. Nossos bravos e bons soldados, chamados por Deus à salvação da pátria, assumiram o poder cerimoniosamente, encabulados, e até com certo sentimento de culpa. Por isso até hoje se prendem às idéias políticas de 1789, quando vivemos o ano novo de 1978. O nome de nosso movimento deveria ser este: Reação Nacional. Corajosamente. E que nome daremos ao regime recomendado por Santo Agostinho? Fica aqui o desafio a quem tiver talento de títulos melhor do que o meu. Mas enquanto não acharem o nome, olhemos a “coisa” de face e sem nenhum constrangimento. O movimento de Reação Nacional de 64 veio acabar com o prestígio e a superstição do sufrágio universal. E deve manter-se firme nesta obra de purificação prestada ao país. Não! Nem prestígio nem superstição. O termo que convém melhor é o de “mentira vital”. Porque aqui entre nós dois, meu caro Fulano, desabafemo-nos. Na verdade, na verdade, não creio que ninguém, em são juízo, fora do torpor causado pelo ópio, possa acreditar na pureza e num mínimo de racionalidade do sufrágio universal. Eu votei em Jânio Quadros, e quem teve razão foi o cronista David Nasser, de “O Cruzeiro”, quando estampou com enorme destaque esta frase: “Seis milhões de loucos votaram em Jânio Quadros”.

E aqui, como derradeiro argumento, trago os dados da história do Brasil republicano. Os melhores governos que o país teve foram os dos três presidentes paulistas, Prudente de Morais, Campos Sales e principalmente Rodrigues Alves. Ora, como estamos cansados de saber, as eleições nesse tempo eram feitas a bico de pena, eram dirigidas por uma minoria.

Quando Getúlio Vargas trouxe o sufrágio universal em 34 (para logo liquidá-lo em 37), passamos a ter os governos catastróficos que culminaram em Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, que fizeram no Brasil obra semelhante à de Allende no Chile. Vocês se lembram de março de 1964? Lembro-me eu.

E mais não digo por hoje.

O Globo, 14/01/1978

Ainda as Eleições

Setembro 16, 2010 escrito por Dom Lourenço

Hoje encontrei dois artigos de um mesmo autor, Heitor de Paola, que apresento aos nossos leitores, ao menos aos que não o conhecem. Eles vêm confirmar, com os dados próprios daqueles que estudam a fundo essas questões, as impressões que eu escrevi aqui sobre o candidato Serra e sobre o papel do PSDB na política nacional. É triste, mas é coerente e verdadeiro. Rezemos pelo Brasil.

1º Artigo - Agora é Tarde

2º Artigo - Estratégia Tucano-Petista

Eleições

Setembro 14, 2010 escrito por Dom Lourenço

ELEIÇÕES

O espetáculo tem algo de grandioso. Parece uma ópera. Seria bufa? Pode ser, tanto faz. O espetáculo tem algo de comédia, de drama, de tragédia, tudo misturado, liquidificado. Imaginem um teatro em que os assistentes não soubessem bem se estavam diante da dor ou da gaiatice barata, da emoção romântica ou da morte trágica. Rapidamente sairia de cartaz, falido e desconsiderado.

Que tipo de mágica detém esses senhores para manter toda uma população de dimensões continentais assistindo e aplaudindo tanta  enganação? Seriam eles prestidigitadores? Certamente o são. Todos eles o são.

Percorra, caro leitor, os sites e blogs dos que fazem oposição à candidata do governo. O que vemos? Todos, em uníssono, alertam o Brasil para não votar em terroristas, para não votar no comunismo que já tomou conta de todas as instituições governamentais. Cansei de ouvir falar dos males do Partido, quando o brasileiro mais sério, que guarda a moral católica, zeloso em manter os princípios civilizacionais que criaram o Brasil, não tem opção. A que tipo de oposição assistimos? Que coisa ridícula é essa, de um partido de esquerda, que se diz de centro-esquerda, apresentar um candidato que tem como grande trunfo ter sido líder da UNE? E se acha muito inteligente por ter tido um passado comunista! Cheguei à conclusão que o PSDB nada mais é do que um partido tampão. Ele atua na área política para neutralizar a oposição. Geraldo Alckmin foi literalmente abandonado pelo partido no meio das eleições. E Serra faz parte do time que estabelece esse tipo de política falsificada, onde o que menos importa é um programa de governo.

Algumas pessoas me pedem uma indicação. Não dou. Que cada um siga sua consciência, porque eu não consigo nem pensar em eleições. Tenho náuseas. Um homem de bem, se aceita entrar nesse jogo, deve ser estúpido o suficiente para achar que poderá aplicar o seu bem na politica. Não há como. O sistema é corrompido na sua base e a corrupção dentro do governo nada mais é do que a ponta do iceberg que aparece para os simples mortais. Não me venham falar de cidadania, voto responsável e coisas do tipo. Uma coisa eu sei: isso que está aí não é coisa séria, nem é Democracia, é palhaçada. E ainda me obrigam a ir ao circo!

Minha responsabilidade está nas mãos de Nossa Senhora Aparecida, protetora do nosso Brasil. Mas os milagres só acontecem para aqueles que o merecem, que o pedem, e que estejam prontos a suportar as dores da perseguição. Existe ainda um Brasil assim?

A democracia nos coage

I.            OS DIREITOS E AS OBRIGAÇÕES
 
Os defensores dos “direitos humanos” entendem, por estas palavras, dois tipos de valores que buscam defender: ora a expressão se refere a problemas de alegadas “torturas” em prisioneiros que eles chamam “políticos” — e nesse caso trata-se de uma campanha que só começou a existir no mundo a partir da derrubada de governos esquerdistas na América Latina — ora dos que se arvoram em defensores dos “direitos humanos” se referem a requisitos “democráticos” da organização social, requisitos esses nascidos das concepções iluministas do século XVIII e que misturam atributos de ordem natural com pretensos direitos de uma lógica materialista presente no humanismo desde a Renascença.

Cristianismo e comunismo

[...] Nesta ocasião, gostaria de examinar [a coalizão de alguns católicos com os comunistas] sob o aspecto mais central e, por assim dizer, do interior da oficina onde destilam os seus venenos. Já disse uma vez que inúmeros clérigos e laicos cristãos estavam sendo empurrados implacavelmente para as garras poderosas dos comunistas, por conta de equivocadas convicções hiperdemocráticas. É preciso insistir nesta idéia.

O método de escolha dos chefes

Alguém do Jornal do Brasil telefonou-me perguntando se eu poderia responder a duas perguntas simples: 1° — Quem seria no novo presidente?  2° — Que pensa o senhor do regime e sobretudo desse método de escolha dos chefes?

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