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Sede-vacantistas

Para os que nunca ouviram esta expressão eu explico: são aqueles que afirmam que o papa não é papa. Não tem papa. A sede está vacante, ou seja, vazia. Esta tese baseia-se no fato de que a teologia católica não exclui a possibilidade de um papa perder o papado por pecado formal de heresia. Porém, isto que é uma possibilidade teológica, não pode ser afirmado categoricamente por ninguém neste mundo, pois também é doutrina católica que o papa só pode ser julgado pela Igreja, o que exige um outro papa legitimamente eleito, devidamente escolhido pelo Divino Espírito Santo.

Aqui aparece o erro contrário, afirmado pelos legalistas: se o papa só pode ser julgado por outro futuro papa, porque vocês julgam o que o papa afirma e ensina? Ora, o que nós fazemos não é julgar o papa, mas sim as afirmações e ensinamentos dele. O que ele diz é certo ou errado? Julgar o papa seria afirmar que determinada ação ou ensinamento mostra que ele perdeu a fé, tornou-se um herege formal. Mas dizer que o ecumenismo ou a liberdade religiosa, ou qualquer outro erro ensinado pelos papas depois de Vaticano II é heresia, não significa dizer que a alma do papa esteja formalmente em pecado de heresia. Só Deus sabe. Daí a necessidade de se abster de afirmar que o papa não é mais papa ou nunca o foi. Alguém pode desconfiar disso, por causa dos escândalos contrários à fé, mas não se tem meios de saber, na fase atual do combate.
 
Quando Lutero quis casar com a freira, inventou uma nova religião sem sacerdócio, e disse que a religião católica romana era obra de satanás. Saiu e bateu a porta. Declarou sua heresia publicamente. Mas os papas de Vaticano II continuam usando a autoridade dos papas, afirmando ser o Vigário de Cristo, sendo reconhecidos como bispos de Roma. Daí a dificuldade de se saber se aderem formalmente aos erros de Vaticano II ou se são fantoches nas mãos dos inimigos de Cristo, cegos, imprudentes, desobedientes, mas ainda católicos.
 
Os sede-vacantistas são a gente mais orgulhosa que eu conheço, pois são movidos pela cegueira espiritual. Herdeiros daquele primeiro orgulho que elevou o espírito de Eva a ouvir uma palavrinha mágica, e querer mudar o mundo! Sereis como deuses! Quiseram ser mais do que eram na realidade e sairam empurrando a tudo e a todos que estavam na frente, ou seja, precipitaram simplesmente toda a humanidade no pecado! Pois os sede-vacantistas são assim. Cegos para a realidade, empurram todos que se encontram à frente e saem por aí, aos bandos, dizendo que só eles são verdadeiros católicos, só eles encontraram a solução da crise da Igreja.
 
Querem ver alguns exemplos do que são capazes? Nos Estados Unidos, nos anos oitenta, um grupo de nove seminaristas da Fraternidade S. Pio X, no dia seguinte da ordenação sacerdotal, traíram a Mons. Lefebvre, deixando a Fraternidade. Eram sede-vacantistas escondidos que só esperaram a ordenação sacerdotal para tirar a máscara. Pensam que formaram um clero sólido e coerente? Ao contrário. Como toda obra fundada na opinião e movida pelo amor-próprio, foram brigando uns com os outros, em puro espírito sectário, dividindo-se em pequenos grupos. No meio do turbilhão, o demônio suscitou um bispo vietnamita, que saiu pelo mundo sagrando bispos, inclusive nas seitas com falsos papas, como Palmar de Tróia. A falta de vergonha na cara é tamanha que alguns destes bispos, hoje, alegam o estado de necessidade para chamar leigos casados para serem ordenados e sagrados.
 
Dirão as más línguas: Mons. Lefebvre e a Fraternidade S. Pio X também se fundamentam neste estado de necessidade. É verdade, e por uma razão simples. Ele existe, pois não temos acesso à autoridade para a recepção dos sacramentos isentos dos erros de Vaticano II. Mas a diferença entre a nossa posição e a dos sede-vacantistas é enorme. Mons. Lefebvre sempre agiu dentro da norma católica, baseado na doutrina e na lei canônica.  O estado de necessidade, para a Fraternidade, é razão para ela agir de modo forte, mas segundo o Direito: ordenação de jovens em plena condição de serem ordenados, segundo o Direito canônico. A própria sagração dos bispos, em 1988, para quatro padres já experimentados na doutrina e sabedoria, e após esgotar todos os meios para obter de Roma as autorizações necessárias. Do lado dos sede-vacantistas, vendo que conseguem mais adeptos entre leigos imprudentes e exagerados, não hesitam em subverter as bases do direito para alcançar seus objetivos. Querem agora formar um clero de velhos avôs de báculo e mitra. É patético.
 
Pois é a essa gente que alguns dos nossos resolveram se ligar. Jovens guiados por velhos inescrupulosos, cegos e imprudentes. Jovens que agem hoje como aqueles seminaristas traidores, que ferem compromissos assumidos diante do padre, que tentam aliciar pessoas à sua volta, arrogantes e orgulhosos. Que fique aqui a denúncia: se nossos leitores, fiéis, amigos, receberem propostas de listas de e-mails, blogs, orkut etc para discutir a matéria, não aceitem. Eles não querem discutir, mas tão somente manipular as consciências com textos antigos dos papas que, lidos de modo isolado, parecem lhes dar razão. Fogem da linha segura e constante que Mons. Lefebvre sempre seguiu, na profunda catolicidade do seu combate pela fé. Rezemos por esse pobres rapazes.
 
Não abaixem a guarda, não deixemos de denunciar com todo o rigor, os erros perversos deste diabólico concílio que tantos males trouxe à Igreja; mas tenhamos prudência e humildade, para que a luz da fé não seja a nossa própria luz, mas a daquele Verbo que veio a esse mundo e habitou entre nós.

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