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Artigo 7 - Se a prudência pertence estabelecer o meio termo nas virtudes morais.

O sétimo discute-se assim. – Parece que à prudência não pertence estabelecer o meio termo nas virtudes morais.

1. – Pois, atingir o meio termo é o fim das virtudes morais. Ora, a prudência não preestabelece o fim às virtudes morais, como se demonstrou. Logo, não lhes estabelece o meio termo.

2. Demais. – O que existe por si mesmo não tem causa, mas o seu ser é a causa de si mesmo; pois, cada coisa é tal pela sua causa. Ora, existir como um meio termo convém à virtude moral por si mesma, por estar isso incluído, por assim dizer, na definição dela, como do sobredito se colhe. Logo, a prudência não é a causa do meio termo das virtudes morais.

3. Demais. – A prudência obra ao modo da razão. Ora, a virtude moral tende para o meio termo, a modo de natureza; pois, como diz Túlio virtude é um hábito conforme por natureza, à razão. Logo, a prudência não preestabelece o meio termo às virtudes morais.

Mas, em contrário, a definição da virtude moral supra referida, diz que ela consiste numa mediedade, determinada pela razão, como o sábio o determinaria.

SOLUÇÃO. – O mesmo conformar-se à razão reta é o fim próprio a cada virtude moral. Assim, a temperança visa impedir o homem de, por causa da concupiscência, afastar-se da razão; semelhantemente, a fortaleza, que dela se afaste, levado do temor ou da audácia. E tal fim é preestabelecido ao homem de conformidade com a razão natural; pois, a razão natural dita a cada um que viva segundo a razão. Mas, é por disposição da prudência que o homem sabe, ao agir, de que modo e por que meios, atingirá o meio termo racional. Por onde, embora o fim de toda virtude moral seja atingir o meio termo, contudo, é pela reta disposição dos meios, que esse meio termo é atingido. Donde se deduz clara a resposta à primeira objeção.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Assim como um agente natural leva a forma a existir na matéria, sem ser, contudo a causa de convir à forma o que já nela existe por natureza; assim também, a prudência constitui o meio termo das paixões e dos atos, sem contudo ser causa de convir à virtude a busca do meio termo.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A virtude moral visa atingir, a modo de natureza, o meio termo. Ora, este não existe do mesmo modo em todas as coisas. Por onde, a inclinação da natureza, que sempre obra do mesmo modo, não basta para tal, e é necessária a intervenção da prudência.

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