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Artigo 2: Aspectos particulares da realeza de Maria

Essa doutrina da realeza universal da Mãe de Deus concretiza-se mais se considerarmos seus diversos aspectos expressos nas litanias lauretanas: “Rainha dos anjos, dos patriarcas, dos profetas, dos Apóstolos, dos mártires, dos confessores, das virgens, de todos os santos, Rainha da Paz”.

 

Rainha dos anjos

Maria é rainha dos anjos porque a sua missão é superior a deles; ela é Mãe de Deus, de quem os anjos são apenas servidores. Ela encontra-se tanto mais elevada sobre eles quanto o é a diferença que existe entre o nome de mãe e o de servidor. Somente ela, com Deus Pai, pode dizer a Jesus Cristo: “Tu és meu Filho, eu te gerei”.

Ela é, então, superior aos anjos por sua plenitude de graça e de glória, que supera a de todos os anjos reunidos. Maria supera-os por sua pureza, pois a recebeu não só para si mesma, mas para comunicá-la aos outros. Foi a mais perfeita e pronta na obediência aos mandamentos de Deus e em seguir os Seus conselhos. Cooperando na redenção da humanidade, em união com Nosso Senhor, mereceu por um mérito de conveniência até para os próprios anjos as graças acidentais pelas quais eles nos ajudam no caminho da salvação, e a alegria que eles experimentam por tomar parte nela. Isso é certo, se recordamos que Maria mereceu de congruo tudo o que Jesus Cristo mereceu de condigno.

Como disse Justino de Miechow 1, se os anjos têm servido a Nosso Senhor, quanto mais o fez a Virgem Maria, que O concebeu, deu-O à luz, alimentou-O em seus braços, levou-O para o Egito para preservá-Lo da ira de Herodes.

Ademais, os anjos não têm outra função que a guarda de um homem ou de uma comunidade, enquanto que Maria é a guardiã celestial de todo o gênero humano e de cada um de nós em particular.

Se os anjos são mensageiros de Deus, esse privilégio pertence a Maria de uma maneira muito superior, pois ela nos trouxe não só uma palavra criada, expressão do pensamento divino, mas a Palavra incriada, que é o Verbo feito carne.

Os arcanjos são destinados a guardar esta ou aquela cidade, mas a Santíssima Virgem protege todas as cidades e todas as igrejas que nelas se encontram. Muitíssimas cidades colocaram-se sob sua proteção.

Os principados estão à frente das províncias, mas a Virgem Maria toma sob sua proteção a Igreja inteira.

As potestades afugentam os demônios; Maria esmaga a cabeça da serpente infernal; ela é terrível para os demônios pela imensidão de sua humildade e pelo ardor de sua caridade.

As virtudes operam milagres, como instrumentos do Altíssimo, mas o maior milagre foi conceber o Verbo de Deus encarnado para a nossa salvação.

As dominações comandam os anjos inferiores; Maria comanda todos os coros dos anjos.

Os tronos são espíritos nos quais Deus habita de uma maneira mais íntima; Maria, que deu o nascimento a Nosso Senhor, é a sede da Sabedoria e a Santíssima Trindade habita nela de modo muitíssimo mais íntimo que nos anjos mais elevados, quer dizer, segundo o grau de graça consumado que ela recebeu.

Os querubins brilham pelo esplendor da sua ciência; mas a Santíssima Virgem penetrou mais profundamente nos mistérios divinos e possui a luz da glória e a visão beatífica num grau muito superior ao mais perfeito dos querubins. Ademais, trouxe em seu seio “Aquele em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência de Deus”. Ela conversou familiarmente com Ele por mais de trinta anos aqui na Terra, e no Céu está mais perto Dele que ninguém.

Os serafins ardem em fogo de santo amor; mas a viva chama da caridade é muito mais ardente no coração de Maria. Ela ama a Deus mais que todas as criaturas juntas, pois o ama não só como seu Criador e Pai, mas também como seu menino, como seu Filho querido e legitimamente adorado.

Ela é, portanto, verdadeiramente Rainha dos anjos; eles a servem com fidelidade, rodeiam-na de veneração, admiram sua terna solicitude em guardar cada um de nós, em velar sobre as nações e sobre a Igreja inteira; os serafins admiram a intensidade do seu amor, seu zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas. Assim fala Justino de Miechow, cujo tratado acabamos de resumir.

 

Rainha dos patriarcas

Depois de tudo o que foi exposto, não se poderia evidentemente duvidar da superioridade de Maria sobre Adão inocente. Ela recebeu a graça num grau muito mais elevado e possuiu mesmo os principais efeitos da justiça original: a perfeita subordinação da sensibilidade às faculdades superiores ― inteligência e vontade ― como a subordinação constante destas a Deus, a quem amava sobre todas as coisas. A caridade de Maria, desde o primeiro instante de sua concepção, superou em muito a de Adão inocente; ela havia recebido, ademais, ainda que numa carne passível e mortal, o privilégio de evitar todo pecado, mesmo o mais leve.

Sua intimidade com Deus superou em muito também a que tiveram Abel, Noé, Abraão, Isaac, Jacó e José. O ato mais heróico de Abraão foi aquele pelo qual já se preparava para imolar seu filho Isaac, que era o filho da promessa. Com um mérito infinitamente maior, Maria ofereceu seu Filho que lhe era incomparavelmente mais caro que a sua própria vida, e não desceu um anjo do Céu para impedir, como no caso de Isaac, a imolação sangrenta de Nosso Senhor na Cruz.

Maria brilha entre os patriarcas como um astro sem igual, por seu título de Mãe de Deus, pela elevação da sua caridade e pela heroicidade de todas as suas virtudes.

 

Rainha dos profetas

A profecia, em sentido próprio, é o dom de conhecer com certeza e de prever o futuro pela inspiração divina. Esse dom foi conferido a Abraão, a Moisés, a Davi, a Elias, a Eliseu, aos profetas maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, e aos doze profetas menores. No Novo Testamento, São João e São Paulo foram ambos profetas e Apóstolos. Esse dom de predizer o futuro não foi próprio e exclusivo de homens: a Escritura o reconhece em Maria (irmã de Moisés), Débora, Ana (mãe de Samuel) e Isabel (mãe de São João Batista).

Maria é a rainha dos profetas, pois não só previu o futuro, quando cantou o Magnificat: “Todas as nações me chamarão bem-aventurada”, mas também os profetas que anunciaram o mistério da Encarnação falaram dela: Aquele que os profetas têm anunciado, ela teve a honra de concebê-Lo, carregá-Lo em seu seio, alimentá-Lo, abraçá-Lo contra seu coração, de habitar muito tempo com Ele, de entender Suas palavras sobre o mistério do Reino de Deus, palavras cujo sentido penetrou mais profundamente que os discípulos de Emaús e que os próprios Apóstolos.

Ela teve o dom da profecia no grau mais elevado depois de Jesus, e ao mesmo tempo a inteligência perfeita da plenitude da revelação que Nosso Senhor veio trazer ao mundo.

 

Rainha dos Apóstolos

Trata-se dos doze Apóstolos escolhidos pelo Salvador para pregar o Evangelho e fundar a Igreja nascente. Como a Virgem Maria é chamada de sua rainha?

A dignidade de Mãe de Deus, sendo por seu fim de ordem hipostática, ultrapassa a dos Apóstolos. O apostolado é um ministério 2. Ora, segundo a observação de Santo Alberto Magno, a Santíssima Virgem não é somente ministra de Deus, mas, em sua qualidade de Mãe do Salvador, Lhe é mais intimamente associada 3.

Ademais, depois da Ascensão, os Apóstolos tinham ainda necessidade de orientações, de conselhos, de ajuda, e ninguém melhor que Maria poderia prodigalizar-lhes. Ela os consolou na tristeza imensa que provaram após a partida de Nosso Senhor para o Céu, quando se sentiram sozinhos e impotentes para trabalhar na evangelização do mundo pagão, em meio a dificuldades insuperáveis, com a perspectiva das perseguições anunciadas. Jesus deixou-lhes Sua Mãe para fortalecê-los. Ela foi para eles, como se disse, um segundo Paráclito, um Paráclito visível, uma medianeira garantida; foi sua estrela no meio da tempestade. Cumpriu os deveres de uma Mãe em relação a eles. Nenhum deles saía de sua presença sem ter sido iluminado, consolado e sem se sentir melhor e mais forte.

Por seu exemplo em suportar as calúnias, por sua experiência das coisas divinas, ela os amparou contra as injúrias, os escárnios, as perseguições e, por suas preces, alcançou-lhes a graça da perseverança até o martírio.

Não há pessoa mais misericordiosa que ela, mais valente nas provações, mais humilde, mais piedosa, mais caridosa.

Enfim, ninguém melhor que ela poderia falar-lhes da concepção virginal de Cristo, de seu nascimento, de sua infância, da vida oculta em Nazaré e do que tinha sofrido a Santa Alma do Salvador na Cruz. Isso é o que leva Santo Ambrósio 4 a dizer: “Não é extraordinário que São João tenha nos falado sobre o mistério da Encarnação melhor que os outros; ele se encontrava diante da própria fonte dos segredos celestiais” 5. Ele relata no quarto evangelho a intimidade da Mãe de Deus, em cuja intimidade viveu.

 

Rainha dos mártires

Esse título foi dado à Virgem Maria por Santo Efrém, São Jerônimo, Santo Ildefonso, Santo Anselmo e São Bernardo. Trata-se do martírio do coração ou de desejo, anunciado pelo velho Simeão: “Uma espada de dor transpassará a tua alma6.

Sua dor foi proporcionada a seu amor por seu Filho, quando O chamavam de sedutor do povo, violador da lei, possuído pelo demônio e quando preferiram Barrabás a Ele; quando O viu pregado na Cruz, torturado pela coroa de espinhos, pela sede e por todas as angústias de Sua Alma de sacerdote e de vítima.

Todos os golpes que seu Filho flagelado e crucificado recebia, Maria os recebia em si mesma, pois ela e Cristo formavam um só, pela profundidade de seu amor por Ele. Como disse Bossuet: “uma só cruz bastava assim para que ambos fossem mártires”. Ambos ofereciam um só e o mesmo sacrifício, e como ela amava seu Filho mais que a si mesma, sofria mais que se tivesse sido torturada ela mesma pelos verdugos.

Suportou esse martírio para confessar a fé no mistério da Encarnação redentora, e nela, nesse momento, a fé da Igreja permaneceu firme, viva, ardente e intensa, mais que em todos os mártires.

Deve-se acrescentar que a causa de todos os sofrimentos de Maria foi a mesma da Paixão de seu Filho: a acumulação dos crimes da humanidade e a ingratidão dos homens que tornariam esses sofrimentos parcialmente inúteis.

Não se deve esquecer tampouco que a Virgem Maria sofreu após a concepção do Salvador, mais ainda após a profecia do velho Simeão, e depois de uma maneira muito mais acerba durante a vida pública de Jesus, vendo a crescente oposição dos fariseus, que deveria chegar ao paroxismo durante a Paixão e ao pé da Cruz.

Embora tenha ficado repleta de uma imensa dor, seu zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas proporcionou-lhe uma santa alegria ao ver seu Filho consumar a Sua obra redentora pelo mais perfeito dos holocaustos.

Enfim, Maria ampara os mártires em seu suplício: se é chamada de Nossa Senhora da Boa Morte, é porque vela pelos moribundos que a invocam e, com mais forte razão, assiste aqueles que morrem para que confessem sua fé em Cristo Redentor.

 

Rainha dos confessores. Maria e os sacerdotes

Maria é a rainha de todos os que confessam a fé em Cristo, porque ela mesma a confessou mais fervorosamente que ninguém desde a Anunciação até a morte de Jesus, e até depois da Assunção.

Mas convém falar aqui sobretudo do papel que Maria desempenha em relação aos sacerdotes, os ministros de Cristo. O sacerdote, para representar verdadeiramente Nosso Senhor ― que ele deve tornar presente no altar e oferecer sacramentalmente na Missa ― deve unir-se cada vez mais aos sentimentos de Cristo, à oblação sempre viva ao Sagrado Coração de Jesus, “que não cessa de interceder por nós”. O sacerdote, ademais, deve distribuir, pelos diversos sacramentos, o fruto dos méritos de Cristo e o de Sua Mãe Santíssima.

Maria tem também um zelo particular pela santificação dos sacerdotes. Vê neles a participação do sacerdócio de seu Filho e vela muito especialmente por suas almas, para que façam frutificar a graça de sua ordenação, para que se tornem uma viva imagem do Salvador.

Ela os guarda contra os perigos que os cercam, reanima-os com grande bondade se chegam a vacilar. Ama-os como a filhos prediletos, assim como amou São João, que lhe foi confiado pelo próprio Cristo no Calvário. Ela atrai seus corações para elevá-los e conduzi-los cada vez mais à intimidade do Cristo, para que um dia possam dizer com toda verdade: “E vivo, já não eu; mas é Cristo que vive em mim7.

Assiste-os sobretudo no altar, para que adquiram uma consciência cada vez mais clara do que deve ser sua união ao Sacerdote principal do sacrifício da Missa. Maria está espiritualmente presente a essa oblação sacramental, que perpetua substancialmente o sacrifício da Cruz e distribui as graças atuais que os dispõem a celebrá-la com o devido recolhimento e a entrega generosa de si mesmos, pois o sacerdote não só participa no sacerdócio do Salvador, mas também em sua vida de vítima, na medida que lhe é exigida pela Providência.

Por isso, Maria forma e modela o coração dos sacerdotes à imagem do Coração de Jesus 8

Ademais, juntamente com Ele, desperta vocações sacerdotais e as cultiva, pois onde não há sacerdote, não há batismo, não há absolvição, não há Missa, não há matrimônio católico, não há extrema unção, não há sequer vida católica; é o retrocesso ao paganismo.

Assim como Cristo quis servir-se de Maria para que ela o ajudasse na obra da Redenção, quer também servir-se dos sacerdotes, e Maria forma-os na santidade. Comprova-se isso particularmente pela vida de alguns santos como São João Evangelista, Santo Efrém, São João Damasceno, São Bernardo, São Domingos ― o apóstolo do Rosário ― São Bernardino de Sena, Santo Afonso, São Luís Grignion de Montfort e muitos outros santos.

 

Rainha das virgens

Maria e almas consagradas 

Maria é a rainha das virgens porque teve a virgindade no grau mais eminente e porque a conservou na concepção e no parto do Salvador, e continuou virgem também após o parto. Por conseguinte, ela faz as almas compreenderem o valor da virgindade, que não é somente, como o pudor, uma louvável inclinação da sensibilidade, mas uma virtude, quer dizer, uma força espiritual 9. Ela lhes mostra que a virgindade consagrada a Deus é superior à simples castidade, porque promete a Deus a integridade do corpo e a pureza do coração por toda a vida, o que levou Santo Tomás a dizer que a virgindade está para a castidade assim como a munificência está para a mera liberalidade, pois é uma entrega excelente de si mesmo que manifesta uma perfeita generosidade.

Maria preserva as virgens em meio dos perigos, sustenta-as em suas lutas e as conduz, se são fiéis, a uma grande intimidade com seu Filho.

Qual o papel de Maria em relação às almas consagradas? Essas almas são chamadas pela Igreja de “esposas de Cristo”. Seu perfeito modelo é, evidentemente, a Santíssima Virgem. Pelo seu exemplo, devem ter, em união com Nosso Senhor, uma vida de oração e de reparação ou de imolação pelo mundo e pelos pecadores. Devem também consolar os aflitos, recordando o que lhes diz o Evangelho: que a consolação que proporcionam sobrenaturalmente aos membros sofredores de Cristo, é a Cristo que o proporcionam, para fazê-lo esquecer tantas ingratidões, indiferenças e até mesmo profanações.

Desnecessário dizer que essas almas devem se esforçar para levar uma vida que reproduza as virtudes de Maria e continue, em certa medida, o seu papel em relação a Nosso Senhor e aos fiéis.

Se as almas consagradas sabem e querem seguir essa direção, seguirão os passos de Maria e encontrarão nela uma compensação magnífica a todas as renúncias e privações, aceitas em conjunto, e que parecem às vezes demasiado pesadas quando se apresentam dia após dia.

A Santíssima Virgem faz também as virgens consagradas a Deus compreenderem que podem humildemente aspirar a uma maternidade espiritual, que é um reflexo da de Maria, em relação às crianças abandonadas, aos pobres, aos pecadores, que têm necessidade de encontrar a assistência de uma grande bondade sobrenatural. Jesus fez alusão a essa maternidade espiritual quando disse: “porque tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era peregrino e recolhestes-me; nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me10. 

Essa maternidade espiritual se exerce também na vida contemplativa e reparadora, pelo apostolado da oração e do sofrimento, que fecunda aquele da pregação para a conversão dos pecadores e a extensão do reino de Cristo. Essa maternidade oculta e silenciosa tem seus grandes sacrifícios, mas a Santíssima Virgem inspira como devem ser oferecidos e faz entrever sua fecundidade.

Maria, por fim, assiste as mães cristãs para que, depois de terem dado a vida a seus filhos, formem as almas destes na vida da fé, da confiança e do amor a Deus, para que retornem quando se encontrarem desorientados, como fez Santa Mônica em relação a Santo Agostinho.

Vemos, assim, qual é a realeza universal da Mãe de Deus: ela é a Rainha de todos os santos, por sua missão única no plano da Providência, pela perfeição da graça e da glória e pela sublimidade de suas virtudes.

Ela é a Rainha de todos os santos conhecidos e desconhecidos, de todos os que estão no Céu, canonizados, beatificados ou não, e de todos aqueles que se santificam na Terra, dos quais conhece a predestinação, as provações, as alegrias, a perseverança e os frutos, que serão para eles uma coroa para a eternidade 11.

  1. 1. Collationes in Litanias B. M. Virginis, sobre a invocação: Regina Angelorum, ora pro nobis.
  2. 2. 1Cor 4, 1: “Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus”. – 2 Cor 3, 6: “Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica”.
  3. 3. Mariale, q. 42: “B. Virgo Maria non est assumpta in ministerium a Domino, sed in consortium et in adjutorium, secundum illum: Faciamus ei adjutorium simile sibi”.
  4. 4. Livro da instituição das Virgens, cap. IX.
  5. 5. Essas observações são também um resumo das palavras de justino de miechow em suas Collationes in litanias B. M. V.
  6. 6. Lc 2, 35.
  7. 7. Gl 2, 20.
  8. 8. são luis grignion de montfort demonstra muito bem isso em seu Tratado sobre a verdadeira devoção à Santíssima. Virgem, c. I, a. 1, e a. 2, no início.
  9. 9. Santo Tomás observa que a virtude da castidade e da virgindade são superiores ao pudor, assim como a virtude da misericórdia é superior à piedade sensível.
  10. 10. Mt 25, 35-36.
  11. 11. O pe. duperray, diretor espiritual do Seminário menor de São Gildas (Charlieu, Loire) escreveu uma excelente comunicação para o XI Congresso Nacional de Recrutamento Sacerdotal, que ocorreu em Lourdes, de 01 a 04 de agosto de 1935 (Imprensa da Gruta, Lourdes): La dévotion a Marie et la culture des vocations.

    Diz ele à página 5: “O sacerdote e o futuro sacerdote de Deus são mais que simples cristãos, são os continuadores de Cristo, outros ‘São João’ chamados a amar a Virgem Maria com um grande carinho e seguros de ser amados pela Santíssima Virgem como discípulos prediletos. Nossos seminaristas têm, portanto, em primeiro lugar, as graças da escolha para amar a Santíssima Virgem, para que Maria encontre em seus corações os mesmos sentimentos de Jesus; por outro lado, nossos seminaristas podem ter certeza de uma predileção especial da Virgem que quer formar neles outros Cristos”. O autor desse excelente opúsculo demonstra qual é a influência de Maria na crise de crescimento do seminarista. Cita as reflexões de um seminarista do terceiro ano, aluno de 15 anos, nas quais mostra como essa crise foi vencida felizmente com o auxílio de nossa Mãe do céu. A intimidade com Maria procura a cada dia novas graças para chegar ao cume do sacerdócio. Sob a sombra protetora de seu manto se desenvolve o zelo apostólico do amanhã. Observa o mesmo autor, à página 10, o benefício de um colóquio mariano, à noite, antes de dormir. Em vez de um exame de consciência – que é uma espécie de monólogo à maneira dos filósofos pagãos, um informe severo de nossas faltas do dia – propõe uma revisão encantadora, na companhia de nossa Mãe do céu, de tudo o que foi feito de forma errada e, sobretudo, do que foi bem executado durante o dia, isto é, um verdadeiro colóquio espiritual”. Outra observação não menos justa, à página 12: “Quando um dos meus orientados, sentindo em seu coração a necessidade do carinho e das ternuras femininas, hesita entre a vocação para o sacerdócio e a vocação para o matrimônio, procuro fazê-lo descobrir a resposta às necessidades de seu coração numa verdadeira devoção mariana. Tenho a convicção de ter conseguido, por esse meio, algumas vocações”. À página 14: “Aqui, como em outros lugares, não se elimina bem o que não é substituído; o remédio negativo é insuficiente. O verdadeiro problema está na devida ordenação das tendências do coração (amores sobrenaturais, familiares, boas amizades...)”.

    “Não vês nisso também o auxílio precioso do ideal mariano para dar ao nosso seminário esse selo de discrição tão requintado, quando se chega a encontrá-lo?”

    “A verdadeira pureza, diz o Pe. de Foucauld, não consiste nesse estado neutro em que não se pertence a ninguém, mas nesse estado em que alguém adere totalmente a Deus”.

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