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Category: Simpósio Teológico de ParisConteúdo sindicalizado

Promovido pelo Instituto Universitário São Pio X - Paris, de 4 a 6 de Outubro de 2002

6ª Comissão

6ª Comissão - A História do Concílio

- Os iluministas alemães dos séc. XVII e XVIII já pregavam uma religião como a nova religião de Vaticano II - questões como o padre virado versus populum, ou seja, com o altar para o povo - a língua vernácula - a supressão do ofertório -

- As idéias básicas do Sillon, condenadas por S. Pio X, presentes em Vaticano II - pragmatismo, religião do social, centralizada no homem.

- As cartas do Cardeal Schuster, abade beneditino de S. Paulo fora dos muros (Roma), datando de 1942-1945, denunciavam um catolicismo superficial, apegado ao fausto externo, sem vida interior e de oração verdadeira. O cardeal profetizava, ainda sob o pontificado de Pio XII, que iríamos nos arrepender e teríamos de "catar os pedaços" da igreja num futuro próximo.

- João XXIII, sua personalidade liberal que orientou o concílio

- Pe. Iscara - Superior do México - A influência dos bispos americanos na questão da Liberdade Religiosa - eles passaram a tese do jesuíta Murray - pragmatismo americano, liberdades para tudo etc.

- Dom Lourenço Fleichman - A reação de Dom Antônio de Castro Mayer à Constituição sobre a Santa Liturgia - Dom Antônio escreve uma carta pastoral, de Roma, 4 dias após a promulgação deste primeiro texto do Concílio. Ele chama a atenção sobre pontos perigosos e depois deixa de lado o texto para fazer uma longa análise do que é a Liturgia católica, baseando-se na Encíclica Mediator Dei, de Pio XII.

- Como o Concílio forçou vários países, como a Espanha, a Argentina, a Colômbia, a mudar a constituição nacional para adaptá-la à Liberdade Religiosa - o fim dos Estados católicos realizado pelo próprio Vaticano

- Como o Concílio conseguiu destruir as vocações dos Servos de Maria Imaculada, no Quebec, Canadá.

- A história da resistência ao comunismo e o concílio.

5ª Comissão

5ª Comissão - As fontes da Fé

- Conseqüências do abandono do latim na transmissão da fé

- Discurso de abertura do Concílio - linguagem dúbia de João XXIII - cinco vezes faz indução de sentido : nos termos "curso da história" (progresso), "novidade", "unidade" (do gênero humano), "caminho" (de luz)- busca a agradar -

- Prof. Pasqualucci  sobre a afirmação de João XXIII, no discurso de abertura, de que a doutrina deve ser hoje estudada e exposta através de métodos de pesquisa e de apresentação usados pelo pensamento moderno - este pensamento moderno é anti-católico : recusa a substância como fundamento do ser; não admite uma existência objetiva das coisas mas ensina que elas são criadas pela nossa consciência - rejeita o princípio de causalidade - rejeita a moral e a providência.

- A questão da evolução homogênea do dogma (tese do Pe. Marin Solas (1924)
3 modos de progresso do dogma: 
* distinção nominal (homem ou animal racional) - não é propriamente um progresso.
* distinção virtual implícita (a=b) - a permanece a mesma coisa - progresso dos conceitos.
* distinção real (ou virtual explícita) (a diferente de b) - não pode haver progresso do dogma porque seria heterogêneo

- A ruptura entre Dei Verbum, (o decreto do Concílio que trata da Igreja e das fontes da Fé) e os concílios anteriores, como Trento e Vaticano I - agnosticismo - noção equívoca de revelação progressiva.

- A noção de Tradição viva em Dei Verbum - vazia de definição clara - ambigüidade de linguagem - linguagem dinâmica e emocional.

4ª Comissão

4ª Comissão - Os Sacramentos

- Pe. Héry - Todas as reformas do Concílio presentes na Constituição sobre a Liturgia - uma teologia da "celebração" - a comunidade é quem celebra - celebra o homem - celebra dentro do homem não mais no Corpo de Cristo - atinge não mais a glória de Deus mas o homem - realiza-se pela participação ativa dos fiéis, imposta como conseqüência da teologia subjacente.

- Vaticano II inaugura uma fenomenologia - Karl Hanner - o Homem como centro da religião - imanentismo

- Aspecto jurídico - promulgação da nova liturgia - paralelo com o jansenismo descrito nos livros e nas cartas de Dom Guéranger (restaurador dos beneditinos na França do séc. XIX) - Contrariamente a Vaticano II, a linguagem da Igreja é caracterizada pela antiguidade, unidade e autoridade.

- Considerações sobre o direito litúrgico - a missa tradicional, pelo texto mesmo de promulgação do novo rito, não foi nem ab-rogada nem derrogada - Um costume imemorial, como é a missa de S. Pio V, só pode ser anulado por uma lei que o ab-rogue explicitamente.

- A missa nova é equívoca - demonstração - este aspecto já é suficiente para que os católicos não participem dela. Ela provoca a protestantização do sacerdócio e também dos fiéis. A mentalidade atual dos católicos modernos é protestante.

- O latim, língua sagrada - conseqüências do abandono do latim - as más traduções e as mudanças de sentido dos ritos pela mudança da forma, nas traduções.

- História da teologia do sacerdócio - comparação entre a teologia do sacerdócio na Idade Média e em Concílio Vaticano II - falsidade da teologia do sacerdócio dos fiéis

- O livro do Cardeal Ratzinger sobre a Liturgia - a noção de sacrifício não foi suprimida, mas mudada - noção de sacrifício passa a ser o amor de Cristo - o homem é o verdadeiro sacrifício - este se realiza pela consciência do homem.

3ª Comissão

3ª Comissão - Relações com as outras religiões

O relatório desta comissão tendo sido exposto de modo confuso não consegui tomar as notas como queria. Os títulos das conferências também não explicitam bem o tema.

Fontes Esotéricas do Concílio

Lições da História sobre o Ecumenismo
Ecumenismo com os orientais substitui o apoio aos uniatas católicos

Novo Diálogo

Dignitatis Humanae - abertura do debate
A Teoria da Substituição
Diálogo com os judeus
Origens da religião universal
Fontes esotéricas e Teilhard de Chardin no Concílio
Conseqüências pastorais do Concílio

2ª Comissão

2ª Comissão - A concepção da Igreja em Vaticano II

O que é a Igreja

- Falsa noção de Revelação, segundo a Nova Teologia
- Causa final da Igreja muda de concepção - O Reino passa a ser a humanidade divinizada.
- Igreja torna-se "sinal" - sacramento - quebra da verdadeira noção de visibilidade - Igreja só espiritual.
- Igreja de Cristo ainda em formação - a Igreja católica é um dos seus elementos (Nova Teologia)

- Igreja como comunhão (Congar) - a noção de "subsist in" - Card. Willebrands afirma que é fundamental para compreender Vaticano II - (essa noção de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica é falsa e heretizante porque admite que ela subsita também em outras, admite que ela deixe um dia de subsitir, admite que a Igreja de Cristo não é a Igreja católica).
- Sacerdócio comum dos fiéis - Vaticano II fala de modo contrário à Ep. de São Pedro - o sacerdócio dos padres passa a servir o sacerdócio comum dos fiéis.
- Autonomia do apostolado dos leigos já não mais uma colaboração com os padres, subordinada a estes.
- A questão das canonizações - santidade vista de modo natural, como realização humana - mudança no objeto próprio da canonização põe em dúvida a presença de um ato infalível do papa.
- O título de Maria Mãe da Igreja oculta uma novidade incompatível com a Tradição - Maria não pode ser, ao mesmo tempo, membro e mãe da Igreja - O mais correto é o título de Rainha da Igreja - Carta do Pe. Bertho, teólogo de Mgr. Lefebvre sobre o inútil esforço de manter a Virgem Maria num lugar de destaque nos textos do Concílio. Foi abolido o Decreto sobre a Virgem Maria e não foi decretado o dogma da Mediação Universal. O Espírito Santo não poderia abençoar um concílio que pediu à Mãe de Deus que deixasse o recinto.

1ª Comissão

1ª Comissão - Sobre o homem e a sociedade

Primado da Liberdade

- Prof. Paolo Pasqualucci: sobre a divinização do homem e a exaltação da consciência individual
- Sr. Maxence Hecquard: Linguagem do Concílio já presentes em Kant (consciência-Povo de Deus- o Homem)
- Prof. Jerôme Turot: Valor jurídico da teoria dos Direitos Humanos - Direitos humanos condenados por Pio VI (séc. 18) - Direitos humanos em Vaticano II - Para Sto Tomás de Aquino, direitos são fundados na virtude da justiça
- Pe. Bruno Schaeffer: Sobre o direito natural à liberdade religiosa - liberdade no sentido do concílio e no sentido natural.
- Pe. Bruno Lajoinie - A consciência segundo Vaticano II
- Pe. de Tanouarn - Nova concepção da consciência

Unidade do Gênero Humano

- Pe. Philippe Bourrat - A questão da unidade do gênero humano no Concílio e nos discursos papais sobre Assis.
- Pe. Pascal Thuillier - A unidade do gênero humano em Teilhard de Chardin - a matéria tem consciência - Ecumenismo como tendência ao ponto ômega - gnose
-Sr. Claude Rousseau - Sobre a Encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI - trabalho como realização humana
-Sr. Christophe Reveillard: Mudanças de atitudes na sociedade - a fé perde sua determinação - mundo de tolerâncias - conformismo e sentimentalismo.

A Nova Moral

- Rev. Pe. Dominique Marie O.P. - Quebra da Moral com Vaticano II - salvação coletiva baseada na primazia da consciência, Vaticano II não fala do fim último revelado - distinção entre ordem natural e ordem sobrenatural.
- Dr. François-René Laroche : Destruição da família a partir de Vaticano II - feminismo - trabalho moderno - ataques pela medicina imoral.
- Pe. Camper : Personalismo moral nas famílias (o personalismo é um modo de pensar que diviniza a pessoa, cada indivíduo, colocando-o acima da sociedade) - subjetivismo - o homem se realiza perfeitamente em sua própria pessoa - A pessoa humana passa a ser a base da sociedade e não mais a família.
- Pe. Regis de Cacqueray : a liberdade religiosa e suas conseqüências na educação - as crianças são desviadas da fé católica.
- Pe. Forestier : a nova noção de santidade em Vaticano II - ausência de mortificação - fraternidade universal - Cristo a serviço do homem - caridade independente da fé.
- Pe. de Tanouarn : Significado de Gaudium Spes - o homem torna-se seu próprio fim último - Cristo uniu-se a todos os homens - humanidade divinizada.

Introdução

Por ocasião do quadragésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, alguns católicos, entre bispos, padres e leigos, reuniram-se em simpósio no Instituto Universitário São Pio X, nos dias 4 e 5 de outubro de 2002. Eles estudaram os textos do Concílio que se definiu como pastoral e não dogmático, à luz da Tradição da Igreja. A coerência interna da doutrina conciliar foi posta em evidência. Eis a síntese que eles gostariam de apresentar.

Síntese da doutrina de Vaticano II

1- A novidade: Vaticano II elabora um novo cristianismo, na medida da "fase nova da história [do gênero humano]" (GSnº4§2), inclusive na ordem espiritual. Trata-se, no dizer dos próprios historiadores e sociólogos, de uma religião diferente: apesar de reivindicar não haver mudança de fé, a religião é profundamente transformada pelo aggiornamento espiritual que traz a desordem entre os dogmas (cf. UR nº11 sobre a hierarquia das verdades)

2- A Inversão de fins: A nova relação entre o cristão e seu Deus resume-se na idéia de "serviço do homem" (GS nº3). De fato, ele é "a única criatura que Deus quis por si mesma" (GS nº24§3). Ele aparece no plano temporal como "centro e ponto culminante" de tudo. (GS nº12). O homem torna-se, portanto, um fim para a própria Igreja, a qual será definida doravante como "sacramento, isto é, um sinal e um meio" para o homem (LG nº1). Esta idéia do serviço do homem inverte o coração da religião, pois a vocação do homem é estar à serviço de Deus, da Igreja e do próximo, na Caridade.

3- A consciência é fonte da religião: A verdade religiosa aparece à consciência do homem (DH nº 1 e 3) por sua luz própria (DH nº 1). O documento Dei Verbum, que trata das fontes da fé, não afirma que nós acreditamos em razão da autoridade de Deus que se revela, mas apresenta a fé como  resposta existencial do homem ao "diálogo da salvação" (DV nº5) exercido por Deus (DV nº2). Neste documento, o depósito da fé não aparece mais em seu contúdo objetivo e imutável, mas é transmitido pela "tradição viva" (DV nº12), pela qual "a Igreja, ao longo dos séculos, tende contínuamente para a plenitude da verdade divina" (DV nº8)

4- Uma teologia da celebração: A liturgia deve tornar-se a expressão privilegiada dessa nova religião. Daqui para a frente, o homem cristão - consagrado pelo batismo - é o sujeito do rito sagrado e do sacerdócio (LG nº 9 a 11). Tema fundamental da constituição "Sacrosanctum Concilium", a "participação ativa" dos fiéis não é a participação fervorosa desejada por São Pio X, mas da assembléia enquanto atora do rito. A celebração se apresenta como um memorial, não da cruz, mas da ceia, onde a assembléia se oferece ela mesma.

5- A Igreja torna-se um sacramento: "A Igreja do Concílio" (cf. Paulo VI, discurso de encerramento, 7/12/1965) entende ser somente um "sinal" da presença invisível de Deus entre os homens (UR nº2), renunciando a ser a única sociedade de salvação. Enquanto sinal, ela é um "meio" (LG nº1) a serviço da vinda do verdadeiro Reino de Deus, o qual se estende às dimensões do universo (LG nº5). A doutrina da Igreja-sacramento, tornada clássica após o Concílio, sintetiza esta temática. Ela nos afasta da realidade da Igreja, sociedade visível a qual pertencemos pelo batismo, pela profissão de fé católica e pela submissão aos legítimos pastores.

6- A humanidade apresentada como Reino: As religiões convergem para este reino (NA). Ele coincide com o gênero humano inteiro, enquanto este tende à unidade (LG nº1; GS nº42 §3) A Igreja do Concílio, junto com as instituições públicas e privadas, deverá servir esta unidade crescente cujos sinais - verdadeiros sinais dos tempos, no dizer de João XXIII - são a "socialização de todas as coisas" (distribuição de rendas), "a revindicação dos direitos dos homens" (GS nº41 §1) e a preocupação comum com os valores espirituais (ecumenismo, diálogo interreligioso) (GS nº42) a serviço da paz mundial. A idéia tradicional de cristandade pelo reinado social de N. Sr Jesus Cristo aparece como caduca, tendo a Igreja aderido à visão liberal do laicismo do Estado, como sendo o único capaz de favorecer a unidade do gênero humano. (cf. a política concordatária de Paulo VI com os estados católicos após o Concílio) Esta adesão ao liberalismo aparece como condição da influência cristã e confere à Igreja do Concílio um papel político (GS nº42 §2).
Devemos assinalar que a "unidade do gênero humano" não é uma idéia cristã (p. ex. Jo V,28-29) mas um esquema gnóstico que se encontra na tradição maçônica (discurso de Ramsay, 1737) e que o Pe. Teilhard de Chardin usou como objeto teológico antes do concílio.

7- A unidade espiritual da humanidade: Teologicamente, esta noção de unidade do gênero humano se apresenta sob a forma de graus de comunhão (UR nº3). Para favorecer a unidade religiosa do gênero humano, a Igreja deve se arrepender do seu passado (UR nº3 e GS nº19§3 e 21§5) e entrar em diálogo com todos os grupos religiosos (cf. Paulo VI, Ecclesiam Suam, 1964). Não é mais necessário de impor a eles uma conversão à Igreja Católica já que se pretende que todos os cristãos, mesmo não católicos já estejam unidos a Cristo pelo batismo (LG nº15) e que os não cristãos sejam ordenados ao povo de Deus (LG nº16) e possuam em suas religiões as "sementes do Verbo" (AG nº11).

8- A salvação: Paralelamente a este crescimento histórico da unidade do gênero humano, a Incarnação do Filho de Deus realiza, "de certo modo" a identificação de todos os homens a Cristo (GS nº22). A questão fundamental da salvação ou da condenação perde sua urgência. Doravante a pastoral conciliar vai economizar no que toca o pecado original e a queda da natureza humana. A salvação torna-se uma tomada de consciência.

Conclusão

Vaticano II mostra-se em ruptura radical com a Tradição católica.

Enquanto esta é toda centrada em Deus, seu louvor e seu serviço, não seria exagero considerar que o Concílio estabeleceu as bases de uma nova religião destinada principalmente a exaltar a pessoa humana e a realizar a unidade do gênero humano.

Os membros do Simpósio (62 conferencistas entre os quais 25 leigos) reafirmam seu apego indefectível à religião católica tal como foi vivida pelos fiéis e ensinada por todos os papas até às vésperas de Vaticano II.

Leia os relatórios das comissões:

 

Vaticano II: Introdução a uma nova religião

Simpósio Teológico Internacional

Instituto Universitário São Pio X - Paris

4 a 6 de Outubro de 2002

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