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Art. 2 – Se a prodigalidade é pecado.

O segundo discute–se assim. – Parece que a prodigalidade não é pecado.

1. – Pois, diz o Apóstolo: A raiz de todos os males é a avareza. Ora, não é raiz à prodigalidade, que se lhe opõe. Logo, a prodigalidade não é pecado.

2. Demais. – O Apóstolo diz: Manda aos ricos deste mundo que deem que repartam francamente. Ora, é isto, sobretudo o que fazem os pródigos. Logo, a prodigalidade não é pecado.

3. Demais. – É próprio da prodigalidade dar com Superabundância e não ter solicitude com as riquezas. Ora, isto é principalmente próprio dos varões perfeitos, cumpridores do que disse o Senhor: Não andeis inquietos pelo dia de amanhã; e: Vende o que tens e dá–o aos pobres. Logo, a prodigalidade não é pecado.

Mas, em contrário, o filho pródigo foi censurado pela sua prodigalidade.

SOLUÇÃO. – Como já dissemos, a prodigalidade se opõe à avareza pela oposição de excesso e defeito. Ora, a mediedade da virtude desaparece por essas duas causas. Pois, é vicioso e pecado o que corrompe o bem da virtude. Donde se conclui que a prodigabilidade é pecado,

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – As palavras citadas do Apóstolo, alguns as entendem como referentes, não a cobiça atual, mas a uma concupiscência habitual, que é a concupiscência, como atrativo, da qual nascem todos os pecados. Outros, porém dizem, que elas se referem à cobiça em geral, relativamente a qualquer bem. E assim é manifesto, que também a prodigalidade nasce da cobiça; pois, o pródigo deseja conseguir algum bem temporal, desordenadamente, ou agradar aos outros, ou ao menos satisfazer à sua vontade, dando. – Mas, quem considerar com atenção verá que o Apóstolo se refere, nesse lugar, literalmente, à cobiça das riquezas; pois, antes, dissera: Os que querem se tornar ricos. etc. E assim, diz que a avareza é a raiz de todos os males, não que todos sempre nasçam ela, mas que não há nenhum que às vezes dela não nasça. Por onde, também a prodigalidade e às vezes nasce da avareza; tal, no e quem gasta muito, pradigamente, com a intenção de captar o favor de outros, para deles receber riquezas.

RESPOSTA À SEGUNDA. – O Apóstolo adverte os ricos para que deem francamente e repartam o que é seu, como é necessário. O que não fazem os pródigos; pois, como diz o Filósofo, as dádivas deles não são boas, nem em vista do bem, nem o fazem como devem; mas, às teses dão muito aqueles que deveriam ser pobres, como os histriões e os aduladores, ao passo que não dão nada aos bons.

RESPOSTA À TERCEIRA. – O sobre–excesso da prodigalidade não é relativo, principalmente, à quantidade do que é dado; mas, aquilo que era necessário fazer–se. Por onde, às vezes, o liberal dará mais que o pródigo, se for preciso. Assim, pois, devemos dizer que os que dão tudo, com a intenção de seguir a Cristo, e afastam para longe do seu coração a solicitude com os bens temporais, não são pródigos mas perfeitamente liberais.

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