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Artigo 3 - Se a econômica deve ser considerada espécie de prudência.

O terceiro discute-se assim. – Parece que a econômica não deve ser considerada espécie de prudência.

1. – Pois, como diz o Filósofo, a prudência se ordena à perfeição de toda a vida moral. Ora, a econômica se ordena a um fim particular, que são as riquezas, segundo Aristóteles. Logo, a econômica não é espécie de prudência.

2. Demais. – Como se disse acima, a prudência só tem por objeto o bem. Ora, a econômica também pode dizer respeito ao mal; assim, muitos pecadores são providos no governo da família. Logo, a econômica não deve ser considerada espécie de prudência.

3. Demais. – Como num reino há chefe e súditos, assim também numa casa. Se pois, a econômica é uma espécie de prudência, como a política, deveríamos admitir também uma prudência paterna, como há uma própria da arte de reinar. Ora, esta não existe. Logo, também não se deve considerar a econômica como espécie de prudência.

Mas, em contrário, diz o Filósofo que daquelas, isto é, das prudências que tem por objeto o governo da multidão, uma é a econômica; outra, a arte de legislar e, outra, a política.

SOLUÇÃO. – A natureza do objeto diversificada segundo o universal e o particular, ou segundo o todo e a parte, diversifica as artes e as virtudes; e, por essa diversidade, uma virtude é principal, em relação às outras. Ora, é manifesto que a família ocupa uma posição média entre a pessoa particular e a cidade ou o reino. Pois, como uma pessoa singular é parte da família, assim cada família o é da cidade ou do reino. Por onde, assim como a prudência, em sentido geral, que dirige as ações do particular, distingue-se da prudência política, assim, é necessário que a econômica se distinga de uma e outra.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – As riquezas se relacionam com a econômica, não como fim último, mas como uns instrumentos, segundo Aristóteles. Pois, o fim último da econômica é a boa direção da vida, no seu conjunto, relativamente à sociedade doméstica. Ora, é a título de exemplo, que o Filósofo considera as riquezas como fim da econômica, fundado na tendência do maior número.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Em relação a certas particularidades necessárias, a uma família, certos pecadores podem proceder providamente; mas, não o podem, em relação à boa direção da vida, na sociedade doméstica, em seu conjunto. Ora, para isto, sobretudo é necessária a vida virtuosa.

RESPOSTA À TERCEIRA. – O pai de família tem uma certa semelhança com o governo real, como diz Aristóteles as não tem, como o rei, o poder de governar, na sua plenitude. Por isso não existe, em separado, uma espécie de prudência paterna, como o implica a arte de reinar.

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