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Se Cristo sabe tudo, como pode dizer que não sabe o dia do julgamento?

Cremos que Cristo, como a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sabe tudo, pois Ele é Deus. Então como Ele pode dizer que não sabe o dia do Julgamento, mas apenas o Pai?

As palavras nas quais essa dificuldade se baseia podem ser encontradas no Evangelho: “A respeito, porém, desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai” (Mc 13, 32).

Essas palavras podem ser explicadas de duas maneiras, que refutam essa aparente dificuldade levantada na pergunta.

Primeiro, poderíamos salientar que Deus Filho, que se tornou homem, fala aqui não enquanto Deus, mas enquanto homem. Concluímos disso que Ele está falando sobre o conhecimento que tem enquanto homem. Pois Cristo, que era Deus e homem, tem um conhecimento perfeito, infinito, enquanto Deus; mas, enquanto homem, é claro, Ele possuía um tipo de conhecimento diferente, não sabendo, assim, tudo que sabia enquanto Deus.

Poderíamos dizer que Cristo fala aqui do mesmo modo que quando fala que o Pai é maior que Ele: que fala de sua natureza humana e de seu conhecimento humano, e que Ele, portanto, meramente indica que não sabe o dia do Julgamento enquanto homem.

Essa explicação, porém, foi rejeitada por um decreto do Santo Ofício em 05 de junho de 1918; portanto, devemos crer que, mesmo enquanto homem, em virtude de seu conhecimento humano, Cristo sabia todo o passado, presente e futuro; e, portanto, também conhecia o dia do Julgamento. É por essa razão que fazemos melhor em aderir à explicação tradicional que Santo Tomás de Aquino nos dá: Cristo não sabia o dia e a hora do julgamento com scientia communicabilis, isto é, com um conhecimento que poderia compartilhar com os outros. Foi por isso que disse que não sabia. Afinal de contas, nós também podemos responder a perguntas inadequadas sobre coisas que não podemos revelar dizendo: “Eu não sei”.

Com essas considerações, podemos dizer que os apóstolos demostraram uma curiosidade inadequada sobre o dia do Julgamento. E, portanto, Cristo indicou que o dia e a hora permaneceriam desconhecidos até que o Pai os tornasse conhecidos.

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