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Art. 3 – Se a embriaguez é o gravíssimo dos pecados.

O terceiro discute–se assim. – Parece que a embriaguez é o gravíssimo dos pecados.

1. – Pois, diz Crisóstomo, que nada agrada tanto ao demónio como a embriaguez e a lascívia, mãe de todos os vícios. E uma Decretal dispõe: Antes de tudo os clérigos evitem a embriaguez, instigadora e mãe de todos os vícios.

2. Demais. – Chama–se pecado o que exclui o bem da razão. Ora, isso o faz por excelência a embriaguez. Logo, a embriaguez é o máximo dos pecados.

3. Demais. – A grandeza da culpa se revela pela da pena. Ora, a embriaguez parece punida com a máxima pena; assim, diz Ambrósio, que o homem não sofreria a escravidão se não fosse à embriaguez. Logo, a embriaguez é o máximo dos pecados.

Mas, em contrário, segundo Gregório, os vícios espirituais são maiores que os carnais. Ora, a embriaguez está incluída nos vícios carnais. Logo, não é o máximo dos pecados.

SOLUÇÃO. – Chama–se mal ao que priva do bem. Por onde, quanto maior for o bem de que o mal priva, tanto mais grave será este. Ora, é claro, que o bem divino é maior que o bem humano. Portanto, os pecados que vão diretamente contra Deus são mais graves que o da embriaguez, diretamente oposto ao bem da razão humana.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – O homem tem a maior inclinação para o pecado da intemperança, porque as concupiscências e os prazeres que a constituem lhe são os mais conaturais, E, por isso, consideram–se esses pecados como os mais agradáveis ao diabo; não por serem mais graves que os outros, mas, por serem mais frequentes entre os homens.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Ao bem da razão opõem–se duas espécies de obstáculos: um o que é contrário à razão; outro, o que priva do uso da razão. Ora, tem mais da natureza do mal o que contraria a razão, do que aquilo que momentaneamente priva do uso dela. Pois, ao passo que o uso da razão de que nos priva a embriaguez, pode ser bom ou mal, os bens das virtudes) eliminados pelo que contraria a razão, são sempre bons.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A escravidão resultou ocasionalmente da embriaguez, quando sobre Ca~ e a sua posterioridade, recaiu maldição da escravidão, por ter ridicularizado o pai embriagado. Mas, não foi diretamente a pena da embriaguez.

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