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Shhh… silêncio!

Irmãs da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

 

A família Ducroit acaba de terminar o jantar. "Ufa, finalmente!" pensa a mãe, cansada pela conversa incessante dos seis filhos durante o jantar, que não sabem ouvir um ao outro. Como sempre, todo mundo lava a louça enquanto o pai vai ao escritório ler o jornal. Para acalmar os filhos, a Sra. Ducroit põe um CD com alguma música. As crianças ouvem um pouco, mas logo retomam a conversa infantil enquanto a música invade a cozinha. Terminada a louça, todos se reúnem para rezar o terço na sala, onde há uma gaiola com alguns canários bonitos. Os pássaros unem seu palreio às Ave Marias enquanto, não distante, o bebê Vicente chora a plenos pulmões. Para piorar, Marcelo brinca com seu caminhão de brinquedo ... Onde está a calma de que todos tanto precisamos?

 

A necessidade de silêncio

É necessário silêncio e calma para o desenvolvimento saudável. Infelizmente, as pessoas não toleram mais o silêncio. Nas lojas, nas salas de espera, nas estações de trem, em toda parte toca-se música. O barulho nos é imposto. Que o silêncio encontre lugar ao menos em nossas próprias casas!

No início, o silêncio pode exigir um esforço dos pais e dos filhos. No entanto, isso se tornará um hábito e será benéfico para todos. Em certos momentos, é apropriado gritar ou se envolver em brincadeiras alegres; por exemplo, durante um jogo de queimado no jardim. Mas, depois, ao voltar para casa, a mãe deve acalmar seu pequeno rebanho.

 

Por que silêncio?

As crianças estão na escola: a mãe passa a roupa em silêncio. Isso a ajuda a recordar, enquanto trabalha, do sermão do domingo anterior. Às quatro horas, ela entra no carro para ir buscar os filhos na escola. Fica feliz ao ver que eles têm muitas histórias para contar, mas faz com que apenas uma criança fale de cada vez, e que as outras saibam ouvir. Além disso, faz perguntas a Catarina, que é sempre quieta e de temperamento lento e, por isso, fica facilmente esquecida no meio dos seus irmãos tagarelas!

Sim, aprender a ouvir é uma coisa importante: ouvir as pessoas ao redor, ouvir a natureza — como o murmúrio de um riacho, a melodia dos pássaros, o barulho da chuva... Isso pode ser ensinado desde a tenra idade com joguinhos: o pai abre a janela e as crianças fecham os olhos para se concentrar e ouvir. Depois de dois ou três minutos, o pai fecha a janela e, por sua vez, todos podem relatar o que ouviram. Este exercício acalma as crianças, e a calma é muito benéfica!

O bebê está chateado e chora com frequência... Por que razão? Talvez seja porque estão movimentando-o mais do que preciso. Durante uma caminhada, passa de um braço para o outro, erguem-no se chora, levam-no daqui para lá.

Também é em silêncio que a mãe da família extrai energia e força para ensinar tranqüilidade aos seus queridos filhos. Para isso, ela deve saber como se sacrificar às vezes e desligar o telefone...

Para a criança, escutar é sinônimo de docilidade e receptividade: qualidades necessárias para crescer e construir caráter.

 

Seguindo o ritmo da criança

Além disso, o silêncio é contrário a um certo espírito de competição, que consiste no desejo de produzir muitas coisas rapidamente. Uma criança é normalmente lenta e, quando deixada no seu ritmo, é capaz de passar minutos inteiros olhando para uma foto, jogando incansavelmente o mesmo jogo, ouvindo a mesma música, a mesma história… ela precisa de certo tempo para se vestir, comer, pensar. Quando nós adultos exigimos que as crianças trabalhem rapidamente, quando compartilhamos nosso estresse com as crianças, estamos destruindo uma pequena parte do reino do seu silêncio interior!

É por isso que nem sempre é bom impor uma série de atividades nos fins de semana e subtrair das crianças o tempo precioso que passariam calmamente em seus quartos, em seus pequenos universos. Elas devem “baixar a bola", como se diz hoje, envolver-se em atividades que desenvolverão a sua imaginação e lhes farão descobrir, no seu ritmo, a beleza do mundo que as rodeia.

 

Algumas Práticas

Neste mundo agitado, é preciso reaprender a valorizar e amar o silêncio. Junte-se aos momentos de silêncio alguma atividade que seus filhos gostem. Clarinha gosta muito de desenhar. Às 19:00, quando seus irmãos vão dormir, ela, que é a mais velha, ainda tem meia hora acordada. Seus pais pedem que faça silêncio para não incomodar os pequenos. Durante esse período, Clarinha desenha e, até hoje, tem boas lembranças desses momentos.

O contato com a natureza também promoverá o gosto do silêncio: um belo passeio na floresta, nas montanhas, à beira-mar permitirá ouvir o canto dos pássaros, o som de uma cachoeira e rejuvenescerá toda a família.

O sono dos mais novos, durante o dia, pode ser uma ocasião de responsabilidade para os mais velhos: “Quietinhos! Não façam barulho porque sua irmãzinha dormiu e não devemos acordá-la!"

Finalmente, durante a oração em família, que, de acordo com a idade das crianças, será mais ou menos breve, os pais devem insistir desde cedo para que os brinquedos sejam deixados de lado, a fim de que a criança esteja totalmente presente em tudo o que faz. Para ajudar, devemos tentar que nossos filhos pequenos participem o máximo possível. Da mesma forma, durante a Missa, se os mais jovens precisarem de algo "material" para ocupá-los, daremos preferência a objetos religiosos que não fazem barulho (rosários de plástico, cartões sagrados em um álbum, livro de pano ou missal...)

Trabalhemos corajosamente para que esses momentos de silêncio, que pedimos a nossos filhos, não sejam um estorvo, mas um tempo de paz, um tempo desejado pelos seus benefícios. É também assim que a vida interior é capaz de se desenvolver, porque “O silêncio é a ajuda que damos a Deus para que Ele nos encha (com Sua vida), como deseja” (Madre Maria de Jesus, O.C.D.).

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