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Art. 2 – Se o honesto é o mesmo que o belo.

O segundo discute–se assim. – Parece que o honesto não é o mesmo que o belo.

1. – Pois, a ideia de honesto é deduzida do apetite; porquanto, honesto é o desejado, por si mesmo. Ora, o belo respeita antes a vista, a que agrada. Logo, o belo não é o mesmo que o honesto.

2. Demais. – O belo implica um certo esplendor, o que constitui, na sua natureza mesma. a glória; ao passo que o honesto implica a honra. Ora, a honra e a glória, diferindo entre si, como se disse, parece que também o honesto difere do belo.

3. Demais. – O honesto é o mesmo que a virtude, como se disse. Ora, há um certo belo contrário à virtude; donde a expressão da Escritura: Pondo a tua confiança na tua beleza, entregaste–te à fornicação em teu nome. Logo, o honesto não é o mesmo que o belo.

Mas, em contrário, diz o Apóstolo: E os que temos por mais vis membros do corpo, a esses cobrimos com mais decoro; porque os que em nós são mais honestos não têm necessidade de nada. E ao que nesse lugar chama membros visão os vergonhosos: e os honestos, os belos. Logo, honesto e belo parece identificarem–se.

SOLUÇÃO. – Como podemos concluir das palavras de Dionísio, o pulcro ou o belo, por natureza, implicam e esplendor e a proporção devida. Assim, diz que Deus é belo como a causa da harmonia e do esplendor de todas as causas. Por isso, a beleza do corpo consiste em termos os membros bem proporcionados e dotados de um certo e devido esplendor de cores. E, do mesmo modo, a beleza espiritual consiste em a atividade do homem, isto é, as suas ações serem bem proporcionadas segundo o esplendor espiritual da razão. Ora, isto constitui o honesto, na sua natureza mesma, o qual, como dissemos, é o mesmo que a virtude, que introduz em todas as coisas humanas a regra racional. Por onde, o honesto é o mesmo que a beleza espiritual. Donde o dizer Agostinho: Chamo honesto à beleza intelectual, a que damos propriamente o nome de espiritual. E depois acrescenta haverem muitas belezas visíveis, a que cabe menos propriamente a denominação de honestos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ­ O objeto que move o apetite é o bem apreendido. Ora, o que na apreensão mesma aparece como belo é considerado como conveniente e bom; por isso diz Dionísio, que para todos é amável o belo e o bem. Por onde, o honesto mesmo, enquanto dotado de beleza espiritual, torna–se desejável. Por isso, diz Túlio: Vês a forma mesma e a como face do honesto; a qual, se com os olhos fosse vista, excitaria em nós, como diz Platão, o admirável amor da sabedoria.

RESPOSTA A SEGUNDA. – Como dissemos, a glória é o efeito da honra; pois, por ser louvada e honrada é que uma pessoa se torna ilustre aos olhos dos outros. Por onde, assim como o honorífico se identifica com o glorioso, assim também, o honesto, com o belo.

RESPOSTA A TERCEIRA. – A objeção colhe, se se trata da beleza do corpo. Embora se possa dizer que é possível fornicar espiritualmente por causa da beleza espiritual; assim, quando nos ensoberbecemos com a nossa própria beleza. Donde o dizer a Escritura: E o seu coração se elevou no teu esplendor; tu perdeste a tua sabedoria na tua formosura.

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