Skip to content

Introdução ao vigésimo domingo de Pentecostes

“Vai, diz Nosso Senhor, teu filho vive” (Evangelho).

 

Paramentos verdes

 

As lições que estes dias se leem no Ofício são tiradas quase todas dos Livros dos Macabeus. Depois do cativeiro de Babilônia, o povo de Deus tinha voltado a Jerusalém e reconstruído o Templo. Os primeiros anos foram de paz. A Mão de Deus, porém, não tardou a pesar de novo sobre este povo de cerviz dura, em consequência de novas e lamentáveis infidelidades. Antíoco Epifanio, com efeito, apoderou-se de Jerusalém, saqueou a cidade e o Templo, e decretou a abolição do Judaísmo em toda a extensão do império. Ergueram-se altares aos ídolos e o número dos apóstatas cresceu tanto, que pareceu que ia desaparecer da face do globo a fé dos profetas e de Israel. Deus, porém, esperava o momento oportuno para mostrar mais uma vez a esse povo ingrato que, embora a mãe esqueça às vezes o próprio filho, Ele nunca o esqueceria. Com efeito, o sacerdote Matias reuniu um pequeno exército chefiado por seu filho Judas Macabeu, que iria desviar o rumo dos dias gloriosos. Esse punhado de homens decididos, rápidos como o abutre e implacáveis como o Espírito de Deus, derrotaram em breve o exército de Antíoco e restauraram nas terras de Israel o culto de Jeová.

Todas as partes da Missa exprimem sentimentos semelhantes. O Gradual, por exemplo: “todos os olhos se levantaram para Vós, Senhor, cheios de esperança”, traduz perfeitamente o sentido daquela oração tão bela: “O nosso olhar voltou-se para Vós, Senhor, não nos deixeis perecer”. O Ofertório, um dos versículos mais sentidos referentes ao cativeiro, revela-nos bem o estado de espírito dos Macabeus perante o Templo profanado. Finalmente, o Intróito, depois de nos dizer que o povo de Deus foi castigado por causa dos seus crimes, pede ao Senhor que mostre a sua misericórdia e glorifique o seu nome. Façamos nossos estes pensamentos. Reconheçamos que os males que sofremos são provenientes da nossa infidelidade à vontade divina, e roguemos também ao Senhor que se compadeça de nós, que nos perdoe e una, para que O sirvamos em paz e glorifiquemos o Seu nome.

Da Epístola: Erguei-vos do túmulo em que dormis, diz S. Paulo, e Cristo vos iluminará. Resgatados da morte por Jesus Cristo não nos demos mais às obras das trevas, mas vivamos como filhos da luz. Aproveitemos o tempo que nos é dado para fazer a vontade de Deus e Lhe dar graças pela vida divina a que se dignou chamar-nos.

Do Evangelho: Jesus salvou da morte o filho do régulo, para dar ao régulo e a toda a família dele o que é mais que a vida material, a fé. Este milagre deve aumentar em nós a fé em Jesus Cristo, que nos salvou da febre do pecado e da morte eterna, consequência dele.

 

 Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

AdaptiveThemes