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Art. 7 – Se a distância local Impede o conhecimento da alma separada.

O sétimo discute–se assim. – Parece que a distância local não impede o conhecimento da alma separada. 

1. – Pois, diz Agostinho: as almas dos: mortos estão onde não se podem saber as causar passadas neste mundo. Sabem, entretanto, o que se faz entre elas. Logo, a distância local impede o conhecimento da alma separada.

2. Demais. – Agostinho diz: os demônios, pela celeridade do movimento, anunciam certas coisas que nos são desconhecidas: Ora, a agilidade do movimento de nada serviria para tal, se a distância local não impedisse o conhecimento dos demônios. Logo, com maior razão, a distância local impede o conhecimento da alma separada, inferior, por natureza, ao demônio.

3. Demais. – Assim como uma cousa dista localmente, assim também dista temporalmente. Ora, a distância temporal impede o conhecimento da alma separada; pois ela não conhece os futuros. Logo, resulta que a distância local também impede o conhecimento da mesma.

Mas, em contrário, diz a Escritura, que o rico, nos tormentos, levantando os olhos, viu Abraão de longe. Logo, a distância local não impede o conhecimento da alma separada.

SOLUÇÃO. – Certos ensinaram que a alma separada conhece as coisas singulares abstraindo das sensíveis. E se fosse verdade, poder–se–ia dizer que a distância local impede o conhecimento da alma separada. Pois, seria necessário que os sensíveis agissem sobre ela, ou esta, sobre os sensíveis. E num e noutro caso, seria necessária uma distância determinada. – Mas, tal opinião é impossível, porque a abstração das espécies, dos sensíveis, faz–se mediante os sentidos e outras potências sensíveis, que não permanecem atualmente na alma separada. Pois, a alma separada intelige os singulares pelo influxo das espécies, proveniente do lume divino, cujo lume se comporta do mesmo modo, tanto com o que está próximo como com o que está distante. Por onde, a distância local de nenhum modo impede o conhecimento da alma separada.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ­ Agostinho não diz que é porque estão as almas dos mortos nesse lugar, que as coisas passadas neste mundo não podem ser vistas, de modo a se crer que a distância local seja a causa de tal ignorância; mas isso pode se dar por algum outro motivo, como a seguir se dirá.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Agostinho se exprime, nesse passo, segundo a opinião de certos, pela qual os demónios têm corpos que lhe estão naturalmente unidos. E, segundo essa opinião, também eles podem ter potências sensitivas, para cujo conhecimento é necessária determinada distância. E a essa opinião Agostinho se refere expressamente no mesmo livro, embora pareça que nela toca antes expondo–a que aceitando–a, como é claro pelo que diz na Cidade de Deus.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Os futuros, que distam temporalmente, não são entes em ato. Por isso não são cognoscíveis em si mesmos; pois, a deficiência que houver, em relação à entidade, haverá também em relação à entidade, haverá também em relação à cognoscibilidade. Ora, os seres distantes, localmente, são seres em ato e, em si, cognoscíveis. Por onde, não tem o mesmo fundamento a distância local e a temporal.

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