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Category: ProgressoConteúdo sindicalizado

A religião do progresso

A RELIGIÃO DO PROGRESSO

Alfredo Lage

I

O PENSAMENTO UTÓPICO

  

O mundo moderno apresenta-nos, sob muitos aspectos, a imagem de um progresso humano paralisado por falsas concepções do progresso. Não só, avaliado em termos propriamente humanos, esse progresso muitas vezes é apenas aparente (pois resulta de uma opção que preferiu um valor material a algum valor essencial do homem), mas a idéia de que o progresso é alcançado graças à negação dos valores tradicionais, e por oposição a uma conjuntura anterior, leva a confundir o movimento ascensional de um grupo humano ou da civilização em geral com as modificações mais superficiais e exteriores da vida, como o comprimento das saias ou a largura das lapelas. (Que essas, sim, se medem por uma fácil oposição ao passado). Além disso, o relativismo filosófico, isto é, a ausência de um seguro critério para escolher entre as possibilidades que se apresentam, abrindo tantos problemas quantos soluciona, geralmente torna esse “progresso” um “marcar passo” (um “piétner sur place”, como dizem os franceses).

A eterna revolução

Não temos necessidade de discutir meros vocábulos como evolução ou progresso. Pessoalmente prefiro o termo reforma. Porque reforma implica a idéia de forma, e por conseguinte supõe que tentamos dar ao mundo uma feição particular que de antemão já possuímos na mente. Evolução é uma metáfora tirada da idéia de um simples desenrolar automático. Progresso é outra metáfora tirada da idéia de um caminhar — muito provavelmente num caminho errado. Mas reforma é uma metáfora para pessoas razoáveis e determinadas: esta palavra quer dizer que vemos uma coisa privada de uma forma e que desejamos dar-lhe a forma que previamente conhecemos.

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