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Art. 2 ─ Se a confissão livra, de algum modo, da pena.

O segundo discute-se assim. ─ Parece que a confissão não livra, de nenhum modo, da pena.
 
1. ─ Pois, ao pecado não é devida senão uma pena eterna ou temporal. Ora, a pena eterna é perdoada pela contrição: e a pena temporal, pela satisfação. Logo, pela confissão nada é perdoado da pena.
 
2. Demais. ─ A vontade é reputada como ato, como diz a letra do Mestre. Ora, o contrito tem o propósito de confessar. Logo, isso lhe é o mesmo que já ter confessado. E assim, pela confissão depois feita, nada lhe resta a ser perdoado da pena.
 
Mas, em contrário. ─ A confissão é uma obra penal. Ora, por todas as obras penais se expia a pena devida ao pecado. Logo, também pela confissão.
 
SOLUÇÃO. ─ A confissão simultaneamente com a absolvição tem o poder de livrar da pena, de dois modos. - Primeiro, por força mesmo da absolvição. E assim, já existindo em desejo, livra da pena eterna, como também da culpa; e essa pena é uma pena de danação e de morte total. Mas dela livres, ainda ficamos obrigados à pena temporal, pena que é um remédio purificador e reparador. E essa pena devem sofrê-la no purgatório, mesmo os que foram livres das penas do inferno. Não é ela proporcionada às forças do penitente, enquanto ainda vive neste mundo; mas, pelo poder das chaves, é diminuída, de modo a proporcionar-se às forças do penitente, de maneira que, satisfazendo, pode purificar-se nesta vida. ─ De outro modo diminui a pena o ato do confitente, pela sua natureza mesma, que vai junto com a pena do pêjo. E assim quanto mais vezes confessarmos os mesmos pecados tanto mais se nos diminui a pena.
 
Donde se deduz a resposta à primeira objeção.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ A vontade não se reputa como fato quando este procede de outrem, como no batismo; pois, a vontade de receber o batismo não vale tanto quanto o ato mesmo de receber. Mas, a vontade é reputada como fato em matéria absolutamente dependente de nós. ─ E além disso, quanto ao prêmio essencial; não porém quanto à remoção da pena e coisas semelhantes, em relação ao que se leva em conta o mérito, acidental e secundàriamente. Por isso quem confessou e foi absolvido será punido no purgatório, menos do que quem só teve contrição.

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