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Art. 4 — Se à Mãe de Deus era conveniente se apresentasse no Templo para purificar-se.

 O quarto discute-se assim. — Parece que não devia a Mãe de Deus apresentar-se no Templo para purificar-se.

1. — Pois, de purificação só precisa o que é impuro. Ora, a Santa Virgem não tinha nenhuma Impureza, como do sobredito se colhe, Logo, não devia ir ao Templo purificar-se.
 
2. Demais. — A Escritura diz: Se uma mulher, tendo concebido de varão, parir macho, será imunda sete dias. E por isso lhe ordena que não entrará no santuário até se acabarem os dias da sua purificação. Ora, a Santa Virgem deu à luz um filho, conservando íntegra a sua virgindade. Logo, não devia ir ao Templo purificar-se.
 
3. Demais.  A purificação de uma impureza só é possível pela graça. Ora, os sacramentos da lei antiga não conferiam a graça; antes, Maria é que trazia em si o autor da graça. Logo, não era necessário fosse a Santa Virgem ao Templo purificar-se.
 
Mas, em contrário, a autoridade da Escritura, quando diz que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés.
 
SOLUÇÃO. — Assim como a plenitude da graça derivou de Cristo para a sua mãe, assim convinha que a mãe se assemelhasse ao seu filho humilhado, pois. Deus dá a sua graça aos humildes, como diz a Escritura. Por onde, assim como Cristo, embora não estivesse sujeito à lei, quis contudo sofrer a circuncisão e as outras exigências legais, para nos ser um exemplo de humildade e de obediência, dar a sua aprovação à lei e tirar aos Judeus a ocasião de caluniá-Io, por essas mesmas razões quis que sua mãe se submetesse às observâncias da lei, à qual contudo não estava sujeita.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Embora a Santa Virgem não tivesse nenhuma impureza, quis contudo observar o preceito da purificação; não porque o precisasse, mas por ser uma disposição legal. Por Isso, o Evangelho diz sinaladamente, que foram concluídos os dias da sua purificação, segundo a lei; pois, em si mesma, não precisava purificar-se.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Moisés, se referiu sinaIadamente à Mãe de Deus, como Isenta de qualquer impureza; pois, ela não deu à luz, tendo concebido de varão. Por onde é claro, que não estava obrigada a observar o referido preceito, mas cumpriu voluntariamente a disposição legal sobre a purificação, como dissemos.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Os sacramentos da lei não purificavam; impureza da culpa, purificação que é obra da graça, mas prefiguravam essa purificação. Pois, só purificavam, por uma purificação puramente corpórea, da impureza de uma certa irregularidade, como se disse na Segunda Parte. Ora, nem uma nem outra impureza a Santa Virgem contraiu. Logo, não precisava de purificar-se. 
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