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Santo Tomás de Aquino (3981)

34. Segunda-feira depois do I domingo da Paixão: A Paixão de Cristo é remédio contra todos os pecados.

segunda-feira da I semana da Paixão
 
A todos os males que contraímos pelo pecado, encontramos remédio na Paixão de Cristo. Contraímos pelo pecado cinco males:

33. Primeiro domingo da Paixão: A Paixão de Cristo

Primeiro domingo da Paixão
   
«E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do homem, a fim de que todo o que crê nele tenha a vida eterna.» (Jo 3, 14-15)
  
Aqui há três coisas que devemos considerar:

28. Terça-feira depois do IV domingo da Quaresma: O exemplo de Cristo crucificado.

terça-feira depois do IV domingo da Quaresma
   
Nosso Senhor assumiu a natureza humana para reparar a queda do homem. Por isso, foi necessário que Cristo padecesse e vivesse conforme a natureza humana, como remédio à queda do pecado.
 
Ora, o pecado do homem consistiu em ter o homem se apegado aos bens corporais e se desinteressado dos espirituais. Convinha, pois, ao Filho de Deus, por tudo que fez e sofreu na natureza humana que assumira, mostrar-se de modo tal, que fizesse os homens terem por nada os bens e os reveses do século, abandonarem o apego desordenado e se devotarem aos bens espirituais.

29. Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma: O amigo divino.

Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma
   
«Mandaram, pois, suas irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas» (Jo 11, 3 )
  
Aqui há três coisas que se deve considerar:

30. Quinta-feira depois do IV domingo da Quaresma: A morte de Lázaro.

Quinta-feira da IV semana da Quaresma
   
«Nosso amigo Lázaro dorme» (Jo 11, 11)
 
I. Chamamos alguém de "Nosso amigo", por causa dos numerosos benefícios e serviços que nos prestou; é por isso que não devemos faltar-lhe na necessidade.

31. Sexta-feiro depois do IV domingo da Quaresma: O Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor.

Sexta-feira da IV semana da Quaresma
   
  
I. — Pelo sangue de Cristo, foi selado o Novo Testamento. "Este cálice é o novo testamento no meu sangue" (1 Cor 11, 25).
 
Testamento compreende-se de dois modos:

32. Sábado depois do IV domingo da Quaresma: O modo mais conveniente para a liberação do gênero humano

Sábado depois do IV domingo da Quaresma
   
  
Tanto um meio é mais conveniente para conseguir um fim, quanto mais ele faz concorrerem elementos conducentes ao fim. Ora, o ser o homem liberado pela paixão de Cristo foi causa de concorrerem muitos elementos conducentes à salvação do mesmo, além da liberação do pecado.

Art. 4 — Se o anjo pode imutar os sentidos humanos.

(II Sent., dist. VIII, art., 5; De Malo, q. 3. art. 4; q. 16, art. II).
 
O quarto discute-se assim. — Parece que o anjo não pode imutar os sentidos humanos.
 
1. — Pois, a operação sensitiva é vital. Ora, esta operação vital não resulta de princípio extrínseco. Logo, a operação sensitiva não pode ser causada pelo anjo.
 
2. Demais. — A virtude sensitiva é mais nobre que a nutritiva. Ora, o anjo, como se sabe, não pode imutar a virtude nutritiva, nem as outras formas naturais. Logo, também não pode imutar a virtude sensitiva.
 
3. Demais. — O sentido é naturalmente movido pelo sensível. Ora, o anjo não pode imutar a ordem da natureza, como antes se disse. Logo, não pode imutar os sentidos, mas sempre estes são movidos pelo sensível.
 
Mas, em contrário, os anjos que subverteram Sodoma, - feriram os Sodomitas de cegueira de sorte que não podiam encontrar a porta, como diz a Escritura (Gn 19, 11). E o mesmo nesta se lê, a respeito dos Sírios (4 Rg 6), que Eliseu levou para a Samaria.
 
Solução. — De dois modos podem os sentidos ser imutados. Pelo exterior, como quando é imutado pelo sensível; e pelo interior. Assim, vemos que perturbados os espíritos e os humores os sentidos são imutados; daí vem que a língua do enfermo, cheia de humor colérico, sente tudo amargo, o mesmo se dando com os demais sentidos. Ora, de ambos os supraditos modos, o anjo pode imutar, por virtude natural, os sentidos dos homens. Assim, pode opor exteriormente ao sentido um sensível, formado pela natureza, ou formando-o de novo, como faz, quando assume um corpo, conforme se disse antes (q. 51, a. 2). Semelhantemente, também pode mover interiormente os espíritos e os humores, segundo já disse (a. 3), pelos quais os sentidos sejam diversamente imutados.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — O princípio da operação sensitiva não pode existir sem o princípio interior, que é a potência sensitiva. Mas, esse princípio interior pode ser multiplicemente movido pelo exterior, como já se disse.
 
Resposta à segunda. — Pela moção interior dos espíritos e dos humores, o anjo pode operar algo para imutar o ato da potência nutritiva; e semelhantemente, da potência apetitiva e da sensitiva, e de qualquer potência que se sirva de órgão corpóreo.
 
Resposta à terceira. — O anjo nada pode fazer contra a ordem de todas as criaturas; mas o pode contra a ordem de uma natureza particular, porque não esta sujeito a tal ordem. E assim, de modo singular pode imutar os sentidos, fora do modo comum.

Art. 3 — Se o anjo pode imutar a imaginação do homem.

(II Sent., dist. VIII, a. 5; De Malo, q. 3, a. 4; q. 16, a. II).
 
O terceiro discute-se assim. — Parece que o anjo não pode imutar a imaginação do homem.
 
1. — Pois, como diz Aristóteles, a fantasia é um movimento provocado pelo sentido em ato. Ora, se fosse proveniente de imutação angélica não procederia do sentido em ato. Logo, é contra a natureza da fantasia, ato da virtude imaginária ser causada por imutação angélica.
 
2. Demais. — As formas da imaginação, sendo espirituais, são mais nobres que as da matéria sensível (q. 110, a. 2). Ora, o anjo não pode imprimir formas na matéria sensível, como já se disse. Logo, não pode imprimi-las na imaginação e, portanto não pode imutá-la.
 
3. Demais. — Como diz Agostinho, um espírito pode, influindo sobre outro, por meio de tais imagens, comunicar o que sabe a este último, quer, este mesmo intelija, quer pelo primeiro, sejam manifestadas as coisas inteligidas. Ora, o anjo não pode influir na imaginação humana; nem esta pode apreender os inteligíveis que o anjo conhece. Logo, não pode imutar a imaginação.
 
4. Demais. — Na visão imaginária, o homem adere às semelhanças das coisas, como se fossem as próprias coisas. Mas nisso vai um engano. Ora, como o anjo bom não pode ser causa de engano, conclui-se que não pode causar a visão imaginária, imutando a imaginação.
 
Mas, em contrário, as coisas vêm-se nos sonhos, por visão imaginária. Ora, os anjos revelam certas coisas nos sonhos, como se lê, no Evangelho (Mt 1; 2), do anjo que apareceu desse modo a José. Logo, o anjo pode mover a imaginação.
 
Solução. — Tanto o anjo bom como o mau, pode, em virtude da sua natureza, mover a imaginação do homem. O que se pode explicar do seguinte modo. Como já se disse (q. 110, a. 3), a natureza corpórea obedece ao anjo, quanto ao movimento local. Assim, tudo quanto pode ser causado pelo movimento local de certos corpos cai sob o alcance da virtude natural dos anjos. Ora, é manifesto que as aparições imaginárias são às vezes causadas em nós pela mutação local dos espíritos corpóreos e dos humores. Por onde, Aristóteles, assinalando a causa da aparição dos sonhos, diz que, quando o animal dorme descendo muito sangue para o princípio sensitivo, descem simultaneamente os movimentos, i. é, as impressões deixadas pelos movimentos dos sensíveis, conservadas nos espíritos sensuais — e movem o princípio sensitivo; de modo que resulta uma aparição, como se então o princípio sensitivo fosse movido pelas próprias coisas exteriores. E pode ser tão grande a comoção dos espíritos e dos humores, que tais aparições se dêm mesmo nos acordados, como bem se vê nos loucos e semelhantes. Ora, como isso se dá por movimento natural dos humores e às vezes mesmo por vontade do homem, que imagina voluntariamente o que antes sentira; assim também pode dar-se por virtude do anjo bom ou mau, ora com privação dos sentidos corpóreos, ora, sem tal privação.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — O princípio da fantasia vem do sentido em ato. Pois, não podemos imaginar o que de nenhum modo sentimos, total ou parcialmente; assim, um cego nato não pode imaginar a cor. Mas, às vezes a imaginação é informada, como já se disse, pelas impressões conservadas interiormente, de modo que surja o ato do movimento fantástico.
 
Resposta à segunda. — O anjo transmuta a imaginação, não por certo imprimindo alguma forma imaginária, que antes não tivesse sido de nenhum modo apreendida pelo sentido; assim, não pode fazer com que o cego imagine as cores; mas ele opera a sobredita transmutação por meio do movimento local dos espíritos e dos humores.
 
Resposta à terceira. — A referida influência do espírito angélico sobre a imaginação humana não é pela essência, mas pelo efeito que, do modo predito, causa na imaginação, à qual ele manifesta o que conhece, não porém do modo pelo qual conhece.
 
Resposta à quarta. — O anjo, causando uma visão imaginária, ora, ilumina simultaneamente o intelecto, para que este conheça o que tais semelhanças significam e, então, não há engano nenhum. Outras vezes, porém, pela operação do anjo, aparecem na imaginação só as semelhanças das coisas; mas então o engano não por defeito do intelecto, ao qual tais coisas aparecem. Assim, Cristo não foi causa de engano, propondo às turbas, em parábolas, muitas coisas que lhes não explicou.

Art. 2 — Se os anjos podem imutar a vontade do homem.

(Supra, q. 106, a. 2; 1ª II ªº, q. 80, a. 1; II Sent., dist. VIII, a. 5; III Cont. Gent., cap. LXXXVIII, XCII; De Verit., q. 22, a. 9; De Malo, q. 3, a. 3, 4; In Ioann, cap. XIII, lect I).
 
O segundo discute-se assim. — Parece que os anjos podem imutar a vontade do homem.
 
1. — Pois, a propósito do passo da Escritura (Heb 1, 7) — Que faz aos seus anjos espíritos, e aos seus ministros chama de fogo — diz a Glossa, que são fogo por serem férvidos, de espírito, e queimarem os nossos vícios. Ora, tal não seriam sem imutarem a vontade. Logo, os anjos podem imutá-la.
 
2. Demais. — Beda diz, que o diabo não é o causador dos maus pensamentos, mas, o incensor. Damasceno porém diz mais, que também é o causador; pois, escreve: toda malícia e as paixões imundas são excogitadas, por influência dos demônios, pois, lhes é concedido causarem-nas nos homens. E por igual razão, os anjos bons causam e incitam os bons pensamentos. Ora, isso não poderiam fazê-lo se não imutassem a vontade. Logo, imutam-na.
 
3. Demais. — Como já se disse (a. 1), o anjo ilumina o intelecto do homem mediante os fantasmas. Ora, como a fantasia, que serve ao intelecto, pode ser imutada pelo anjo, assim também o apetite sensitivo, que serve à vontade, pois, este é também uma virtude que usa de órgão corpóreo. Logo, assim como ilumina o intelecto também pode iluminar a vontade.
 
Mas, em contrário, imutar a vontade é próprio de Deus, conforme a Escritura (Pr 21, 1): O coração do rei está na mão do Senhor, ele o inclinará para qualquer parte que quiser.
 
Solução. — A vontade pode ser imutada de dois modos. — Interiormente; e então, como o seu movimento não é senão a inclinação para a coisa querida, só Deus, que dá à natureza intelectual a virtude para tal inclinação, pode imutá-la. Pois, assim como a inclinação natural procede de quem dá a natureza, assim a inclinação da vontade só pode proceder de Deus, que causa a vontade. — De outro modo, a vontade é movida pelo exterior. E isto, no anjo, se dá de uma só maneira, a saber, pelo bem apreendido pelo intelecto. Por onde, a causa de ser alguma coisa apreendida como bem desejado, move a vontade. De modo que só Deus pode mover eficazmente a vontade; o anjo, porém, e o homem podem movê-la, persuadindo-a, como antes se disse (q. 106, a. 2). — Mas além deste modo, também a vontade do homem é movida pelo exterior, e isso pela paixão referente ao apetite sensitivo; assim, pela concupiscência ou pela ira a vontade é inclinada a querer um certo objeto. E então, também os anjos, na medida em que podem provocar essas paixões, podem movê-la; não porém necessariamente, porque a vontade sempre fica livre de consentir na paixão ou lhe resistir.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — Diz-se que os ministros de Deus, homens ou anjos, queimam os vícios e inflamam as virtudes, persuadindo.
 
Resposta à segunda. — Os demônios não podem originar os pensamentos, causando-os interiormente porque a virtude cogitativa está sujeita à vontade. Diz-se porém, que o diabo é incensor dos pensamentos, na medida em que incita a pensar ou a desejar o que foi pensado, persuadindo ou concitando a paixão. E esse mesmo incender Damasceno chama causar, porque tal operação é interior. Ao passo que os bons pensamentos são atribuídos a Deus, princípio mais alto, embora sejam provocados pelo ministério dos anjos.
 
Resposta à terceira. — O intelecto humano, no estado presente, não pode inteligir, a não ser voltando-se para os fantasmas. Mas a vontade humana pode querer alguma coisa, pelo juízo da razão, sem seguir a paixão do apetite sensitivo. E por isso o símile não é o mesmo.

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