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10 de janeiro: Sobre a procura de Deus [*]

10 de janeiro
    
« Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição » (Lc 2, 48)
 
Por estas palavras somos exortados a procurar Deus, como freqüentemente nos adverte as Escrituras. Ora, devemos aqui meditar em três coisas: 1. Quem o procura; 2. O modo pelo qual o procura; 3. O dever de procurá-lo.
  
1. Quem procurava Jesus era Maria e José: teu pai e eu. Por quem se designa os dois gêneros de homens por quem Deus é procurado: os contemplativos, na contemplação e os ativos, na ação
   
« Maria » significa « iluminada », e representa os contemplativos, que, na contemplação, recebem a luz divina. « José » significa « aumento », e representa os ativos que devem crescer pelas obras de misericórdia. Por estes, Deus é procurado. Sobre ambos, diz a Escritura (Sl 104, 3): « alegre-se o coração dos que buscam o Senhor: buscai o Senhor e sereis confirmados ». O primeiro é próprio dos contemplativos, que estão em contínua alegria e júbilo; o segundo, dos ativos, que, às vezes, precisam muito ser confirmados.
 
Ou, por Maria, estrela do Mar, se designa a fé e, por José, o aumento da caridade. A fé busca a Deus enquanto nosso pai; a caridade, enquanto sumo bem. De ambas as coisas, diz a Escritura (Ct 5, 6): « A minha alma liquefez-se ao som de sua voz; procurei-o e não o encontrei ». Isto é, na medida em que Ele falou, o procurei, pois a fé vêm pelo ouvido. E na medida em que Deus é amado, busca-lhe a caridade, pois é a caridade que une o amante ao amado. Entretanto, se é pela caridade que o procuramos, seguramente o encontraremos. 
  
2. Sobre o modo de procurá-lo, observa que a Deus deve-se buscar de sete modos, como se pode inferir no texto: com pureza de espírito, para que sejamos purificados de todo pecado, « todos aqueles que, separando-se da corrupção dos povos do país, se tinham unido a eles, para buscarem o Senhor » ( Es 6, 21); com simplicidade de intenção, « buscai-o com simplicidade de coração » (Sb 1, 1); de todo coração, para que somente nele pensemos; com toda vontade, para que somente desejemos a ele, « de todo seu coração e com toda sua vontade buscaram a Deus, e o encontraram » (2 Pr 15, 15); com pressa, antes que passe o tempo no qual se o possa encontrar, « Buscai o Senhor, enquanto se pode encontrar » (Is 55, 6); com perseverança, sem cessar, « buscai sempre a sua face » (Sl 104, 4); com a dor de nossos pecados.   
   
3. É um dever buscar a Deus; te procurávamos, diz Maria. Ora, deve-se buscá-lo por quatro razões:
  
Porque Deus é justo, e se oferece aos que o buscam. Ora, nisso está a sua justiça, pois ninguém o procura como se deve, que não o encontre.
  
Porque é manso, e acolhe benignamente os que o buscam.
 
Porque é bom, e glorifica e recompensa os que o buscam: « O Senhor é bom para os que nele esperam, para a alma que o busca » (Lm 3, 25).
  
Enfim, porque dá a vida eterna àqueles que o buscam: « reanimai o vosso coração, vós que buscai a Deus » (Sl 68, 33)
 
 
De Humanitate Jesu
  
 (P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae. Tradução: Permanência)

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