Skip to content

A criança desleixada

Eis uma parte verdadeiramente importante da educação das crianças: ensiná-las não apenas a fazer o que lhes é pedido, mas a fazê-lo bem. De que são compostas nossas vidas humanas? De uma série de pequenos eventos. Como os milhões de grãos de areia que compõem uma praia, eles parecem insignificantes. Mas, uma vez juntos, compõem o tecido da nossa vida.

As pequenas ações de seus filhos a todo momento, suas pequenas reações de alegria ou raiva, estão cheias de um poder inesperado. A ruína de muitas almas começa com pequenos erros: uma mentira para encobrir a preguiça, uma hora passada com maus amigos... Não é grande coisa, alguém poderia dizer. Mas os hábitos são formados rapidamente e, embora a consciência grite um pouco na primeira vez, logo ela é abafada.

Para a maioria das crianças, não há uma oportunidade decisiva de heroísmo em suas vidas. Mas elas podem ser heróicas todos os dias, fazendo as mesmas pequenas coisas repetidas vezes, após o exemplo de Nosso Senhor, que “fez tudo bem” (Mc 7). Como?

Apenas contemple a obra-prima de Deus que chamamos de Criação. Dê uma olhada no microscópio neste cristal com seus tons cintilantes de verde. Uma esmeralda? Não, um cristal de açúcar! Deus faz todas as coisas perfeitamente. E Ele deseja que o imitemos: "Sede perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito". Ser perfeito naquilo que Ele nos deu: os momentos da nossa vida.

 

Agir por Caridade

Alguns exemplos: limpar o quarto porque a mãe mandou é uma boa ação, mas "limpá-lo bem para fazê-la feliz" é um ato de caridade. Aprender a lição por necessidade é uma boa ação, mas aprendê-lo "da melhor maneira possível" é um ato de caridade. Com esta varinha mágica chamada “fazer o nosso melhor para agradar Jesus”, nossas ações diárias são transformadas de grãos de areia em pedras preciosas. Ler um livro com cuidado, sentar-se adequadamente à mesa, responder educadamente quando questionado... Obedecer prontamente, não conversar durante as aulas, oferecer-se para ajudar, não responder… tudo isso pode ser ato de caridade.

No entanto, não devemos esquecer que nem todas as crianças têm os mesmos talentos. Portanto, o objetivo não é necessariamente a perfeição material do trabalho ou ação. Devemos sugerir um objetivo adaptado a cada criança, sem comparar uma criança menos dotada a um camarada mais talentoso que obtém os mesmos resultados sem nenhum esforço.

 

A Catedral de Milão

Procurar fazer tudo bem também significa trabalhar sem buscar recompensas. Nosso mundo moderno tem outros padrões: "relação custo-benefício", "salário", "realização rápida" e não apenas "realização". Um dia alguém perguntou ao escultor das magníficas estátuas no alto da Catedral de Milão por que ele estava se esforçando tanto. Quem veria as estátuas do chão? Ele respondeu: “Do chão, ninguém; mas Deus as verá.” Isso é amor verdadeiro, amor que não busca outra recompensa senão a de agradar a Deus. Antes de chegarem ao ponto de agir habitualmente “para fazer Jesus feliz”, as crianças precisam que suas ações sejam recompensadas de vez em quando, mas sem que isso se torne uma obrigação, o que seria o caso se toda boa ação lhes desse o direito a um "salário."

Não devemos nos vender: as crianças não são naturalmente atraídas pelo esforço, elas preferem o prazer imediato. Como podemos incutir nelas um senso de dever? A oração obtém todas as coisas. Reze e ensine seus filhos a rezar.

Também é importante que elas terminem o que começaram, seja trabalho, jogo, desenho... Terminar em todos os sentidos da palavra: completar e fazer bem. Não aceite um trabalho pela metade ou mal feito nem termine o que seu filho começou e desistiu na primeira dificuldade. Ajude-o a terminar o trabalho se precisar de ajuda. Pouco a pouco, ele aprenderá a pedir conselhos e perseverar: é preciso paciência e humildade. Incentive-o a voltar às mesmas ocupações todos os dias com alegria. O objetivo precisa ser claro: é para Deus, Ele ama coisas bonitas! Os pais podem contar com o tesouro da generosidade que está no coração dos seus pequenos.

Há uma alegria legítima e benéfica em ver nosso trabalho bem feito, e este é um excelente incentivo para continuarmos a "fazer o nosso melhor". Um trabalho malfeito, no entanto, após o alívio de nos livrarmos da tarefa, deixa uma sensação desagradável de insatisfação, de trabalho inacabado. A alma nunca encontra satisfação no “aproximado".

Dê aos seus filhos pequenas responsabilidades na vida familiar, como alimentar o peixe, pôr a mesa ou varrer uma escada. Obviamente, você precisará verificar e eles precisam ser corrigidos se falharem em seu dever; mas assim que fazem o melhor possível, o sorriso da mãe e algumas palavras gentis de encorajamento podem fazer maravilhas. As crianças precisam aprender em tenra idade que, quando pai e mãe são felizes, Jesus também é feliz.

E, por fim, lembre-se bem deste provérbio que é a chave do Céu: "Ser santo não significa fazer coisas extraordinárias, mas fazer coisas comuns extraordinariamente bem".

AdaptiveThemes