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Reunião no inferno

Outubro 18, 2020 escrito por admin

Pe Prudent Abbot Balou, FSSPX

 

Para melhor lutar contra o inimigo, é preciso primeiro conhecê-lo e estudar sua estratégia. O principal inimigo do homem é o demônio que, como um leão que ruge, circula ao seu redor procurando afastá-lo dos caminhos do céu. Conhecer a estratégia de Satanás nos permitirá frustrar seus planos e nos procurará felicidade e paz verdadeiras. Qual é a estratégia de Satanás? Como derrotá-la?

Ouçamos essa pequena história. Satanás, o Príncipe das Trevas, convocou uma assembléia mundial reunindo todos os demônios. Ele começa seu discurso de abertura: “Não podemos impedir os católicos de ir à igreja, não podemos impedi-los de ler a Bíblia ou de saber a verdade, nem podemos impedi-los de estabelecer uma relação de amizade com seu Salvador. Ora, uma vez que eles tenham estabelecido essa relação íntima e real com Jesus, nosso poder sobre eles será quebrado."

E continua: “Deixemo-los irem à igreja, mas roubemos o tempo que lhes resta, para que não tenham a possibilidade de manter a sua relação ou união com Jesus Cristo.” E aqui, Satanás fala de todas essas pessoas que vêm à missa no domingo porque é preceito, mas, depois do santo sacrifício, não tem tempo para fazer sua ação de graças, nem para se beneficiar da presença de Deus em sua alma. Eles são “trabalhadores contratados” ou mesmo “católicos de domingo”: agem como católicos no domingo mas como pagãos no resto da semana!

No inferno, a reunião prossegue: “Como roubaremos o tempo dos homens?” Perguntam os outros demônios ao seu mestre.

Imbuído de sua própria excelência e transbordando de autossuficiência, Satanás volta a falar: “Eis o que quero que façais: distraí os homens para que não possam se aproximar do seu Salvador e manter a união com Deus ou estado de graça no curso do dia."

“Mas, concretamente, como fazer isso?” replicam os outros demônios. De seu trono de iniqüidade, Satanás desenvolve seu pensamento: “Ocupai a mente dos católicos com as ninharias da vida, em outras palavras, criai muitas questões, bandeiras e situações para ocupar seus pensamentos. Defendei, por exemplo, os direitos ignorando os deveres; defendei a liberdade sacrossanta para que todos pensem que são livres para fazer o que quiserem e como quiserem; advogai o divórcio com todo vosso empenho. Esforçai-vos para desenvolver nos homens todos os vícios, mas especialmente os contrários à natureza.” Ouvem-se aplausos, mas Satanás não interrompe: “Persuadi as esposas a trabalharem longas horas fora de casa; persuadi os maridos a trabalhar seis ou sete dias por semana, dez a doze horas por dia, a fim de ganharem dinheiro suficiente para manter um estilo de vida superficial ou desprezível."

Um pouco sem fôlego, Satanás faz uma breve pausa. Após alguns segundos de silêncio, com muita raiva, pois não há espaço em seu coração para o amor, Satanás clama: "Criai situações que impeçam os pais de passarem tempo com seus filhos e esposas, e vereis a família se desintegrar, os lares deixarão de ser o lugar de paz onde o homem recobra suas forças, minadas pelo trabalho ”

“Não parai, ide mais longe: conspurquem seus pensamentos com imagens e palavras impuras. Despejai o veneno da impureza em todos os lugares, principalmente entre os jovens, usando para isso de todos os meios modernos (televisão, internet, telefone, tablet, redes sociais etc.) a ponto de não poderem mais ouvir a doce e tranquila voz que dirige suas mentes. Enchei todos os lugares com revistas e jornais sujos, mentirosos, revolucionários; bombardeai-os com notícias vinte e quatro horas por dia; mostrai-lhes belas mulheres em revistas e TV, para que os maridos, acreditando que a beleza exterior é o que importa, se desgostem das suas próprias esposas. Sobrecarregai as mães de cansaço, deixando-as desnecessariamente ocupadas, para que seus maridos não mais recebam o amor de que precisam, incitando-os a buscá-lo em outro lugar. Sem dúvida, isso implodirá rapidamente a família. Crede, caros demônios, se a família implodir, a sociedade não tardará a implodir”. Gritos e aplausos ecoam pelo inferno.

O maligno orador continua seu discurso: “Dai aos filhos o Papai Noel para distraí-los e deixá-los no escuro sobre a verdade do Natal; dai-lhes o coelhinho da Páscoa para que ignorem a Ressurreição de Jesus e seu poder sobre o pecado e a morte; dai-lhes o mundo virtual para retirá-los da realidade; sugeri a seus pais lhes dêem todos os direitos sobre a organização da casa. Desde o berço, deveis atacar as crianças a fim de transformá-las em homens sem princípios, como juncos curvados pelo vento. Funcionará! O plano é bom, crede em mim. "

Por fim, em tom sério e autoritário, Satanás acrescenta: “Se seguirdes essa estratégia, triunfaremos. Ao trabalho! Existem almas, famílias, nações esperando por vós. Não me decepcionais porque tenho ainda muitos lugares aqui no inferno. Bem sabeis, demônios, que em nossas fileiras não há greve, desemprego ou qualquer reivindicação. Trabalhamos sem parar para a perda de almas. Ide a todos os países, semeai ódio, discórdia, ciúme, mentiras, impureza, irreligião, roubo etc. Começai a trabalhar e fogo aos preguiçosos! "

Os demônios treinados por seu líder correram para implementar a estratégia do mestre, gritando: "Que os católicos do mundo estejam cada vez mais apressados, atarefados, agitados em todas as direções, sobrecarregados, para que não pensem mais em Deus ou em suas famílias. Acima de tudo, que os homens da Igreja não tenham mais tempo ou desejo de pregar aos homens a verdadeira doutrina de Jesus. Vamos ocupá-los com assuntos do mundo, ajudá-los a buscar apenas seus próprios interesses às custas da Igreja. "

Que cada um de nós, ciente dos esquemas do diabo, examine-se para ver se não caímos em suas armadilhas. Que cada um de nós renove a sua vontade de conformar a sua vida à doutrina salvífica de Cristo Jesus, e não aos slogans do mundo e do diabo. Como nos diz São Paulo, "não sejamos vencidos pelo mal, mas vencamos o mal com o bem", isto é, vençamos o vício com a virtude, a injustiça com a justiça, o pecado com a contrição. Lutemos e Deus nos dará a vitória!

 

(Le Petit Eudiste no. 216)

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