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Da obrigação de tender à perfeição

Exposta a natureza da vida cristã e a sua perfeição, resta-nos examinar se há para nós verdadeira obrigação de progredir nesta vida, ou se não basta guardá-la preciosamente como se guarda um tesouro. Para responder com mais precisão, examinaremos esta questão relativamente a três categorias de pessoas: 1° os simples fiéis ou cristãos; 2° os religiosos; 3° os sacerdotes, insistindo neste último ponto, por causa do fim especial que nos propomos.
  
ART. I Da obrigação que têm os cristãos de tender à perfeição1
 
Exporemos: 1° a obrigação em si mesma; 2° os motivos que tornam este dever mais fácil.
 
§ I.    Da obrigação propriamente dita
 
Em matéria tão delicada importa usar da maior exatidão possível. É certo que é necessário e suficiente morrer em estado de graça, para ser salvo; parece, pois, que não haverá para os fiéis outra obrigação estrita mais que a de conservar o estado de graça. Mas, precisamente, a questão é saber se pode alguém conservar por tempo notável o estado de graça, sem se esforçar para fazer progressos. Ora, a autoridade e a razão iluminada pela fé mostram-nos que, no estado de natureza decaída, ninguém pode permanecer muito tempo no estado de graça, sem fazer esforços para progredir na vida espiritual, e praticar de vez em quando alguns dos conselhos evangélicos.
 
I.       O argumento de autoridade
 
1° A Sagrada Escritura não trata diretamente esta questão: depois de assentado o princípio geral da distinção entre os preceitos e os conselhos, não diz geralmente o que nas exortações de Nosso Senhor Jesus Cristo, é obrigatório ou não. Mas insiste tanto na santidade que convém aos cristãos, põe-nos diante dos olhos um ideal tão algo de perfeição, prega tão abertamente a todos a necessidade da abnegação e da caridade, elementos essenciais da perfeição, que, para qualquer espírito imparcial, se infere a convicção de que, para salvar a alma, é necessário, em certos momentos fazer mais do que o estritamente mandado, e, por conseqüência, esforçar-se por progredir.
 
A) Assim, Nosso Senhor apresenta-nos como ideal de santidade a mesma perfeição do nosso Pai celestial: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito: Estote ergo vos perfecti, sicut et Pater vester coelestis perfectus est2; assim pois, todos os que têm a Deus por Pai, devem-se aproximar da perfeição divina; o que não se pode evidentemente fazer sem algum progresso. E, em última análise, todo o sermão do monte não é mais que o comentário, o desenvolvimento deste ideal. — o caminho para isso é o da abnegação, da imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo e do amor de Deus: “Se alguém vem a mim, e não odeia (isto é, não sacrifica) o seu pai, a sua mãe, a sua mulher, os seus filhos, os seus irmãos e até mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo: Si quis venit ad me, et non odit patrem suum et matrem et uxorem et filios et fratres, adhuc autem et animam suam, non potest meus esse discipulus3. É necessário, pois, em certos casos, preferir Deus e a sua vontade ao amor de seus pais, de sua mulher, de seus filhos, de sua própria vida e sacrificar tudo, para seguir a Jesus: o que supõe coragem heróica, que não se possuirá no momento crítico, se a alma se não foi preparando para isso por meio de sacrifícios de superrogação. Não há dúvida que este caminho é estreito e dificultoso, e muitos poucos o seguem; mas Jesus quer que se façam sérios esforços para entrar pela porta estreita “Contendite intrare per angustam portam4. Não será isto reclamar que tendamos à perfeição?
 
B) Os Apóstolos não usam de linguagem diversa; S. Paulo lembra muitas vezes aos fiéis que foram escolhidos para serem santos: “ut essemus sancti et immaculati in conspectu eius in caritate5: o que certamente não podem fazer, sem se despojarem do homem velho e revestirem do novo, isto é, sem mortificarem as tendências da natureza perversa e sem se esmerarem em reproduzir as virtudes de Jesus Cristo. Ora isso é lhes impossível, ajunta São Paulo, sem se esforçarem por chegar “à medida do completo crescimento da plenitude de Cristo, donec ocurramus omnes... in virum perfectum, in mensuram aetatis plenitudinis Christi6; o que quer dizer que estando incorporados em Cristo, somos seu complemento, e a nós nos cumpre pelo progresso na imitação das suas virtudes, fazê-lo crescer, completá-lo. São Pedro quer também que todos os seus discípulos sejam santos como aquele que os chamou à salvação: “secundum eum qui vocavit vos Sanctum et ipsi in omni conversatione sancti sitis7. Podem-no acaso ser, se não progridem na prática das virtudes cristãs? São João, no último capítulo do Apocalipse, convida os justos a não cessarem de praticar a justiça e os santos a santificarem-se ainda mais: “Qui iustus est, iustificetur adhuc, et sanctus sanctificetur adhuc8.
 
C) É isto mesmo o que se infere ainda da natureza da vida cristã que, no dizer de Nosso Senhor Jesus Cristo e de seus discípulos, é um combate, em que a vigilância e a oração, a mortificação e o exercício positivo das virtudes são necessários para alcançar a vitória: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação: vigilate et orate ut non intretis in tentationem9... Tendo de lutar não somente contra a carne e o sangue, isto é, contra a tríplice concupiscência, senão ainda contra os demônios que a atiçam em nós, necessitamos de nos armar espiritualmente e combater com valor. Ora, numa luta prolongada, a derrota é quase fatal para quem se conserva unicamente na defensiva; é mister, pois, recorrer aos contra-ataques, isto é, a prática das virtudes, à vigilância, à mortificação, ao espírito da fé e confiança.
 
É esta exatamente a conclusão que tira São Paulo, quando, depois de haver descrito a luta que temos de sustentar, declara que devemos estar armados dos pés à cabeça, como o soldado romano, os rins cingidos da verdade, revestidos da couraça da justiça, e as sandálias nos pés, prontos a anunciar o Evangelho da paz, com o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito: State ergo succinti lumbos vestros in veritate, et induti loricam iustitae, et calceati pedes in praeparatione evangelii pacis; in omnibus sumentes scutum fidei... et galeam saluis assumite et salutis assumite et gladium Spiritu10... E com isto nos mostra que, para triunfar dos nossos adversários, é necessário fazer mais do que o estritamente prescrito.
 
2° A Tradição confirma esta doutrina. Quando os Santos Padres querem insistir sobre a necessidade da perfeição de todos, dizem-nos que no caminho que conduz a Deus e à salvação, não se pode ficar estacionário: é forçoso avançar ou recuar: “in via Dei non progredi, regredi est”.
 
Assim, Santo Agostinho, fazendo notar que a caridade é ativa, adverte-nos que não devemos parar no caminho, precisamente porque, parar é recuar: retro redit qui ad ea revolvitur unde iam necesserat11, e o seu adversário, Pelágio, admitia o mesmo princípio; tal é a sua evidência! E o último dos Padres, São Bernardo, expõe esta doutrina de forma empolgante. “Não queres progredir?  — Não — Queres então recuar? — De modo nenhum. — Que queres então? — Quero viver de tal maneira que fique no ponto aonde cheguei... — Queres o impossível, pois que neste mundo nada permanece no mesmo estado...”12. E noutra parte acrescenta: “É absolutamente necessário subir ou descer; se se tenta parar, cai-se infalivelmente”13. E assim o Papa Pio XI, na sua Encíclica de 26 de janeiro de 1932, sobre São Francisco de Sales, declara peremptoriamente que todos os cristãos, sem exceção, têm obrigação de tender à santidade”14.
 
II.    O argumento da razão
 
A razão fundamental, pela qual nos é necessária tender à perfeição, é sem dúvida a que nos dão os Santos Padres.
 
1° Toda a vida, sendo como é um movimento, é essencialmente progressiva, neste sentido que, quando cessa de crescer, começa a enfraquecer. E a razão disto é que há, em todo o ser vivo, forças de desagregação que, se não são neutralizadas, acabam por produzir a doença e a morte. O mesmo se passa em nossa vida espiritual: ao lado das tendências que nos levam para o bem, há outras, muito ativas, que nos arrastam para o mal; para as combater, o único meio eficaz é aumentar em nós as forças vivas, isto é, o amor de Deus e as virtudes cristãs; então as tendências más vão enfraquecendo.
 
Mas, se deixamos de fazer esforços por avançar, os nossos vícios acordam, retomam forças, atacam-nos com mais viveza e freqüência; e, se não despertamos do nosso torpor chega o momento em que, de capitulação em capitulação, caímos no pecado mortal15. É esta, infelizmente, a história de muitas almas, como bem o sabem os diretores experimentados.
 
Uma comparação no-lo fará compreender. Para alcançarmos a salvação, temos que vencer uma corrente mais ou menos violenta, a das nossas paixões desordenadas, que nos levam para o mal. Enquanto fizermos esforço para impelir a nossa barca para a frente, conseguiremos subir a corrente ou ao menos contrabalançá-la; no dia em que cessarmos de remar, seremos arrastados pela corrente, e recuaremos para o Oceano, onde nos esperam as tempestades, isto é, as tentações graves e talvez quedas lamentáveis. 
 
2° Há preceitos graves que não se podem observar em certos momentos senão por meio de atos heróicos. Ora, em conformidade com as leis psicológicas, ninguém é geralmente capaz de praticar atos heróicos, se não se foi antecipadamente preparando para isso com alguns sacrifícios, ou, por outros termos, com atos de mortificação. Para tornarmos esta verdade mais tangível, demos alguns exemplos. Tomemos o preceito da castidade, e vejamos o que ele exige de esforços generosos, por vezes heróicos, para ser guardado toda a vida. Até o casamento (e muitos jovens não se casam antes dos 28 ou 30 anos), é a continência absoluta que é necessário praticar sob pena de pecado mortal. Ora, as tentações graves começam para quase todos com os anos da puberdade, às vezes antes; para lhes resistir vitoriosamente, é preciso orar, abster-se de leituras, representações, ou relações perigosas, penitenciar-se das menores capitulações e aproveitar-se dos seus desfalecimentos, para se levantar imediata e generosamente, e tudo isto durante um longo período da vida. Não supõe acaso tudo isto esforços mais que ordinários, algumas obras de super rogação? Contraído que for o matrimonio, ninguém fica ao abrigo das tentações graves. Há períodos em que é força praticar a continência conjugal; ora, para o fazer, é preciso coragem heróica, que não se adquire senão com o longo hábito da mortificação do prazer sensual, e pelo exercício constante da oração.
 
Tomem-se agora as leis da justiça nas transações financeiras, comerciais e industriais, e reflita-se no sem-número de ocasiões, que se apresentam, de a violar, na dificuldade de praticar a honradez perfeita num meio em que a concorrência e a cobiça fazem subir os preços além dos limites permitidos, e ver-se-á que, para um homem permanecer simplesmente honrado, precisa duma soma de esforços e de abnegação mais que ordinária. Será porventura capaz desses esforços quem se acostumou a não respeitar mais que as prescrições graves, quem se permitiu com a sua consciência pactuações, a princípio leves, depois mais sérias e por fim perturbadoras? Para evitar esse perigo, não será necessário fazer um pouco mais do que é estritamente mandado, a fim de que a vontade, fortificada por estes atos generosos, tenha vigor suficiente para não se deixar arrastar a atos de injustiça?
 
Verifica-se, pois, de todos os lados esta lei moral que para não cair em pecado, é necessário evitar o perigo por meio de atos generosos, que não são diretamente objeto de preceito. Por outros termos, para acertar no alvo, é mister fazer a pontaria mais alto; e, para não perder a graça, é necessário fortificar a vontade contra as tentações perigosas por meio de obras de super-rogaçao, numa palavra, aspirar a uma certa perfeição.
 
§ II. Dos motivos que tornam este dever mais fácil
 
Os numerosos motivos, que podem levar os simples fiéis a tender à perfeição, reduzem-se a três principais: 1° o bem da própria alma; 2° a glória de Deus; 3° a edificação do próximo.
 
O bem da própria alma é, antes de tudo, a segurança da salvação, a multiplicação dos méritos, e por fim as alegrias da consciência.
 
A) A grande obra que temos de levar a cabo na terra, a obra necessária, e, a bem dizer, a única necessária, é a salvação da nossa alma. Se a salvarmos, ainda quando percamos todos os bens da terra, parentes, amigos, reputação, riqueza, tudo fica salvo; no céu encontraremos, centuplicado, tudo quanto perdemos, e para toda a eternidade. Ora, o meio mais eficaz para assegurar a salvação da alma, é tender à perfeição, cada um segundo o seu estado; quanto mais o fazemos, com discrição e constância, tanto mais nos afastamos, por isso mesmo, do pecado mortal, única força que nos pode condenar. E na verdade, é evidente que, quando alguém se esforça sinceramente por se ir aperfeiçoando, desvia por isso mesmo as ocasiões de pecado, fortifica a vontade contra as surpresas que o espiam, e, chegado o momento da tentação, a vontade, já aguerrida pelo esforço para conseguir a perfeição, acostumada a orar para assegurar a graça de Deus, repele com horror o pensamento do pecado grave: potius mori quam foedari. Quem, pelo contrário, se permite a si mesmo tudo o que não é falta grave expõe-se a cair, quando se apresentar uma violenta e longa tentação: habituado a ceder ao prazer em coisas menos graves, é de recear que, arrastado pela paixão, termine por sucumbir, como o homem que vai costeando continuamente o abismo acaba por se despenhar.
 
Para não corrermos perigo de ofender a Deus gravemente, o melhor meio é afastar-nos das bordas do precipício, fazendo mais do que é preceituado, esforçando-nos por avançar para a perfeição; quanto mais a ela tendermos com prudência e humildade, tanto mais segura teremos a salvação eterna.
 
B) Por esse meio aumentam-se também cada dia os graus de graça habitual que se possuem e os de glória a que se tem direito. Vimos, efetivamente, que todo o esforço sobrenatural, que por Deus faz uma alma em estado de graça lhe granjeia um aumento de méritos. Quem não se importa da perfeição e cumpre o seu dever com mais ou menos desleixo, poucos merecimentos adquire, como dissemos, n° 24. Quem tende, porém, à perfeição e se esforça por avançar, alcança larga cópia de merecimentos. Assim, cada dia aumenta o capital de graça e de glória; os seus dias de méritos: cada esforço tem como recompensa um aumento de graça na terra e mais tarde um peso imenso de glória, “aeternum gloriae pondus operatur in nobis”16.
 
C) Se se quer prelibar um pouco de felicidade na terra, nada melhor que a piedade que, como diz São Paulo, “é útil para tudo e tem promessas para a vida presente e futura: pietas autem ad omnia utilis est, promissionem habens vitae quae nunc est et futurae17.
 
A paz da alma, a alegria da boa consciência, a felicidade de estar unido a Deus, de progredir em seu amor de chegar a maior intimidade com Nosso Senhor Jesus Cristo, tais são algumas das recompensas com que Deus favorece desde agora os seus fiéis servos, no meio das suas provações, com a esperança tão confortada da eterna felicidade.
 
A glória de Deus. Nada mais nobre que procurá-la, nada mais justo, se nos lembrarmos do que Deus fez e não cessa de fazer por nós. Ora, uma alma perfeita dá mais glória a Deus que mil almas vulgares porque multiplica de dia para dia os seus atos de amor, reconhecimento e reparação, orienta nesse sentido a sua vida inteira pelo oferecimento muitas vezes renovado das suas ações ordinárias, e assim glorifica a Deus, de manhã até a noite.
 
A edificação do próximo. Para fazer bem à roda de nós, converter alguns pecadores ou incrédulos e confirmar no bem as almas vacilantes, não há nada mais eficaz que os esforços que se emprega para melhor viver o Cristianismo: quanto a mediocridade da vida atrai sobre a religião as crítica dos incrédulos, tanto a verdadeira santidade excita a sua admiração para com uma religião que é capaz de produzir tais efeitos: É pelo fruto que se conhece a árvore: “ex fructibus eorum cognoscetis eos”18. A melhor apologética é a do exemplo, quando se lhe sabe juntar a prática de todos os deveres sociais. E é também um excelente estímulo para os medíocres, que adormeciam na indolência, se os progressos das almas fervorosas os não viessem arrancar do seu torpor.
 
Muitas almas hoje em dia são acessíveis a este motivo: neste século de proselitismo, os leigos compreendem melhor que outrora a necessidade de defender e propagar a fé pela palavra e pelo exemplo. Compete aos sacerdotes favorecer este movimento, formando à sua roda um escol de cristãos esforçados que, não contentes duma vida medíocre e vulgar, se esmerem por avançar cada dia no cumprimento de todos os seus deveres, deveres religiosos em primeiro lugar, mas também deveres cívicos e sociais. Serão excelentes colaboradores que, penetrando em meios pouco acessíveis a religiosos e sacerdotes, os auxiliarão eficazmente no exercício do apostolado.
 
(Adolph Tanquerey, A Vida Espiritual Explicada e Comentada, cap. IV, art. I)
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  1. 1. Álvarez de Paz, op. cit. L. IV-V; Le Gaudier, P. III, sect. I, c. VII-X; Scaramelli, Guide ascétique, Traité I, art. II; Ribet, Ascétique, ch. VII-IX; Ighina, op. cit., Introd., XX-XXX.
  2. 2. Mt. 5, 48.
  3. 3. Lc. 14, 26-27; cf. Mt. 10,37-38.
  4. 4. Lc. 13, 24; Mt. 7, 13-14.
  5. 5. Ef. 1, 4.
  6. 6. Ef. 4, 10-16 Ler todo esse passo.
  7. 7. I Pd1, 15.
  8. 8. Ap. 22, 11.
  9. 9. Mt. 26, 41.
  10. 10. Ef. 6, 14-17.
  11. 11. Sermo CLXIX n. 18.
  12. 12. Epist. CCLIV ad abbatem Suarinum, n. 4.
  13. 13. Epist. XCI ad abates Suessione congregatos, n. 3.
  14. 14. “Nec vero quisquam putet ad paucos quosdam lectissimos id pertinere, ceterisque in inferiore quodam virtutis gradu licere consistere. Tenentur enim hac lege omnes, nullo excepto”. (A. A. S. XV, 50).
  15. 15. É esta a doutrina comum dos teólogos, que assim resume Suarez, De Religione, t. IV, L. I, c. 4, n. 12: “Vix potest moraliter contingere ut homo etiam saecularis habbeat firmum propositum nunquam peccandi mortaliter, quin consequenter nonnula opera supererogationis faciat, et habeat formale vel virtuale propositum illa faciendi”.
  16. 16. II Cor. 4, 17.
  17. 17. I Tim. 4, 8.
  18. 18. Mt. 7, 20.
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