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Art. 1 ─ Se os ordenados devem fazer a rasura da coroa.

O primeiro discute-se assim. ─ Parece que os ordenados não devem fazer a rasura da coroa.

1. ─ Pois, o Senhor ameaça de cativeiro e de dispersão os que assim se tonsuram, como lemos na Escritura: Os inimigos que estão no cativeiro com a cabeça raspada. E noutro lugar: Espalharei a todo o vento os que cortam os cabelos em redondo. Ora, os ministros devem viver em liberdade e não em cativeiro. Logo, a rasura e a tonsura da coroa não nas devem eles praticar.

2. Demais. ─ Deve a verdade responder ao figurado. Ora, a coroa já tinha sido figurada antes, no regime da Lei Velha, pela tonsura dos Nazarenos, como diz o Mestre. Mas, como os Nazarenos não eram destinados ao ministério divino, parece que não devem os ministros da Igreja fazer o tonsura ou a rasura da coroa. E isso também se deduz do fato de os irmãos conversos das religiões serem tonsurados, apesar de não serem ministros da Igreja.

3. Demais. ─ Os cabelos significam o supérfluo, porque são gerados de matérias supérfluas. Ora, os ministros do altar devem excluir de si toda superfluidade. Logo, devem rapar totalmente a cabeça e não a modo de coroa.

Mas, em contrário, segundo Gregório, servir a Deus é reinar. Ora, a coroa é sinal de reinado. Logo, os destinados ao ministério divino devem ter coroa.

2. Demais. ─ Os cabelos foram dados em lugar de véu, como o diz o Apóstolo. Ora, os ministros do altar devem ter o coração descoberto. Logo, devem fazer a rasura da coroa.

SOLUÇÃO. ─ Os destinados aos ministérios divinos devem fazer a rasura e a tonsura, a modo de coroa, por causa do simbolismo desta. Pois, a coroa sendo circular, é sinal de reinado e de perfeição. Ora, os destinados aos ministérios divinos recebem uma dignidade regia e devem ser de virtude perfeita. ─ Convém-lhes ainda por isso cortarem os cabelos. A rasura, na parte superior da cabeça advertindo-os que a alma não se lhes apegue aos negócios temporais em detrimento da contemplação das coisas divinas. A tonsura, na parte superior, em sinal de que o coração se não lhes deixa enredar pelos bens sensíveis.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ O Senhor ameaça aos que o faziam para prestar culto aos demônios.

RESPOSTA À SEGUNDA. ─ As práticas do Testamento Velho representam imperfeitamente as do Novo. Por isso, o concernente aos ministros do Novo Testamento era significado, não somente pelos ofícios dos levitas, mas também por todos aqueles que faziam uma profissão. Ora, os Nazarenos professavam uma certa perfeição, pelo corte dos cabelos, exprimindo assim o seu desprezo pelos bens temporais. Embora os cortassem de todo e não só a modo de coroa; porque ainda não era chegado o tempo do sacerdócio real e perfeito. ─ Por isso também, pela renúncia dos bens temporais, é que os conversos recebem a tonsura. Mas não a rasura, por não exercerem os ministérios divinos, que os deve elevar a mente à contemplação das coisas divinas.

RESPOSTA À TERCEIRA. ─ A forma da coroa deve significar não só o desprezo dos bens temporais mas também a dignidade real. Por isso, os cabelos não devem ser totalmente cortados. ─ E também para não dar lugar ao ridículo.

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