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Artigo 10 - Se devemos amar os anjos com caridade.

O décimo discute-se assim. – Parece que não devemos amar os anjos com caridade.

1. – Pois, como diz Agostinho: o amor de caridade tem um duplo objeto - Deus e o próximo.

Ora, o amor dos anjos, que são substâncias criadas, não está incluído no amor de Deus; nem parece estar contido no amor do próximo, porque não pertencem à mesma espécie que nós. Logo, não devem ser amados com caridade.

2. Demais. – Os brutos tem mais afinidade conosco do que os anjos, porque também nós somos animais pelo mesmo gênero próximo. Ora, para com os brutos não temos caridade, como já se disse. Logo, nem para com os anjos.

3. Demais. – Nada há de mais próprio aos amigos do que a convivência, diz Aristóteles. Ora, os anjos não convivem conosco e nem os podemos ver. Logo, não podemos ter para com eles a amizade de caridade.

Mas, em contrário, Agostinho diz que se chama legitimamente próximo aquele para com quem devemos cumprir um dever de misericórdia, ou que deve cumpri-lo para conosco. Pois, é manifesto, que o preceito que nos manda amar ao próximo também inclui os santos anjos, que desempenham muitos deveres de misericórdia para conosco.

SOLUÇÃO. – A amizade de caridade como já dissemos, funda-se na participação da felicidade eterna, da qual os anjos participam com os homens, segundo o dito da Escritura depois da ressurreição serão os homens como os anjos no céu. Por onde é manifesto que a amizade de caridade estende-se até os anjos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ Chamamos próximo não somente ao que participa da mesma espécie, mas também aos que participam dos benefícios pertinentes à vida eterna, em cuja participação se funda a amizade de caridade.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Os animais irracionais pertencem ao mesmo gênero próximo que nós, em razão da natureza sensitiva, que não nos torna participantes da felicidade eterna; pois, é pelo espírito racional, que temos de comum com os anjos, que dela participamos.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Os anjos não mantêm conosco convivência visível, concorde com a nossa natureza sensitiva. Convivemos, porém, com eles pelo espírito, nesta vida, mas perfeitamente já dissemos.

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