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Category: Espanha e América EspanholaConteúdo sindicalizado

Deve-se lastimar a conquista do México pelos espanhóis?

Pe. Pierre Mouroux

 

No dia 13 de agosto de 1521, após um cerco de 80 dias, caia a cidade de Tenochtitlán (atualmente, Cidade do México), pondo fim o império asteca. Esse dia marcou para sempre o nascimento da nova Espanha e o início da evangelização da América. Em poucas décadas, o império espanhol se estenderia da Terra do Fogo, ao Sul, até a California, ao Norte. A esses acontecimentos, os historiadores deram o nome de “Conquista”.

O ano de 2021 marcou os 500 anos do início dessa epopeia. Devemos nos alegrar dessa conquista? Se formos seguir o pensamento dos intelectuais de hoje em dia, a resposta aparentemente será não.

Em fevereiro de 2016, quando o Papa Francisco visitou o México, durante uma Missa em Chiapas, ele pediu para que “aprendêssemos a dizer perdão” e fizéssemos um “exame de consciência”, insistindo sobre a exclusão dos povos indígenas na história. Do mesmo modo, no dia 9 de julho de 2015, durante a sua viagem a Bolívia, o Papa Francisco apresentou oficialmente as suas desculpas, em nome da Igreja Católica, pelas “injúrias” feitas aos povos autóctones do continente pelos colonizadores espanhóis. “Cometeram-se muitos e graves pecados contra os povos nativos da América, em nome de Deus”. Ele reconheceu então se tratar de “crimes”, coisa inédita[1].

Mas, bem antes dele, sem falar em “crimes”, o Vaticano mencionou “danos” cometidos pelos colonos. Assim, em 2007, Bento XVI reconheceu “os sofrimentos, as injustiças e as sombras” desse período de colonização. E, desde 1992, a via do arrependimento já fora escolhida. João Paulo II, tinha, durante a sua viagem para a República dominicana, “pedido perdão humildemente”, fórmula retomada pelo Papa Francisco na Bolívia. Ele reconhecia então a “dor e o sofrimento” causados pelos católicos durante 500 anos. Na grande cerimônia de arrependimento do ano 2000, por ocasião do Jubileu, João Paulo II havia solenemente renovado esse pedido de perdão.

Em outubro de 2020, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, esquerdista inveterado, remeteu uma carta ao Papa Francisco convidando a Igreja a pedir perdão pelos abusos cometidos há 500 anos na conquista do México. O presidente recordava que “atrocidades vergonhosas” foram experimentadas pelos povos originários, a pilhagem de seus bens e da sua terra, e sua submissão cultural e religiosa, “desde a conquista de 1521 até o passado recente”. Declarava também: “Aproveito essa ocasião para insistir no fato de que, por ocasião dessas efemérides, a Igreja Católica, a monarquia espanhola e o Estado mexicano devem pedir desculpas públicas aos povos originários.” No dia 27 de setembro de 2021, o Vaticano enviou uma carta em resposta na qual apresentava as suas desculpas ao povo mexicano “por todos os pecados pessoais e sociais, por todas as ações ou omissões que não contribuíram para a evangelização”, seguindo aqui a longa tradição de arrependimento inaugurada por Paulo VI. Mas, isso não é tudo: o prefeito da Cidade do México decidiu, no dia 13 de março de 2021, não mais festejar os 500 anos da conquista, mas os 700 anos da fundação de Mexico-Tenochtitlán; e, nessa ocasião, alterou o nome de muitas ruas e algumas estátuas emblemáticas da cidade para que, 500 anos após a sangrenta invasão espanhola, pudéssemos valorizar a diversidade cultural.

A lenda negra, subjacente à mentalidade atual, existe há séculos. Foi o Frei Bartolomé de las Casas, O.P., quem primeiro denunciou as supostas atrocidades da conquista espanhola1. Tudo o que ele relata se apoia, segundo ele, no que viu com seus próprios olhos, embora nunca tenha mencionado nomes, datas ou os lugares exatos que permitam corroborar os fatos, o que nos mostra que falta seriedade às suas afirmações. Evidentemente, todos os países inimigos da Espanha, a Inglaterra à frente deles, aproveitaram para dar publicidade a esses escritos e macular a imagem dos espanhóis. Se tivéssemos de caricaturar as afirmações dessa lenda negra, diríamos que os espanhóis, embora se mostrassem cavalheiros na Europa, tão logo cruzaram o Atlântico mostraram-se como realmente eram: homens terríveis, ávidos de riqueza e poder, prontos a tudo para alcançar o seu fim: escravidão, tortura, homicídio etc. Uma breve análise dos fatos nos mostrará uma paisagem um pouco diferente.

Alguns autores criticam o uso do termo “conquista” pois, segundo eles, antes se deveria falar em “libertação”. Com efeito, quando se estuda os acontecimentos e quando se conhece como viviam os povos originários do México (e a maior parte dos ameríndios) no tempo da chegada dos espanhóis, e quando se vislumbra tudo o que o império espanhol lhes legou, pode-se bem falar em liberação, tanto social como religiosa.

 

O México antes da chegada dos espanhóis

Recordemos inicialmente que “até o começo do século XVI, o México não existia como Estado, nem como Nação, nem como Pátria” 2. Não havia unidade política, propriamente dita. Existia uma entidade mais poderosa que as demais, os Astecas, que tinham como capital a Grande Tenochtitlán (hoje em dia, México). Essa entidade guerreira se estendia do Golfo do México, com as regiões de Veracruz e Tabasco, até o Oceano Pacífico, com as regiões de Guerrero e Oaxaca. Mas, numerosos povos – conhece-se mais de 110 – viviam no que é hoje o México, alguns a menos de 50 quilômetros dos astecas (por exemplo, o povo de Tlaxcala). Quando se fala em império asteca, não se trata de algo assimilável à nossa ideia europeia de império. Falava-se mais de oitenta línguas distintas nessa região. Esses povos não conheciam a escrita fonética e só utilizavam símbolos e figuras. Não conheciam o uso industrial e mecânico da roda nem trabalhavam o ferro, não possuíam animais de tração e de carga, nem bovinos, porcos, cabras ou ovelhas, e careciam dos principais cereais. Não havia unidade religiosa, a não ser pela prática de sacrifícios humanos, dos quais declarou o historiador Frei Diego Durán: “Se a história não me obrigasse, e se não tivesse visto o episódio afirmado e descrito em numerosos lugares, não ousaria me referir a eles com o temor de ser tomado por um escritor de fábulas.” Fala-se em dezenas de milhares de vítimas na inauguração do Templo Maior de Tenochtitlán, em 1487. Para realizar esses sacrifícios, muitas guerras ocorriam, a fim de fazer prisioneiros, vítimas perfeitas, e os povos submissos também deviam pagar um tributo anual de futuras vítimas. Todas essas vítimas, após terem os seus corações arrancados, eram devoradas pelos habitantes! No que diz respeito ao ambiente moral, um dos principais historiadores da Conquista, Frei Toribio Benavente (1482-1569), também conhecido como Motolinia, missionário franciscano no México, nos dá esse testemunho, um pouco cru mas realista: “Essa terra era uma transposição do inferno; podia-se ver os seus habitantes gritando pela noite, alguns clamando pelo diabo, outros embriagados. [...] Eles tinham todas as mulheres que quisessem, e havia os que tinham até duzentas mulheres; para tanto, os grandes senhores roubavam todas as mulheres, de sorte que, quando um índio ordinário queria se casar, dificilmente podia encontrar uma mulher.” 3

Hoje em dia, os intelectuais criaram um mito a propósito das comunidades indígenas da época. Eles nos apresentam como se elas vivessem em um estado ideal. Mas a realidade histórica é bem diferente. De fato, a maior parte dos povos oprimidos pela tirania antropófaga asteca se aliaram aos espanhóis para se liberar do jugo asteca, e assim permitiram a tomada de Tenochtitlán, em 1521. Foram milhares de ameríndios que, somados aos soldados espanhóis, derrubaram o “império” asteca. Compreende-se o seu desejo de sair de um tal ambiente, do qual alguns intelectuais mostram-se saudosos! Modificar a histórica com fins ideológicos é uma especialidade moderna. Por exemplo, muitos mexicanos foram levados a crer que são todos descendentes de um único povo – os astecas – que povoavam o território atual do México; fizeram-lhes esquecer que muitos deles descendem na verdade de povos que os astecas capturavam com o fim de realizar sacrifícios humanos4. Um filósofo argentino, Juan José Sebreli, declarou com justiça que “a destruição dos grandes monumentos, templos e palácios dos astecas e dos incas é repreensível, mas uma civilização não consiste apenas em obras de arte, mas sobretudo em sua organização política e social, seu direito e sua ética, e, sob esse aspecto, as grandes civilizações pré-colombianas não foram exemplares. Eram teocracias sanguinárias sem autoridade moral para condenar a crueldade dos espanhóis [...]. Os indigenistas repudiam como um ato de barbárie a destruição da cultura asteca pelos conquistadores, mas se esquecem de que, cem anos antes, sob o reino de Izcoatl, os astecas destruíram os livros antigos e destruíram os monumentos do Tolteques, a fim de impor sua própria cultura. Aquele que mata um assassino não deixa de cometer um crime, mas o assassino morto não recupera absolutamente a sua inocência.” 5

 

O legado dos espanhóis

Os espanhóis trouxeram consigo a paz, ao dar um fim às guerras tribais e aos costumes sanguinários. Eles fizeram obra de caridade ao fundar milhares de hospitais em todo o continente, e ao fundar centenas de universidades, com as quais lhes transmitiram as suas tecnologias, sua língua, sua cultura, sua religião; ofereceram a esse continente o seu próprio sangue, estabelecendo as bases de um novo povo, resultado da mestiçagem entre os povos originários e os espanhóis. Também propiciaram a unidade ao redor da única religião verdadeira, a religião católica. Em uma palavra, o seu legado foi o da verdadeira civilização. Foi graças a eles que os diferentes países da América Latina existem.

Consideremos agora a religião, pois se a liberação social foi uma grande coisa, que podemos dizer da libertação religiosa, sabendo que as almas valem bem mais do que o corpo? Vimos como os ameríndios estavam todos entregues à idolatria antropófaga. É importante recordar que os reis espanhóis quiseram que a evangelização dos povos ameríndios fosse o fim primeiro da Conquista, ao menos na ordem da intenção, quando não era possível na ordem da execução. Eles não faziam outra coisa do que seguir as indicações do Papa Alexandre VI na sua bula Inter coetera (1493): “Bem sabemos que vós vos propusestes, há muito tempo, procurar e encontrar Ilhas e Continentes, afastados e desconhecidos, dos quais ninguém até agora fez a descoberta; que quereis reconduzir os habitantes e indígenas à honra do nosso Redentor e à profissão da fé Católica; e que, fortemente empenhados, até esses dias, a fazer o cerco e a recuperar o Reino de Granada, não lograstes levar a bom termo esse santo e louvável projeto.” O papa prossegue dizendo que, com a descoberta das Índias, a hora desejada por Deus chegou: “E assim, uma vez que vós mesmos, por vossa própria iniciativa, desejais, por amor da fé, iniciar e prosseguir até o fim a vossa empreitada, nós vos instamos vivamente, em Nosso Senhor, e igualmente, pelo sacramento do Santo Batismo, que vos ligais às ordens apostólicas, e pelas entranhas de misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo; nós vos solicitamos com instancia a crer que deveis estimular os povos que habitam nestas ilhas e continentes a abraçar a religião católica, de querer lhes transmiti-la, de não vos deixar jamais desviar e de pensar firmemente que Deus Todo Poderoso abençoará os vossos esforços.” A Rainha Isabel6, no seu Testamento de 1504, não dirá outra coisa, lembrando que a sua principal intenção fora a de converter os povos dessas terras para nossa Santa Fé Católica, e pedindo que esses últimos não fossem atingidos nas suas pessoas ou nos seus bens.

Essas preocupações se verificam em numerosos textos oficiais do Vaticano e dos reis espanhóis. Os conquistadores seguiram essas diretivas? Vejamos alguns extratos dos cronistas, a respeito dos feitos de Hernán Cortés. É Benal Diás del Castillo quem testemunha: “Nós nos dirigimos para os lados do Yucatan, e chegamos primeiro na Ilha de Cozumel. Lá havia alguns ídolos com figuras muito disformes em um santuário onde os indígenas costumavam oferecer sacrifícios. Cortés fez com que os ídolos fossem despedaçados e construiu um altar no templo, onde se colocou a imagem da Virgem e um crucifixo. O Pe. Juan Díaz disse a missa, com grande atenção dos mais velhos, dos caciques e de todos os índios.” 7 Lopez de Gomarra, por sua vez, declarou: “Em cada lugar em que ele [Cortés] se dirigia, erguia uma capela ou um altar, e colocava uma cruz ou a imagem de Nossa Senhora, na qual todos os ilhéus rendiam culto com devoção e orações, e acendiam incenso e ofereciam codornas, milhos, frutas e outras coisas que tinham o hábito de trazer para as imagens. E tinham tanta devoção à imagem de Nossa Senhora de Santa Maria que iam com ela em direção aos navios espanhóis que abordavam, clamando: ´Cortés´, ´Cortés´ e cantando ´Maria, Maria´ para mostrar que eram amigos de nossa santa religião.” 8 encontramos testemunhos idênticos nas crônicas da viagem de Laonso e Parada, Pánfilo de Narvaez e de Cristóbal de Olid. Em que pese algumas dificuldades no início, e sobretudo a partir das aparições de Guadalupe, em 1531, dezenas de milhares se converteram ao catolicismo, e o movimento foi tão profundo que essas terras são ainda hoje aquelas onde se encontram mais católicos.

Outro ponto interessante, que pode nos ajudar a julgar essa Conquista é a intervenção do céu. Encontramos em muitas crônicas, tanto espanholas como indígenas, relatos de fatos extraordinários. Por exemplo, durante a “noche triste” (noite triste), quando os espanhóis fugiram da cidade de Tenochtitlán, uma jovem (a Virgem Maria) e um cavaleiro (São Tiago), os protegiam dos ataques dos astecas. Que dizer das aparições de Guadalupe, em 1531? A Virgem apareceu a um índio de nome Juan Diego e deixou sobre a sua tilma (vestido local) a sua imagem, sem que nenhum cientista possa ainda hoje explicar como essa imagem foi pintada, e como é possível que essa toalha não se tenha corrompido após séculos. Esse gênero de fatos é corrente e deixou traços: centenas de santuários espalhados por toda a América latina. Os milagres são um motivo de credibilidade e Deus os utiliza para mostrar que uma obra é divina. Se o céu interveio tantas vezes nessa Conquista em favor dos espanhóis, é porque não se opunha a ela, muito ao contrário! Com efeito, se considerarmos esses acontecimentos com visão sobrenatural, perceberemos quantas almas foram salvas pela ação dos espanhóis e dos missionários!

 

O julgamento da Igreja sobre a obra da Espanha na América

O Papa Pio IX, dirigindo-se a uma comissão de católicos espanhóis, no dia 20 de junho de 1871, lhes declarou: “A Espanha sempre demonstrou predileção especial por esta Sé Apostólica, e se esforçou para levar a civilização cristã a todas as nações do globo. A bandeira espanhola tremulou sobre todos os mares da América, da Índia e de outras regiões, como símbolo da fé em Jesus Cristo (...). Por isso, a Espanha foi outrora grande, porque sua grandeza estava a serviço da propagação, do serviço e da defesa da religião católica, ao preço de todos os sacrifícios.” 9

Por ocasião do IV centenário da descoberta da América, Leão XIII dava “graças ao Deus imortal por esse feliz acontecimento” pelo qual “milhões de homens que se encontravam no esquecimento e nas trevas, foram reintegrados à sociedade, e passaram da barbárie à mansidão e à humanidade, e, o que é mais importante, foram chamados da morte para a vida eterna pela comunicação dos bens que Jesus Cristo produz.” 10

Ao terminar a guerra civil espanhola, o Papa Pio XII manifestou sua alegria ao General Franco e recordou: “A valente Espanha (...) é a nação escolhida por Deus como principal instrumento de evangelização do Novo Mundo, e como fortaleza inexpugnável da fé católica.” 11

O mesmo pontífice, recebendo em audiência os reitores dos grandes seminários da América latina, lhes dizia: “A América latina é um formidável bloco católico, cujo zelo missionário das duas grandes mães ibéricas soube edificar para sua grande honra e para proveito da Igreja.” 12

Durante um discurso a uma missão naval espanhola, o papa se exprimiu assim: “Vossa profissão de marinheiros espanhóis traz à nossa memória as providenciais caravelas da Espanha missionária, verdadeiras auxiliares da Barca de Pedro que, com a civilização da Europa, levavam primeiramente ao Novo Mundo o tesouro incomparável da fé em Jesus Cristo e, com a religião católica, legaram a esses imensos continentes a sublime e verdadeira civilização das almas.” 13

Pio XII chegou a louvar a devoção dos Conquistadores pela Virgem Maria nesses termos: “Conhecemos o lugar eminente que coube à devoção para com Nossa Senhora na evangelização do Novo Continente e na conservação da sua fé. A América dos Conquistadores – Jeronimo de Aguilar, Hernan Cortés, Pedro de Alvarado, Alfonso de Ojeda – que, em seu peito armado souberam conservar um coração muito terno por sua mãe; essa América, da qual mais de cem cidades trazem o nome tão doce [de Maria], da qual dezenas de catedrais reclamam seu patrocino (...).”14

No Congresso mariano das Filipinas, o mesmo papa louvou assim o país dos reis católicos: “O impulso evangelizador e colonizador da Espanha missionária, da qual um dos méritos foi o de saber fundir os dois aspectos da sua ação em uma só coisa [evangelização e colonização], não podendo se contentar, nem mesmo com a imensidão do Novo Mundo, lançou-se na solidão do Pacífico (...).”15

 

Balanço

Certamente, a Conquista ou a liberação da América das garras do demônio também conheceu pontos sombrios, pois, como ocorre em toda obra humana, ocorreram pecados, abusos e fatos pouco edificantes, ainda que o governo espanhol tivesse o hábito de castigar aquele que ultrapassasse as leis estabelecidas para a proteção dos habitantes indígenas. Mas, numa visão geral sobre essa obra, é evidente, após o que pudemos estudar, que a balança se inclina para o lado do bem: a conversão e a obra de civilização não têm preço. Ademais, os abusos perpetrados jamais tiveram o caráter sistemático que a lenda negra quis atribuir. Antes de concluir, eis as palavras de Frei Toribio de Benavente, confessor de Hernan Cortés, a respeito desse conquistador, o mais ilustre dentre todos e o mais criticado pelos intelectuais: “Ainda que, como homem, fosse um pecador, ele tinha a fé e as obras de um bom católico, bem como o desejo de empregar a sua vida e os seus bens para o aumento da sua fé em Nosso Senhor. Ele se confessava com muitas lágrimas, recebia a Santa Comunhão com devoção e colocava a sua alma e os seus bens nas mãos do confessor, a fim de poder comandar e dispor deles como convinha à sua consciência. E Deus o visitou por meio de grandes aflições, trabalhos e doenças para purgar as suas faltas e purificar a sua alma. Creio que é um filho da salvação.” 16

 Esse pequeno resumo dado pelo confessor desse grande conquistador é a imagem de sua obra. Enquanto católicos, não temos o porquê de lamentarmos essa obra providencial, ao contrário, é preciso agradecer aos espanhóis por ela!

Encerremos esse pequeno estudo com a declaração de um historiador mexicano: “O inferno e nada além disso era o estado do território habitado por nossos ancestrais. Como é possível que existam pessoas saudosas dessa situação e que lamentem que tenha sido terminada pelos espanhóis? Não duvidemos que o diabo, o verdadeiro e autêntico diabo, tenha tomado posse do povo e o colocado a seu serviço. Glorioso foi o dia em que a Cruz apareceu e pôs a legião satânica em fuga!”17

 


[1] “E eu quero dizer-vos, quero ser muito claro, como foi São João Paulo II: Peço humildemente perdão, não só para as ofensas da própria Igreja, mas também para os crimes contra os povos nativos durante a chamada conquista da América” (https://www.cnbb.org.br/confira-a-integra-do-discurso-do-papa-francisco-...)

  1. 1. De las Casas, Bartolomé, Brevísima relación de la destruición de las Indias, 1542
  2. 2. Sanchez Ruiz, Pedro, Prehistoria de Méjico, In Nacimiento, grandeza, decadência y ruína de la Nación Mejicana.
  3. 3. Benavente, Fray Toribio, Historia de los Indios de la Nueva España, Porrúa, México, 2011
  4. 4. Dias del Castillo, Bernal, Historia Verdadera de la Conquista de la Nueva España, capítulo 27, Porrúa, México, 1994
  5. 5. Sebreli J.J., El asedio
  6. 6. (N. da P.) Trata-se da rainha de Castela e Leão Isabel I (1451-1504), apelidada de “Isabel, a Católica”
  7. 7. Lopes de Gomara, Francisco, la llegada a la isla de Cozumel, in Crónica General de las Indias
  8. 8. Gullo Omodeo, Marcelo, Madre Patria
  9. 9. Citado por Jean Terradas, em Une chrétienté d´outremer, NEI, Paris, 1960
  10. 10. Encíclica Quarto abeunte saeculo, 16/7/1892
  11. 11. Radiomensagem à nação espanhola de 16/4/1939
  12. 12. Discurso de 23/11/1958
  13. 13. Discurso de 6/3/1940
  14. 14. Radiomensagem de 12/12/1954
  15. 15. Radiomensagem de 5/12/1954
  16. 16. Benavente, Fray Turibio, Historia de los Indios de la Nueva España, Porrúa, México, 2001.
  17. 17. Trueba, Alfonso, Huichilobos, Jus, 1955.

Os mártires de Espanha

“Santa Espanha, na extremidade da Europa concentração de Fé,

quadrado e massa dura, e da Virgem Mãe trincheira,

Última parada de Santiago, que só onde a terra acaba se refreia,

Pátria de Domingo e de João, de Francisco o Conquistador e de Teresa,

Arsenal de Salamanca, pilar de Zaragoza, raiz ardente de Manresa,

Inquebrantável Espanha, recusa perpétua do meio-termo…”1

 

 

Quem mais do que a Espanha, com efeito, deu à cristandade filhos corajosos e filhas ardorosas? Quem como Espanha resistiu a sete séculos de pressões do islã? Quem dobrou o espaço geográfico da civilização e da cristandade pela descoberta do Novo Mundo?

Em 1930, a Espanha contabilizava 20.000 monges, 60.000 religiosas, 31.000 padres para vinte e três milhões de habitantes. As escolas católicas escolarizavam 600.000 crianças. As instituições científicas católicas financiavam vastos setores da ciência espanhola, notadamente em história, matemática e astronomia. Era impossível falar de cultura na Catalunha sem citar as organizações intelectuais dos jesuítas, capuchinhos e beneditinos de Montserrat. Fiel à sua história, a Espanha entregou à cristandade muitos mártires e exemplos de heroísmo durante a guerra civil de 1936 e os eventos que a precederam. Eis os fatos.

 

1. O desencadeamento da Guerra Espanhola.

Após um atentado em Paris contra o Rei de Espanha Alfonso XIII, um alto dignatário maçom lhe propôs a posse tranquila de seu trono caso se afiliasse à seita. “Antes de ser rei, sou católico”, respondeu indignado o monarca. Dois anos mais tarde, em 30 de maio de 1919, acompanhado de seus homens de governo, consagrou a nação espanhola ao Sagrado Coração de Jesus, em ação de graças por ter sido preservada da Primeira Guerra Mundial, de 1914-1918. Assim ele assinou o seu ato de condenação2.

Nas eleições municipais de 1931, elegeram-se 21.150 vereadores monarquistas contra 5.875 republicanos, mas 41 das 50 capitais de província votaram a favor dos republicanos. O rei, não querendo uma guerra civil, partiu em exílio como se a Espanha rural, largamente majoritária, não contasse. No dia 14 de abril, a república foi proclamada e reconhecida pelos governos maçônicos do mundo inteiro.

Desde o início do novo regime, o Comitê Revolucionário se tornou o governo provisório. Ele compreendia republicanos conservadores, liberais, socialistas, nacionalistas-regionalistas, e se beneficiava do apoio tácito dos partidos mais à esquerda. A hierarquia da Igreja aconselhava obediência às novas instituições, uma vez que o governo prometera uma “Igreja livre num Estado livre”, no entanto ela via com desconfiança a chegada ao poder de políticos que eram, em sua maioria, maçons e anticlericais.

O cardeal Segura, arcebispo de Toledo e primaz de Espanha, lançou um grito de alerta numa carta pastoral:

“Se nos mantivermos tranqüilos e negligentes, se permitirmos que a apatia e a timidez tome conta de nós, se deixarmos as portas abertas àqueles que procuram destruir nossa religião, ou se esperarmos que o triunfo de nossas convicções seja assegurado pela benevolência do inimigo, então não teremos mais direito de lamentar quando a amarga realidade nos fizer compreender claramente que a vitória esteve ao alcance de nossas mãos, mas que não soubemos combater como guerreiros intrépidos preparados para morrer gloriosamente3.”

Os acontecimentos lhe deram razão!

No dia 9 de dezembro de 1931, por atos oficiais do governo, teve início uma verdadeira perseguição religiosa. A nova constituição proclamou a separação entre a Igreja e o Estado, a autonomia regional para a Catalunha e o País Basco, a introdução do matrimônio civil. Muitas leis e decretos entraram em vigor por mera aplicação da Constituição; a Companhia de Jesus foi dissolvida e seus bens foram confiscados. As instituições religiosa não poderiam mais exercer nem o comércio, nem a indústria, nem a agricultura, nem o ensino. Igrejas, capelas, imóveis e mobiliário foram nacionalizados4. “O local ou os locais até o presente consagrados ao culto serão convertidos em armazéns coletivos, mercados públicos, bibliotecas populares, casas de banho ou de higiene pública etc. conforme as necessidades de cada cidade”,  enunciava a liga atéia no programa de um dos comitês provinciais.

De 1931 a 1933 multiplicam-se os atentados contra as pessoas (300 mortos e 2000 feridos em um ano), enquanto ocorriam greves, incêndios de igrejas e de conventos, e perseguição religiosa. O povo espanhol reagiu a essa apostasia das leis republicanas nas eleições de dezembro de 1933, que marcaram a derrota completa dos revolucionários e o triunfo dos católicos que Gil Robles havia reunido numa poderosa federação (CEDA).

Mas a política de moderação, de liberalismo e de reformas sociais do novo governo permitiu que as “esquerdas" fragmentadas se reagrupassem e se armassem: o governo perseguiu e aprisionou os anarquistas, mas deixou livre os comunistas e socialistas que, após um breve período de censura, reabriram seus centros de propaganda em maio de 1935 para começar a reconquistar o terreno e preparar o retorno ao poder. Lançando mão de métodos comunistas, Largo Caballero, o “Lenin espanhol” conseguiu, com efeito, reunir todas as forças da Revolução, que totalizavam mais de um milhão de homens em setembro de 1934. No final do ano, um cargueiro soviético desembarcou nas Astúrias trazendo 70 caixas com armas e munições. Em outubro de 1934, Madri, Oviedo, Barcelona se rebelaram ao mesmo tempo. No País Basco e na Catalunha o movimento assumiu feições separatistas. Durante dez dias, os rebeldes produziram violências inacreditáveis: incêndios, pilhagens, assassinatos (2.000 a 3.000 mortes ao todo).

Nas eleições de 16 de fevereiro de 1936, os partidos da ordem obtiveram no total do país 200.000 votos a mais do que a Frente Popular (coligação de republicanos, socialistas, comunistas e sindicalistas). Essa última, devido ao recorte bizarro de circunscrições e às fraudes nos boletins de votos, verificadas em muitos lugares, conseguiu eleger alguns candidatos a mais. Desse modo, as Cortes puderam ser formadas com maioria da Frente Popular, cujo primeiro gesto foi a abrir as prisões. Condenados de direito comum eram liberados e armados enquanto a guarda civil e o exército eram desestruturados por meio da destituição dos chefes. No campo, trabalhava-se ativamente para manter e aumentar a miséria dos pequenos negócios de que a classe média vivia, a fim de estimular a miséria e o ódio que fornecem à propaganda revolucionária um terreno promissor.

Desencadeou-se uma campanha de perseguição religiosa que superou as anteriores em amplitude e crueldade. De fevereiro a julho de 1936, 411 igrejas foram destruídas ou profanadas e cerca de 3.000 atentados de natureza política e social foram cometidos.

Em 18 de julho de 1936, o levante do general Franco marcou o início da contrarrevolução e da guerra civil espanhola, que deixaria 600.000 mortos e cujas operações militares durariam 32 meses. Após a queda de Barcelona, as tropas franquistas vitoriosas expeliram as forças republicanas para a França e entraram em Madri em fevereiro de 1939.

 

1.1 A Espanha vermelha

O primeiro disparo da guerra civil ocorreu no dia 13 de julho de 1936, por volta das 4 da manhã, quando as forças marxistas de Madri assassinaram o deputado monarquista Calvo Sotelo. Dois dias antes ele havia pronunciado nas Cortes uma acusação tão esmagadora contra a Revolução e seus males que a deputada comunista Dolores Ibaruri não se conteve e gritou: “Esse homem falou pela última vez.” O assassinato de Calvo Sotelo, executado pelos revolucionários e decidido pela maçonaria, é um exemplo do que seguirá. O Pe. Turquet, que Léon de Poncins definiu como “provavelmente o maior conhecedor espanhol de questões maçônicas” revelara que uma condenação fora levada a Madri por Augusto Barcia, “grão-mestre do supremo conselho maçônico” e ministro dos assuntos estrangeiros da Frente Popular.

A revista secreta da maçonaria, Chaîne de l’Union, declarou que o objetivo perseguido na Espanha, após a supressão da monarquia que entravava o caminho dos maçons, “era de fazer desaparecer para sempre o pernicioso poder clerical romano” 5. A perseguição religiosa foi inspirada pela maçonaria que, por ódio à religião, preparava os caminhos para Moscou.

 

1.2. Infiltração anarquista e marxista na Espanha

Ao longo do segundo terço do século XIX, as idéias comunistas e anarquistas penetraram a Espanha. Por volta de 1870, a Internacional6 contava já com mais de 80.000 afiliados. No final do século, Barcelona havia se tornado uma das capitais mundiais do anarquismo. Nos tempos da monarquia, os revolucionários amavam repetir que não haveria paz nem justiça para os povos até que o último monarca fosse enforcado nas tripas do último monge em praça pública.

Os anarquistas atuavam apenas no domínio dos sindicatos trabalhistas. Eles detestavam a política e não intervinham nas eleições. Apesar dos atentados terroristas que promoviam, eram considerados então como incapazes de causar uma perturbação social das massas. Mas, ao se apoderarem de organizações trabalhistas e ao consolidar sua influência por meio da violência terrorista, botaram as mãos na alavanca que lhes permitiu chegar ao poder. Em 1931, a Espanha abrigava cerca de um milhão de anarquistas ligados à CNT (Confederação Nacional do Trabalho). Esta organização sindical era dominada pela FAI (Federação Anarquista Ibérica) que abrangia cerca de 10.000 membros militantes, verdadeiros profissionais da desordem, que tomaram a iniciativa de incendiar igrejas e conventos, praticar assassinatos, estupros, somados a crueldades totalmente inéditas.

As primeiras infiltrações comunistas na Espanha começaram com o estabelecimento de uma seção ibérica do partido comunista em 1920. A contar dessa data, os comunistas absorveram todas as demais correntes revolucionárias em razão da maior capacidade de organização metódica. Em 1932, infiltraram maciçamente a UGT (União Geral dos Trabalhadores, socialistas nas mãos da maçonaria) e conseguiram fundar a CGTU (Confederação Geral do Trabalho Unitário). A partir dessa data, apesar da superioridade numérica dos anarquistas, são os comunistas que utilizam meios brutalmente autocráticos, que levaram à conquista do território espanhol.

A revolução comunista foi dirigida, organizada e financiada pelo Kominterm7 com somas exorbitantes. A Rússia remeteu para a Espanha setenta e nove agitadores profissionais bem como 70 caixas de armas e munições, enquanto a Comissão Nacional de unificação marxista organizava a formação de milícias revolucionárias em todas as cidades espanholas.

Em 16 de maio de 1936, o representante da URSS se reuniu com os delegados espanhóis da 3a. Internacional na Casa del Pueblo, em Valência. Eles decidiram “incumbir um dos setores de Madri de eliminar as personalidades políticas e militares que poderiam vir a desempenhar um papel importante na contrarrevolução.” Para esse fim, estabeleceram “listas negras” nas quais os bispos e os padres figuravam em primeiro lugar. “Durante esse tempo, desde Madri até as aldeias mais remotas, as milícias revolucionárias recebiam instruções militares e eram copiosamente armadas, ao ponto de contar com 150.000 soldados de assalto e 100.000 soldados de resistência8 no início da guerra.”

“O núcleo dessa brigada (as Brigadas Internacionais que vieram em ajuda dos republicanos contavam com 60.000 homens) se constituía de quinhentos ou seiscentos enviados da Rússia", escreveu Krivitsky9. "Em todos países estrangeiros, Reino Unido inclusive, o recrutamento para as brigadas era organizado pelos partidos comunistas locais e suas filiais. Entre eles havia informantes para caçar espiões, eliminar homens cuja opinião política não fosse estritamente ortodoxa, vigiar as leituras e conversas. Com efeito, todos os comissários políticos das Brigadas internacionais e, mais tarde, da maior parte do exército republicano, eram comunistas a toda prova. 10

Sem dúvida, muitos dos atos condenáveis foram responsabilidade de grupos que agiam por conta própria no meio da impunidade geral. No entanto, muitos outros atos foram fruto do planejamento das organizações comunistas, socialistas e anarquistas, que possuíam sua polícia, seus tribunais e suas prisões, e puseram em prática os métodos mais avançados, inspirados pelos agentes de segurança soviéticos11. Notadamente, desde o motim, em toda a zona governamental, multiplicam-se as “Tchekas”. Em Madri, era possível enumerar mais de 200, logo suplantadas pelo SIM (Servicio de Información Militar), cujos procedimentos se assemelham aos do GPU12 e do NKVD13. A tortura era aí organizada conforme os princípios médico-científicos. As sevícias seguiam uma gradação ardilosa: privação do sono, confinamento em prisões tão diminutas que a vítima não podia ficar de pé nem sentada, leito inclinado de forma que o prisioneiro caia imediatamente ao dormir14.

A Rússia se imiscuiu nas forças governamentais, penetrou no seu comando e, mesmo conservando o governo da Frente Popular, trabalhou para a instauração do regime comunista por meio da derrubada da ordem estabelecida. "A obra destruidora se realizou aos gritos de ‘Viva a Rússia’, à sombra da bandeira da internacional comunista15.”

 

1.3 As razões religiosas da oposição

Evocamos acima as razões dessa oposição entre o comunismo e a Igreja Católica. Esse conflito pertence a esse quadro. “A guerra espanhola se reduz ao choque entre o espiritualismo, cujo campeão mais firme era a religião, e o materialismo, cujo defensor mais enérgico era o comunismo ateu.” 16

Os dirigentes revolucionários não se escondem. Em Moscou se realizou o congresso dos ateus, do qual participam 1.600 delegados pertencentes a 46 nações. Seu fim era recolher informações sobre os progressos realizados entre as nações no que se refere à destruição da crença em Deus. Jesús Hernández, ministro do governo espanhol de Largo Caballero, enviou a esse congresso o seguinte telegrama: “Vossa luta contra a religião é também a nossa luta. É nosso dever fazer da Espanha uma terra de ateus militantes. A luta será difícil, pois neste país as massas reacionárias são numerosas e se recusam absolutamente a aceitar a cultura soviética. Nós transformaremos todas as escolas da Espanha em escolas comunistas.”

Largo Caballero, líder comunista, bradava: “Não deixaremos pedra sobre pedra nesta Espanha. Temos de refazê-la nossa.” Este é bem o slogan satânico da revolução: destruir tudo, voltar à estaca zero para reconstruir o mundo ex nihilo. Ainda mais claro é este discurso da deputada Margarita Nelken: “Nós queremos uma revolução, mas a revolução russa não pode nos servir de modelo, pois temos necessidade de chamas gigantescas que possam ser vistas por todo o planeta, e vagas de sangue que tornem o oceano vermelho.” Mesmo o quotidiano de Barcelona “Solidaridad Obrera” escrevia em 26 de julho de 1936: “Não há muitas igrejas e conventos ainda de pé; mas, com muito custo, apenas duzentos padres e monges foram postos fora de circulação. A hidra religiosa não está morta. Convém levar isso em conta e não perder de vista essa realidade em face dos nossos próximos objetivos.” 17

Não eram apenas bravatas. A destruição dos lugares de culto ou ao menos do seu mobiliário foi sistemática e contínua. No curto intervalo de um mês, todas as igrejas tornaram-se inúteis ao culto, enquanto os padres eram mortos sem processo, no mais das vezes à queima-roupa: as igrejas eram incendiadas por serem casa de Deus, e os padres eram sacrificados por serem ministros de Deus.

“Contamos os mártires aos milhares. […]

"O ódio a Jesus Cristo e a Virgem Maria chegou ao cúmulo, e nas centenas de crucifixos apunhalados, nas imagens da Virgem bestialmente profanadas, nos pasquins de Bilbao em que se blasfemava sacrilegamente da Mãe de Deus, na infame literatura das trincheiras vermelhas em que se ridicularizam os divinos mistérios, na reiterada profanação das imagens sagradas, podemos adivinhar o ódio do inferno, encarnado em nossos infelizes comunistas18.”

 

2. A Espanha católica

2.1. O alcance da destruição

É impossível, em toda a Espanha, separar a história da fé católica da história da criação artística. Durante séculos, essas duas histórias se confundiram. Ao desejo de acabar com esses monumentos por conta do seu caráter religioso juntou-se o desejo de sumir com eles por causa de seu aspecto histórico, visto que representavam épocas radiantes e constituíam tipos de civilização que, como tais, o marxismo quer destruir. É impossível fazer o inventário dos monumentos destruídos e das maravilhas artísticas desaparecidas. E não se contentaram em atacar os lugares de culto público. Os oratórios e os objetos religiosos privados, imagens, pinturas, livros, foram sistematicamente destruídos. Jamais talvez na história das perseguições religiosas um caso semelhante tenha acontecido: em poucos meses, uma região católica havia séculos viu desaparecer de seu solo todo símbolo religioso, sem contar a supressão e a dissolução das publicações católicas, das bibliotecas paroquiais, dos centros de cultura instalados nos estabelecimentos católicos, bem como o incêndio e a dispersão de bibliotecas conventuais. Todos os monastérios e todos os conventos foram incendiados, destruídos, fechados ou entregues para outros usos19.

Pio XI descreveu a trágica situação da Espanha sob a dependência do governo republicano na sua encíclica Divini Redemptoris, de 19 de março de 1937:

"Até em países, onde — como sucede na Nossa amadíssima Espanha — não conseguiu ainda a peste e o flagelo comunista produzir todas as calamidades dos seus erros, desencadeou contudo, infelizmente, uma violência furibunda e irrompeu em funestíssimos atentados. Não é esta ou aquela igreja destruída, este ou aquele convento arruinado; mas, onde quer que lhes foi possível, todos os templos, todos os claustros religiosos, e ainda quaisquer vestígios da religião cristã, posto que fossem monumentos insignes de arte e de ciência, tudo foi destruído até os fundamentos! E não se limitou o furor comunista a trucidar bispos e muitos milhares de sacerdotes, religiosos e religiosas, alvejando dum modo particular aqueles e aquelas que se ocupavam dos operários e dos pobres; mas fez um número muito maior de vítimas em leigos de todas as classes, que ainda agora vão sendo imolados em carnificinas coletivas, unicamente por professarem a fé cristã, ou ao menos por serem contrários ao ateísmo comunista. E esta horripilante mortandade é perpetrada com tal ódio e tais requintes de crueldade e selvajaria, que não se julgariam possíveis em nosso século.”

De 1934 a 1939, 20.000 igrejas ou conventos foram pilhados e destruídos em nome da liberdade de consciência. São 13 os bispos assassinados, padres 4.052, religiosos 2.338 e religiosas 270; ou seja, 6.773 consagrados aos quais se deve acrescentar 248 seminaristas e cerca de 80.000 leigos católicos de todas as idades e condições20. Entre esses milhares de padres, religiosos, bispos, monges e outros eclesiásticos, não se sabe de nenhum exemplo de apostasia.

 

2.2. O exemplo dos mártires

- A resistência do Alcazar

No final de 1936, o mundo inteiro seguiu com estupor a resistência do Alcazar de Toledo. Essa fortaleza de guerra foi tomada nos primeiros meses do alzamiento21 por milhares de combatentes insurgidos e um outro milhar de pessoas, que se compunha de velhos, mulheres e crianças. A primeira reação do governo republicano, quando soube que os insurgentes haviam se apoderado do lugar, foi chamar ao telefone o coronel José Moscardó Ituarte, chefe nacionalista da guarnição. O coronel Moscardó, com efeito, havia se abrigado no Alcazar de Toledo no meio de uma tal confusão geral que não pode trazer consigo a mulher e os filhos. Doña Maria se refugiara na casa do Tenente-coronel Tuero, mas foi descoberta em 22 de julho de 1936 pelos republicanos. Doña Maria conseguiu fugir com o pequeno Carmelo, mas seu filho Luís de 17 anos seguia prisioneiro.

No dia seguinte, o chefe dos milicianos de Toledo chamou ao telefone o coronel Moscardó para lhe anunciar que seu filho estava nas suas mãos.

“— Damos dez minutos para você se render — disse — senão, ele será fuzilado.

— O senhor não é nem um soldado nem um cavaleiro. Se fosse, saberia que a honra de um militar não cede diante da ameaça.

— O senhor me responde assim porque não crê na minha ameaça. Fale com seu filho… Aqui Moscardó!

— Alô… papai?

— Como você está, meu filho?

— Nada de particular, papai. Dizem que vão me fuzilar se o senhor não se render. Que devo fazer?

— Você sabe como penso. Se é certo que vão fuzilá-lo, recomende a sua alma a Deus, erga um pensamento a Espanha e outro a Cristo Rei.

— É fácil, papai. Farei as duas coisas… Um beijo forte, papai.

— Adeus, meu filho. Um beijo bem forte.”

O Alcazar resistirá por setenta dias a um ataque formidável, que fez chover sobre a célebre fortaleza 3.300 obuses de 155mm, 3.000 obuses de 105mm, e 3.500 de 75mm. Num único dia, 450 bombas de 50kg foram lançadas de avião. 1.900 homens sitiados passaram dias terríveis sob um trovão de fogo. 82 morreram. Dois bebês nasceram nas ruínas! No dia 28 de setembro de 1936, após a liberação do forte destroçado, a promoção do coronel Moscardó e uma missa de ação de graças, o novo general Moscardó foi embora no meio das aclamações, estava triste e recurvado. Ele se recordava do martírio de Luís, e deu a entender também que lhe custava enormemente entregar a fortaleza à Espanha num tal estado…22

 

— Ceferino Jiménez Malla

Ceferino Jiménez Malla foi fuzilado pelos republicanos espanhóis na noite de 2 de agosto de 1936, com 75 anos de idade, no cemitério de Barbastro, em Aragão, com muitas outras vítimas. Ele foi preso pelos milicianos comunistas no início da guerra civil, acusado de ter escondido um padre e de ter resistido à prisão pelos milicianos. Após três semanas de prisão, Ceferino foi tirado de cela; os milicianos ordenaram que largasse o terço que carregava consigo a fim de rezar. Ele usava o rosário ostensivamente e rezava na frente de todos. Recusou-se com vigor a entregar o terço e foi fuzilado por esse motivo. Diante do pelotão comunista, ele estreitou o terço contra o peito e gritou: “Viva el Cristo Rey!”. Ceferino Jiménez Malla morreu mártir e confessor da fé23.

 

— Sabino Ayastuy, Joaquín Ochoa e Florencio Arnaiz

Sabino Ayastuy, Joaquín Ochoa e Florencio Arnaiz tinham, respectivamente, 24, 26 e 27 anos quando roubaram as suas vidas. Sabino e Florencio tinham pronunciado seus votos definitivos na Sociedade de Maria, em 1934, e Joaquín em 1935, manifestando por escrito nessa ocasião a sua adesão à Nossa Senhora e a firme vontade de servi-la até o fim. Durante a sua prisão, Sabino teve o gesto tocante de dizer “adeus" ao zelador, mesmo sabendo ter sido denunciado por ele, manifestando assim seu desejo de perdoar. Sobre os seus corpos torturados foram encontrados crucifixos, medalhas e mesmo um certificado de batismo, prova do seu desejo de professar a fé até o fim, apesar dos riscos incorridos24.

 

— Os irmãos do orfanato do Sagrado Coração de Jesus, em Madri e os padres Agostinianos de Escorial.

Um irmão sobrevivente do orfanato do Sagrado Coração de Jesus, em Madri, testemunhou: “Os milicianos se obstinaram em nos fazer renegar a fé. Separaram os mais moços para seguirem mais à vontade seu plano sinistro. Cada uma de nossas recusas era seguida de torturas.” O irmão Santiago Angel, F.S.C, prisioneiro também, viu passarem as futuras vítimas que os milicianos conduziam para a execução. “Eles se afastavam, escreveu ele25, pacificados, calmos, fortes. Na sua atitude adivinhava-se a têmpera das suas almas, que se lançavam para a morte sublime que lhes era infringida por serem religiosos.”

Quando o cortejo chegou ao local de execução, o Pe. Avelino Rodriguez, provincial dos Agostinianos, pediu aos milicianos que lhe deixassem se despedir de seus confrades e lhes absolver. Isso foi-lhe concedido. Ele abraçou um a um os seus companheiros de suplício que, de joelhos, receberam a absolvição, em seguida, clamou26: “Sabemos que nos matam por sermos católicos, padres ou religiosos. Nós vos perdoamos de todo coração. Viva Cristo Rei! Viva a Espanha!”

 

— Antonio Molle Lazo27

Antonio Molle Lazo trabalhava na estação de Xérès (antigo nome de Jerez de la Frontera), cidade com uns cem mil habitantes. Sua caridade inesgotável e a distinção de suas maneiras lhe granjearam a simpatia de seus colegas. Os socialistas, contudo, conseguiram do governo a dispensa de todos os que não partilhassem das suas idéias.

Sem se desconcertar, Antonio procurou trabalho em outra parte. Estudou a organização e os métodos dos seus adversários, exprimindo sua dor ao ver os inimigos de Deus demonstrando mais entusiasmo na busca de seu ideal de ódio do que certos católicos na defesa da Religião: “Os socialistas, tão numerosos, e nós, católicos, tão poucos! Que vergonha!” dizia ele. No entanto, redobrando a coragem, instava seus colegas a se confessarem e a comungarem aos domingos.

A todos os que se escusavam alegando, seja a distância, seja as vexações dos adversários, ele respondia: “Não é longe até Xérès… se nos jogarem pedras, que mal pode nos fazer? É preciso sofrer algo por Jesus Cristo, talvez nosso exemplo conduzirá outros até a santa mesa […] e nós teremos esse ganho!” Quando foi pego pelos vermelhos, eles quiseram obrigá-lo a gritar: “Viva o comunismo!”

— Viva Cristo Rei, foi a sua resposta.

Cortaram-lhe uma orelha.

— Blasfeme o nome de Deus.

— Não. Viva Cristo Rei!

Cortaram-lhe a outra orelha.

— Blasfema!

— Jamais!

Cortaram-lhe o nariz.

— Viva Cristo Rei!

Sem conseguir alcançar o seu fim, e não podendo suportar o seu olhar límpido, furaram-lhe os olhos. Cortaram várias vezes a sua língua, mas ele gritava:

“Viva Cristo Rei! Podem me matar, mas Cristo triunfará!”

Estendendo os braços em forma de cruz, ele mesmo deu a ordem de sua execução, gritando: “Viva Cristo Rei”.

 

Conclusão

Há uma corrente de satanismo na história, paralela ao catolicismo e em perpétua luta contra ele.

Esse ódio misterioso é de uma essência diferente e superior a todos os demais ódios que encontramos ao longo da história, que, por ferozes e culpáveis que sejam, movem-se sempre por razões estritamente humanas, tais como a inveja, o orgulho, o rancor, a vingança. Não tem esse caráter permanente, não se relacionam sempre com um mesmo objeto que, por sua vez, jamais lhe deu causa, segundo a palavra mesma de Cristo: “Odiaram-me sem motivo”.

Pelo fato de os demais ódios se relacionarem a algo determinado e preciso, a causas tangíveis cujo peso corresponde ao do efeito, eles não têm esse caráter assustador de um surto de histeria que faz pensar imediatamente, queiram ou não, na possessão demoníaca. Cristo a definiu com estas palavras: “Essa é a vossa hora, e o poder das trevas.” O ódio ao catolicismo tem em si um elemento que ultrapassa a razão e está fora do ponderável, corresponde a uma crise misteriosa cujo campo não é o corpo, mas o espírito28.

Malynski descreve assim a guerra que se desenrolou sobre o solo espanhol, uma luta que ultrapassa largamente as fronteiras desse país. “É uma etapa nova e talvez decisiva da luta entabulada entre a Revolução e a Ordem”, “uma luta internacional em um campo de batalha nacional; o comunismo produziu na península uma batalha formidável da qual dependeu a sorte da Europa”, pode-se escrever de modo muito apropriado. O povo espanhol foi “enfeitiçado por uma doutrina de demônios”, pois “é impossível pretender que entre o clero católico e a alma popular tenha havido divergências ou a menor oposição. A alma popular, consciência imanente da tradição e continuação histórica do passado, certamente não tem nada em comum com a agitação plebéia nem com os sindicatos de terroristas.” Esse ódio à religião e às tradições patrióticas veio da Rússia e enganou o povo espanhol. Para prová-lo, no momento de morrer, condenados pela lei, os comunistas espanhóis em sua maioria se reconciliaram com o Deus de seus pais. Menos de 20% morreram na impenitência final nas regiões do norte e menos de 10% nas regiões do sul29.

Mas essa destruição sistemática de tudo o que constituía o patrimônio religioso e cultural da Espanha fez florescer toda uma falange de mártires.

 

Ah! Muitos se figuram que seus pés marcharão ao céu por um caminho fácil e complacente.

Mas, de repente, eis a questão apresentada, eis a intimação e o martírio!

O céu e o inferno foi posto nas nossas mãos, e temos quarenta segundos para escolher.

Quarenta segundos? É demasiado! Espanha irmã, Espanha santa: tu já escolheste.

Onze bispos, dezesseis mil sacerdotes assassinados e nenhuma apostasia sequer.

[…] A terra concebeu nas suas profundas entranhas, e a Retomada já começou.

[…] E tudo, quando foi derramado, os anjos respeitosamente recolheram e transportaram para o interior do Véu! 30

 

(Témoins du Christ, à travers les persécutions du XXe siècle, tradução: Permanência)

  1. 1. Paul Claudel, extrato do prefácio de La persécution religieuse en Espagne.
  2. 2. Esse fato foi relatado num artigo de La Croix dos anos 1930, citado em Ir. A. Joaquin, Nos Martyres d’Espagne, F.S.C., Ed. Saint-Rémy, 2008, p. 25.
  3. 3. Cardeal Segura, carta pastoral de 31 de maio de 1931; citado por Lucien Thomas, L’Action Française devant l ‘Église, p. 29; Cf. Gustavo Corção, Le siècle de l’enfer, Ed. Sainte Madeleine, 1995, p. 292.
  4. 4. Arnaud Imaz, La guerre d’Espagne revisitée, Economica, 1993, p. 11.
  5. 5. Le Nouvelliste de Lyon, 23-X-1936, citado por Ir. A. Joaquin, op. cit., p. 28.
  6. 6. Associação internacional que agrupava trabalhadores para ações de transformação da sociedade. A 1a. Internacional, fundada em Londres em 1864, desapareceu após 1876 por causa da oposição entre marxistas e anarquistas. A 2a. foi fundada em Paris em 1889 e se manteve fiel à social-democracia, e desapareceu em 1923. A 3a. Internacional comunista, ou Kominterm, fundada em Moscou em 1919  reúne ao redor da Rússia Soviética, e depois, da URSS, a maior parte dos partidos comunistas. Ela foi suprimida em 1943 por Stalin.  
  7. 7. (1919-1943). Ele representa durante a primeira parte do século XX, em escala internacional, o movimento comunista alinhado com a URSS. Era dirigido pelo Partido comunista da União Soviética.
  8. 8. Carta Coletiva dos bispos espanhóis aos bispos de todo o mundo a propósito da guerra em Espanha, publicado em Lecture et Tradition no. 269-270, p. 36.
  9. 9. O general W.G. Krivitsky era, na época, chefe do departamento de informação soviético na Europa Ocidental.
  10. 10. Trecho de Lecture et Tradition no. 271.
  11. 11. Cf. Ministerio de Justicia, La dominación roja en España, Causa general, Madr, 1943. Citado em La guerre d’Espagne revisitée, Arnaud Imatz, Economica, 1993, p. 47.
  12. 12. Segundo nome da polícia de Estado da União Soviética entre 1922 e 1934. Constituída a partir da Tcheka.
  13. 13. Terceiro nome da polícia de Estado da União Soviética, entre 1934 e 1946. Sucedeu ao GPU.
  14. 14. Cf. Marcelo Gaya y Delrue, Les mémoires d’un officier franquiste, combattre pour Madrid, ed. La Pensée moderne, Paris, 1964; o autor relata muitas atrocidades cometidas pelos vermelhos, das quais foi testemunha ocular. Cf. Lecture et Tradition no. 271 que publicou trechos do livro.
  15. 15. Carta Coletiva dos bispos espanhóis aos bispos de todo o mundo a propósito da guerra em Espanha, publicado em Lecture et Tradition no. 269-270, p. 36.
  16. 16. La Persécution religieuse en Espagne, tradução de Francis Miomandre, Plon, 1937.
  17. 17. Marcelo Gaya y Delrue, Les mémoires d’un officier franquiste, combattre pour Madrid, ed. La Pensée moderne, Paris, 1964, citado em Lecture et Tradition no. 271, p. 17.
  18. 18. Carta coletiva dos bispos espanhóis aos do mundo inteiro a propósito da guerra na Espanha, publicado em Lecture et Tradition no. 269-270, p. 36.
  19. 19. Conforme La Persécution religieuse en Espagne, tradução de Francis Miomandre, Plon, 1937.
  20. 20. Conforme o livro do Pe. Calasanz BAU, S. P., Rapport présenté à la Sacré Congrégation des rites en vue de la béatification et canonisation des Serviteurs de Dieu massacrés en Espagne, Roma, 1953, p. 641, 507 e 654, citado por Ir. A. Joaquin, op. cit., p. 35.
  21. 21. O “levante" espanhol do qual Franco tomou a direção em 1936.
  22. 22. Sobre a história da resistência do Alcazar, ler o relato de Brasillach, Les cades de l’Alcazar, 1936, Plon.
  23. 23. Pelayo, La Vanguardia, 23 de março de 197, p. 47. Citado em Lecture et Tradition no. 269-270.
  24. 24. José Maria Salaverri, Morts pour le Christ, S.M., D.F.R., 2007.
  25. 25. Los Hermanos de las Escuelas Cristianas en el Movimiento Nacional, Ed. Buflo, Marqués de Mondéjar, 32, Madrid.
  26. 26. Ir. A. Joaquin, op. cit.
  27. 27. Ir. A. Joaquin, op. cit.
  28. 28. Malynski, La guerre occulte, citado por Léon de Poncins, Contre révolution, abril de 1939 (Lecture et Tradition no. 271).
  29. 29. Carta coletiva dos bispos espanhóis aos do mundo inteiro a propósito da guerra na Espanha, publicado em Lecture et Tradition no. 269-270, p. 36.
  30. 30. Paul Claudel, extrato do prefácio de La persécution religieuse en Espagne. Tradução literal.

A fabulosa história de D. Gabriel Garcia Moreno

[Nota Permanência] Como soará a divisa de S. Pio X, “Instaurare omnia in Christo” aos leitores modernos, tão acostumados ao liberalismo que hoje triunfa nas nações? Utopia? Arcaísmo? O exemplo de D. Gabriel García Moreno, ex-presidente do Equador e mártir da Fé, contudo, é resposta contundente, tanto pelo sucesso de seu governo como pela aclamação de seu povo. É a resposta que um católico deve dar, é o modelo daquilo que devemos buscar, mormente nestes tempos de eleição, para o governo de nossa pátria, cevada, também ela, com o sangue de mártires (v. neste site o artigo “Os Protomártires do Brasil).

 
Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja a todos os brasileiros, e com estes augustos exemplos nos ajude a tornar esta terra digna de sua padroeira!

Grandeza e Miséria dos Astecas

O império asteca
 
Diversos povos coexistiram no imenso território que chamamos de México e concebemos como unidade nacional: no sul, Maias e Zapotecas; no leste, Olmecas, Totonacas e Toltecas; no centro, Tlaxcaltecas, Tarascos, Otomíes e Chichimecas; ao norte, Pimas, Tarahumaras e muitos outros, todos estranhos entre si, quase sempre inimigos. Dentre eles, a distinção coube aos Astecas; vindos do norte, migraram em direção aos grandes lagos mexicanos, na região de Anáhuac. Conduzidos por sua divindade, Huitzilopochtli — Huichilobos para os espanhóis –, um deus guerreiro e terrível, chegaram em 1168 no vale do México (termo que deriva de Mexitli, e que era o outro nome de Huitzilopochtli) e estabeleceram sua capital em Tenochtitlán

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