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Art. 5 – Se o profeta discerne sempre o que conhece pelo seu espírito próprio, do que conhece pelo espírito de profecia.

O quinto discute–se assim. – Parece que o profeta discerne sempre o que conhece pelo seu espírito próprio, do que conhece pelo espírito de profecia.

1. – Pois, refere Agostinho, que sua mãe dizia não sabes que espécie de gosto inefável a ajudava a discernir as divinas revelações, dos sonhos de sua alma. Ora, a profecia é uma revelação divina, como se disse. Logo, o profeta sempre discerne o que anuncia por espírito de profecia, do que prediz por espírito próprio.

2. Demais. – Deus não ordena nenhum impossível, como diz Jerónimo (Pelágio). Mas, ordenou aos profetas, como se lê na Escritura: O profeta, que tem um sonho conte o seu sonho; e o que tem a minha palavra anuncie a minha palavra verdadeiramente. Logo, o profeta pode discernir o que refere por espírito de profecia, do que vê de outro modo.

3. Demais. – Maior é a certeza oriunda do lume divino, do que a proveniente do lume da razão natural. Ora, pelo lume da razão natural, quem tem ciência sabe que a possui com certeza. Logo quem profetiza, por influência do lume divino, sabe, com maioria de razão, que o faz com certeza.

Mas, em contrário, diz Gregório: Não devemos ignorar, que às vezes, os santos profetas, ao serem consultados, anunciam, pelo grande hábito de profetizar, certas causas, de seu próprio espírito, pensando assim procederem inspirados pelo espírito de profecia.

SOLUÇÃO. – O espírito do profeta pode ser instruído por Deus de dois modos: por expressa revelação ou por uma certa inspiração, que às vezes recebem inconscientemente, como diz Agostinho.

Ora, daquilo que expressamente conhece o profeta, por espírito de profecia, disso tem a máxima certeza e sabe com segurança, que o foi revelado por Deus. Donde o dizer a Escritura: Na verdade o Senhor me enviou a vós para que falasse aos vossos ouvidos todas estas palavras. Do contrário, se dessas coisas o profeta não tivesse certeza, a fé em que se ele funda não seria certa. E o sinal da certeza profética podemos deduzi–lo do fato de Abraão que, advertido, numa visão profética, preparou–se para imolar o filho unigénito, o que de nenhum modo o faria se não estivesse certíssimo da revelação divina.

Mas, quanto ao que conhece por inspiração, fica às vezes o profeta em estado de não poder dlscernir plenamente se o pensa por alguma inspiração divina ou se por espírito próprio. Pois, nem tudo o que conhecemos por inspiração divina se nos manifesta por uma certeza profética; porque essa inspiração é algo de imperfeito no gênero da profecia. E neste sentido devemos entender as palavras de Gregório. Mas, para não caírem em nenhum erro, proveniente dessa situação, os profetas, acrescenta Gregório, logo corrigidos pelo Espírito Santo, dele aprendem a verdade; e a si mesmos se repreendem por terem predito falsidades.

Quanto às primeiras objeções elas se fundam no que é revelado por espírito profético. Donde se deduzem claras as RESPOSTAS A TODAS OBJEÇÕES.

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