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Artigo 7 - Se foi convenientemente dado o preceito do amor do próximo.

O sétimo discute-se assim. Parece que foi inconvenientemente dado o preceito do amor ao próximo.

1. Pois, o amor de caridade estende-se a todos os homens, mesmo aos inimigos, como se vê no Evangelho. Ora, a denominação de próximo implica uma certa, proximidade que parece não convir a todos os homens. Logo, parece que esse preceito foi dado inconvenientemente.

2. Demais. Segundo o Filósofo, amizade que temos por outrem vem da que temos por nós mesmos; donde, a amizade por nós mesmos é o princípio da amizade pelo próximo. Ora, o princípio é anterior ao que dele deriva. Logo, o homem não deve amar ao próximo como a si mesmo.

3. Demais. O homem ama-se a si mesmo naturalmente não porém ao próximo. Logo, é inconvenientemente mandado amar ao próximo como a si mesmo.

Mas, em contrário, o Evangelho: O segundo preceito é semelhante a este: Amarás a teu próximo como a ti mesmo.

SOLUÇÃO. O preceito em questão foi dado convenientemente, pois, compreende a razão de amar e o modo do amor. A razão de amar está compreendida na demoninação de próximo. Pois devemos amar aos outros com caridade, porque são nossos próximos, tanto por serem naturalmente a imagem de Deus, como por serem capazes da glória. Nem importa se se fala de próximo ou de irmão, como o faz o Evangelho, ou de amigo, como está no Antigo Testamento, porque todas essas expressões designam a mesma afinidade. Por outro lado, o modo do amor está compreendido na expressão - como a ti mesmo. O que não se deve entender como significando que devemos amar ao próximo com um amor igual, mas semelhante, ao com que nós amamos a nós mesmos. E isto, sob uma tríplice relação. - Primeiro, relativamente ao fim, isto é, devemos amar ao próximo por amor de Deus, assim como por amor de Deus devemos nos amar a nós mesmos; para que seja assim, santo o amor do próximo. - Segundo, relativamente à regra do amor, isto é, que não condescendamos com o próximo em nada de mau, mas, só no bem, assim como devemos satisfazer a nossa vontade só para as coisas boas; para que, assim, seja o amor do próximo justo. - Terceiro, relativamente à razão do amor, isto é, não devemos amar ao próximo por qualquer utilidade ou deleitação nossa, mas, pela razão de lhe querermos bem, assim como o queremos para nós mesmos; para que, assim o amor do próximo seja verdadeiro. Pois, quando amamos ao próximo por utilidade ou deleitação nossa, amamos verdadeiramente, não a ele, mas a nós mesmos.

Donde se deduzem claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.

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