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Art. 2 – Se a ambição se opõe à magnanimidade, por excesso.

O segundo discute–se assim. – Parece que a ambição não se opõe à magnanimidade, por excesso.

1. – Pois, a um meio só se opõe, de um mesmo lado, um extremo. Ora, à magnanimidade se opõe por excesso a presunção, como se disse. Logo, por excesso, não se lhe opõe a ambição.

2. Demais. – A magnanimidade tem por objeto as honras. Ora, parece que a ambição visa as dignidades, conforme àquilo da Escritura: Procurava Jasão usurpar–lhe o sumo sacerdócio. Logo, a ambição não se opõe à magnanimidade.

3. Demais. – Parece que a ambição busca o aparato exterior; assim, diz a Escritura, que Agripa e Berenice com grande pompa entraram no pretório; e, noutro lugar, que, sobre o cadáver de Asa queimaram aromas e unguentos com extraordinária pompa. Logo, a ambição não se opõe à magnanimidade.

Mas, em contrário, Túlio diz que, assim como cada um é superior aos outros pela sua grandeza, assim quer ser só o dominador de todos. Ora, isto constitui ambição. Por onde, é manifesto que a ambição se opõe à magnanimidade como o desordenado, ao ordenado.

SOLUÇÃO. – Como foi dito acima, a ambição importa um desejo desordenado de honra. A magnanimidade, porém, refere–se às honras, usando deles como convém. Por onde é claro que a ambição opõe–se à magnanimidade, como o desordenado, ao ordenado.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A magnanimidade visa duas coisas. Uma como o fim intencionado; e é alguma grande obra, que o magnânimo busca, nos limites das suas faculdades. E, por aí, se opõe à magnanimidade, por excesso, a presunção, que pretende praticar grandes obras que lhe excedem a capacidade. – Outra, como a matéria de que usa devidamente, isto é, as honras. E por aqui a ambição se opõe à magnanimidade por excesso. Pois, não há inconveniente em haver, a luzes diversas, vários excessos opostos a um mesmo meio.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Aos constituídos em dignidade são–Ihes devidas as honras, pela excelência do seu estado. E, assim sendo, o apetite desordenado das dignidades é próprio da ambição. Mas, quem desejasse uma dignidade desordenadamente, não por causa das honras, mas para gozar dela devidamente, que contudo lhe excede a capacidade, esse não seria ambicioso mas antes, presunçoso.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A própria solenidade do culto exterior implica determinadas honras que de ordinário se prestam às pessoas como às que se referem. É o que quer dizer a Escritura com as seguintes palavras: Se entrar no vosso congresso algum varão que tenha anel de ouro com vestido precioso e lhe disserdes: Tu assenta–te aqui neste lugar etc. Por onde, a ambição não tem por objeto o culto exterior, senão enquanto este concerne às honras.

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