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Art. 2 – Se as mulheres também podem receber a graça da palavra de sabedoria e de ciência.

O segundo discute–se assim. – Parece que também as mulheres podem receber palavra de sabedoria e de ciência.

1. – Pois, a doutrina está compreendida nessa graça, como se disse. Ora, a mulher pode doutrinar, como se lê na Escritura: Eu fui unigénito diante de minha mãe e ela me ensinava. Logo, também a mulher pode receber essa graça.

2. Demais. – Maior é a graça da profecia que a da palavra, assim como contemplar a verdade é mais do que anunciá–la, Ora, as mulheres podem receber o dom da profecia, como se lê na Escritura de Débora, de Holda profetiza, mulher de Selum, e das quatro filhas de Filipe. E o Apóstolo também diz: Toda mulher que jaz oração ou que profetiza etc. Logo, parece que com maior razão a mulher pode receber a graça da palavra.

3. Demais. – A Escritura diz: Cada um, segundo a graça que recebeu, comunique–a aos outros como bons dispenseiros. Ora, certas mulheres recebem a graça da sabedoria e da ciência e não na podem dispensar aos outros senão pela graça da palavra. Logo, a mulher pode receber a graça da palavra.

Mas, em contrário, diz o Apóstolo: As mulheres estejam caladas na Igreja. E noutro lugar:

Não permito à mulher que ensine. Ora, isto sobretudo, constitui a graça da palavra. Logo, as mulheres não podem ter a graça da palavra.

SOLUÇÃO. – Dois usos pode ter a palavra. – Um privado, quando falamos familiarmente a um ou a poucos. E, então, as mulheres podem receber a graça da palavra. – Outro público, quando a palavra é dirigida a toda a Igreja. E isto não é permitido à mulher.

Primeiro e principalmente, pela condição do seu sexo, que a torna sujeita ao homem, como se lê na Escritura. Ora, ensinar e persuadir publicamente, na Igreja, não pertence aos súbditos, mas aos superiores. Contudo, mais que a mulher, os homens dependentes de um superior o podem por delegação; porque a sujeição deles ao superior não se funda naturalmente no sexo, como se dá com as mulheres, mas nalgum acidente sobreveniente. – Segundo, para que não se desperte a concupiscência do homem, pois, diz a Escritura: A sua conversação se ateia como fogo. – Terceiro, porque geralmente as mulheres não têm sabedoria perfeita a ponto de convenientemente se lhes poder cometer o ensino em público.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – O lugar citado se refere ao ensino privado pelo qual a mãe instrui o filho.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A graça da profecia depende de ser a mente iluminada por Deus; e nisso não há diferença de sexo entre homem e mulher, conforme o Apóstolo: Revestindo–vos do homem novo, segundo a imagem daquele que o criou, onde não há diferença de homem e de mulher. Ora, a graça da palavra é dada para a instrução do homem, sexualmente diferente da mulher. Logo, a comparação não colhe.

RESPOSTA À TERCEIRA. – As graças dadas por Deus cada um as aplica diversamente segundo a diversidade das condições. Por isso, as mulheres, que receberam a graça da sabedoria ou da ciência, podem aplicá–la ensinando particularmente, mas não em público.

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