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20. Segunda-feira depois do III domingo da Quaresma: Pela Paixão fomos libertados do poder do diabo.

 Segunda-feira da III Semana da Quaresma 

 O Senhor disse, na iminência da Paixão: «Agora será lançado fora o príncipe deste mundo, e eu, quando for levantado da terra, todas as coisas atrairei a mim mesmo» (Jo 12, 31). Ora, o Senhor foi levantado da terra pela Paixão da cruz. Logo, por ela o diabo foi privado do seu poder sobre os homens.
 
Sobre o poder que o diabo exercia sobre os homens, antes da Paixão de Cristo, devemos fazer tríplice consideração:
  
1. A primeira, relativa ao homem, que pelo seu pecado mereceu ser entregue ao poder do diabo, por cuja tentação fora vencido;
  
2. A outra, relativa a Deus, a quem o homem ofendera pecando, e que na sua justiça abandonou o homem ao poder do diabo. 
  
3. A terceira é relativa ao diabo, que com sua vontade perversíssima impedia o homem de alcançar a sua salvação.
  
Assim, pois, no tocante à primeira consideração, o homem foi libertado do poder do diabo pela Paixão de Cristo, porque a Paixão de Cristo é a causa da remissão dos pecados.
   
Quanto à segunda, a Paixão de Cristo nos livrou do poder do diabo, por nos ter reconciliado com Deus. 
   
No tocante à terceira, a Paixão de Cristo nos liberou do diabo, porque nela o diabo ultrapassou a medida do poder que Deus lhe conferira, maquinando a morte de Cristo, que não merecera morte por não ter nenhum pecado. Donde o dizer Agostinho: «Pela justiça de Cristo foi vencido o diabo, porque apesar de nada ter encontrado nele digno de morte, contudo o matou. E portanto era justo que os devedores que detinha em seu poder fossem mandados livres, crentes em Cristo, que o diabo matou, apesar de não ter nenhum débito.»
  
É verdade que o diabo pode, ainda agora, com a permissão de Deus, tentar os homens na alma e vexar-lhes o corpo; contudo, foi-lhe preparado ao homem o remédio da Paixão de Cristo, com o qual pode defender-se contra os ataques do inimigo, a fim de não ser arrastado à perdição da morte eterna. E todo os que, antes da Paixão, resistiam ao diabo, assim o puderam fazer pela fé na Paixão de Cristo. Embora, não estando essa Paixão ainda consumada, de certo modo ninguém pudesse escapar às mãos do diabo, livrando-se assim de descer ao inferno; ao passo que depois da Paixão de Cristo todos podemos nos defender contra o poder diabólico.   
  
Deus permite ao diabo enganar certas pessoas, em certos tempos e lugares, por uma razão oculta dos seus juízos. Mas sempre, pela Paixão de Cristo está preparado aos homens o remédio para se defenderem das perversidades dos demônios, mesmo no tempo do Anticristo. E o fato de certos descuidarem de servir-se desse remédio em nada faz diminuir a eficácia da Paixão de Cristo.
   
 III, q. XLIX, a. II
      
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

 

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