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Artigo 4 - Se a quinta bem aventurança, que é sobre a misericórdia, corresponde ao dom do conselho.

O quarto discute-se assim. – Parece que a quinta bem aventurança, que é sobre a misericórdia, não corresponde ao dom do conselho.

1. – Pois, todas as bem aventuranças são atos de virtude, como se estabeleceu. Ora, pelo conselho é que nos dirigimos na prática desses atos. Logo, o conselho não corresponde, antes, à quinta bem aventurança, que a qualquer outra.

2. Demais. – Os preceitos se estabelecem para o que é de necessidade para a salvação; e o conselho, para o que não o é. Ora, a misericórdia é de necessidade para a salvação, conforme aquilo da Escritura: Juízo sem misericórdia aquele que não usou de misericórdia; ao passo que a pobreza, não o é mais pertence à perfeição da vida, como está claro no Evangelho. Logo, ao dom do conselho corresponde, antes, a bem aventurança relativa à pobreza, que a relativa à misericórdia.

3. Demais. – Os frutos resultam das bem aventuranças, pois, implicam uma certa deleitação espiritual, proveniente dos atos perfeitos de virtude. Ora, entre os frutos, não há nenhum correspondente ao dom do conselho, como está claro no Apóstolo. Logo, também a bem aventurança relativa a misericórdia não corresponde ao dom do conselho.

Mas, em contrário, Agostinho diz: O conselho é próprio dos misericordiosos; porque o único meio de escaparmos a tão grandes males é perdoar e dar aos outros.

SOLUÇÃO. – O conselho se aplica propriamente ao que é útil para um fim. Por onde, o que é por excelência útil ao fim deve sobretudo corresponder ao dom do conselho, conforme aquilo da Escritura. A piedade para tudo é útil. Por onde e especialmente, ao dom do conselho corresponde a bem aventurança da misericórdia; não pela produzir elicitamente, mas pela dirigir.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Embora o conselho dirija todos os atos de virtude, especialmente contudo, dirige as obras de misericórdia, pela razão já exposta.

RESPOSTA À SEGUNDA. – O conselho, enquanto dom do Espírito Santo, dirige-nos em todos os atos ordenados ao fim da vida eterna, quer sejam necessários à salvação, quer não. E contudo nem toda obra de misericórdia é necessária para a salvação.

RESPOSTA À TERCEIRA. – O fruto implica algo de final. Ora, o fim da ordem prática, não é o conhecimento, mas a ação. Por isso, não há nenhum fruto próprio do conhecimento prático; mas o fruto se prende à operação mesma, dirigida pelo conhecimento prático. E entre as coisas relativas à operação está a bondade e a benignidade, que corresponde à misericórdia.

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