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Artigo 4 - Se a esperança dos viadores é susceptível de certeza.

O quarto discute-se assim. – Parece que a esperança dos viadores não é susceptível de certeza.

1. – Pois, a esperança tem como sujeito a vontade. Ora, a certeza é própria, não da vontade, mas da inteligência. Logo, a esperança não é susceptível de certeza.

2. Demais. – A esperança provém da graça e do mérito, como já se disse. Ora, nesta vida não podemos saber com certeza se temos a graça, segundo foi estabelecido. Logo, a esperança dos viadores não é susceptível de certeza.

3. Demais. – Não podemos ter certeza do que pode falhar. Ora, muitos vivos, que têm esperança, não chegam à consecução da felicidade. Logo, a esperança dos viadores não é susceptível de certeza.

Mas, em contrário, a esperança é a expectação da felicidade futura, no dizer do Mestre das Sentenças o que pode se fundar no lugar seguinte da Escritura. Sei a quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu deposito.

SOLUÇÃO. – Podemos ter certeza de duas maneiras: essencial e participativamente. A essencial reside na potência cognoscitiva; a participativa, em tudo o que a potência cognoscitiva move infalivelmente para o seu fim. E deste modo dizemos que a natureza obra com certeza, enquanto movida pelo intelecto divino, que com certeza move cada ser para o seu fim. Do mesmo modo, dizemos que as virtudes morais obram de maneira mais certa que a arte, enquanto movidos aos seus atos pela razão, a modo da natureza. E assim, também a esperança tende com certeza para o seu fim, como participando da certeza da fé, que tem a sua sede na potência cognoscitiva.

Donde se deduz claramente a RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A esperança não se apoia principalmente na graça já adquirida, mas na divina omnipotência e misericórdia, que levam a alcançar a graça mesmo o que não a tem, para assim, chegar à vida eterna. Ora, todos os que tem fé estão certos da omnipotência de Deus e da sua misericórdia.

RESPOSTA À TERCEIRA. – O ter fé e, contudo, não conseguir a felicidade se explica por um defeito do livre arbítrio, que opõe o obstáculo do pecado; e não porque falhe a omnipotência divina ou a misericórdia, em que confia a esperança. Isto pois, não prejudica a certeza da esperança.

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