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Art. 1 ─ Se a remissão do pecado é efeito da contrição.

O primeiro discute-se assim. Parece que a remissão do pecado não é efeito da contrição.
 
1. Pois, só Deus pode perdoar os pecados. Ora, da contrição nós somos de certo modo a causa, porque é um ato nosso. Logo, a contrição não é a causa da remissão.
 
2. Demais. A contrição é um ato de virtude. Ora, a virtude resulta da remissão do pecado, porque virtude e culpa não podem coexistir na alma. Logo, a contrição não é a causa da remissão da culpa.
 
3. Demais. Só a culpa nos impede de receber a Eucaristia. Ora, o contrito não deve, antes da contrição, achegar-se à Eucaristia. Logo, ainda não recebeu a remissão da culpa.
 
Mas, em contrário, àquilo da Escritura Sacrifício para Deus é o espírito atribulado, etc. diz a Glosa: a contrição do coração é o sacrifício pelo qual são perdoados os pecados.
 
2. Demais. A virtude e o vício corrompem-se e geram-se pelas mesmas causas, como diz Aristóteles. Ora, o pecado é cometido pelo amor desordenado do coração. Logo, pela dor causada e pelo amor ordenado da caridade, é perdoado. E assim a contrição dele o pecado.
 
SOLUÇÃO. A contrição pode ser considerada à dupla luz: como parte do sacramento ou como ato de virtude. E de ambos os modos é causa da remissão do pecado, mas diversamente. Pois, como parte do sacramento, primeiro contribui para a remissão dos pecados instrumentalmente, como se dá com os outros sacramentos, segundo estabelecemos. Mas como ato de virtude, então, é a quase causa material da remissão do pecado, pois, a disposição é de certo modo necessária à justificação; ora, a disposição se reduz à causa material, entendendo-se por disposição a que dispõe a receber a matéria. Mas diferente é a disposição do agente a agir, pois essa se reduz ao gênero da causa eficiente.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. Só Deus é a causa eficiente principal da remissão do pecado; mas a causa dispositiva pode também estar em nós. E semelhantemente, a causa sacramental; porque as formas dos sacramentos são as palavras por nós pronunciadas, que têm a virtude instrumental de produzir a graça, pela qual são perdoados os pecados.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. A remissão do pecado a uma luz precede a virtude e a infusão da graça e, a outra, é-lhes consecutiva. E enquanto consecutivo, o ato ilícito da virtude pode ser causa da remissão do pecado.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. Dispensar a Eucaristia pertence aos ministros da Igreja. E portanto, antes da remissão dos pecados pelos ministros da Igreja, ninguém deve se aproximar da Eucaristia, embora tenha a sua culpa perdoada da parte de Deus.

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