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Introdução ao décimo terceiro domingo de Pentecostes

 “Levanta-te, vai; a tua fé te salvou” (Evangelho).

 

Paramentos verdes

 

Continua a Santa Igreja a ler os Livros Sapienciais começados no domingo passado e abre hoje pela celebrada sentença do sábio: “Vaidade das vaidades e tudo é vaidade”. Quando Salomão se deixou arrastar na onda subversiva do amor às coisas da Terra, pensou e chegou a convencer-se de que eram realmente grandes e admiráveis. E nesta convicção, não se poupou a trabalhos e cuidados para amontoar ouro e construir palácios e se proporcionar os mais requintados prazeres. Mas quando voltou a si mesmo e pôde contemplar, à luz da sabedoria divina, o abismo tenebroso e o nada que era aquilo tudo, arrancou esse grito sublime e verdadeiramente digno do Céu: “Vaidade das vaidades e tudo é vaidade”. E se não podemos exigir de Salomão uma sabedoria perfeita, visto que viveu na lei antiga que não vedava de todo estas coisas, que diremos de nós que somos chamados a uma vida mais alta, senão que devemos imitar as virtudes celestes que são só espírito e inteligência?

Toda a Missa de hoje anda precisamente à volta deste ponto e procura excitar em nós a fé em Jesus Cristo, o único que nos poderá arrancar desta miséria. Já no Antigo Testamento, diz S. Paulo, era a fé em Jesus Cristo que salvava. Existia a lei, é verdade, mas era por si impotente para resgatar e Abraão salvou-se pela fé. O Evangelho diz-nos o mesmo. Curou o Senhor dez leprosos e só um voltou a render-Lhe graças; os nove, diz S. Agostinho, talvez tenham julgado rebaixar-se se dessem graças. E porque as não deram foram rejeitados. O outro que voltou foi acolhido na Igreja de Deus. Assim aos judeus por seu orgulho perderam também o reino que os profetas lhes anunciaram e o Filho de Deus veio abrir. Pelo contrário, nós todos, descendentes dos gentios, dissemos a Jesus que ponhamos n’Ele toda a nossa esperança e que Ele nos salvaria e alentaria com o maná do Seu corpo Santíssimo até chegarmos à pátria que antevemos para além do deserto desta vida terrena.   

Do Evangelho: Queriam os judeus impor a lei mosaica a todos os cristãos como princípio necessário e indispensável à salvação. S. Paulo demonstra na Epístola com argumentos decisivos que só a fé em Jesus Cristo nos pode salvar e de nenhum modo a lei do Sinai, e recorda as promessas concernentes a Abraão e à sua descendência, quer dizer, a Cristo e a todos os que fossem membros de Cristo pela Fé, pela Esperança e pela Caridade.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

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