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Art. 1 – Se a devoção é um ato especial.

O primeiro discute–se assim. – Parece que a devoção não é um ato especial.

1. – Pois, parece que o pertencente ao modo dos outros atos não é um ato especial. Ora, parece que a devoção pertence ao modo dos outros atos, conforme ao lugar da Escritura: Ofereceu toda a multidão hóstias e louvores e holocaustos com um espirito cheio de devoção. Logo, a devoção não é um ato especial.

2. Demais. – Nenhum ato especial se inclui nos diversos gêneros de atos. Ora, a devoção se inclui nesses diversos géneros, a saber, nos atos corpóreos e também nos espirituais. Assim, dizemos que alguém medita devotamente e devotamente genuflecte. Logo, a devoção não é um ato especial,

3. Demais. – Todo ato especial pertence à virtude, ou à potência apetitiva ou à cognoscitiva, Ora, a devoção a nenhuma delas é própria, como claramente o verá quem discorrer por todas as espécies de atos de uma e outra potência, espécies que já foram enumeradas. Logo, a devoção não é um ato especial.

Mas, em contrário, nós merecemos, pelos nossos atos, como foi estabelecido. Ora, a devoção (em uma razão especial de merecer. Logo, a devoção é um ato especial.

SOLUÇÃO. – Devoção deriva de devotar–se; por isso, chamam–se devotos os que de certo modo se devotam a Deus, submetendo–se–lhe totalmente. Donde vem. que, antigamente, entre os gentios, chamavam–se devotos os que por si mesmos se devotavam. à morte, aos ídolos, pela salvação dos seus exércitos, como o narra Tito Lívio a respeito dos dois Décios. Por onde, a devoção não é mais do que uma certa vontade de se dar prontamente ao que respeita o serviço de Deus. Donde o dizer a Escritura que a multidão dos filhos d'Israel ofereceram ao Senhor com prontíssima e afetuosa vontade as primícias. Ora, é manifesto que a vontade de fazer prontamente o que pertence ao serviço de Deus é um certo ato especial. Logo, a devoção é um ato especial da vontade.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – O motor imprime o modo ao movimento do móvel. Ora, a vontade move ás outras potências da alma para os seus atos; e a vontade, como fim, move–se a si mesma à busca dos meios, como já estabelecemos. Por onde, sendo a devoção um ato da vontade do homem que se oferece a si mesmo para servir a Deus, que é o fim último, consequentemente ela impõe o modo aos atos humanos, quer sejam atos da vontade mesma relativamente aos meios, quer das outras potências, movidas pela vontade.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A devoção se inclui nos diversos gêneros de atos, não como espécie desses gêneros, mas, como a moção do motor se inclui virtualmente nos movimentos dos móveis.

RESPOSTA À TERCEIRA – A devoção é um ato da parte apetitiva da alma e é um certo movimento da vontade, como se disse.

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