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A Estultícia

3 de agosto
 
I. ― A estultícia importa embotamento do coração e obtusidade dos sentidos. O embotamento se opõe à acuidade. Por isso, se chama por semelhança, agudo ao intelecto, quando pode penetrar o íntimo dos objetos que lhes são propostos. Ao contrário, o embotamento faz com que a mente não lhes possa penetrar esse íntimo. Estulto se chama ao intelecto que julga erradamente sobre o fim comum da vida. Por isso, opõe-se propriamente à sabedoria, que torna reto o juízo sobre a causa universal.
  
(IIa IIae. q. VIII, a. VI, ad 1) 

II. ― Assim compreendida, a estultícia é pecado. Ela implica uma certa estupidez do sentido ao julgar e sobretudo no concernente à causa altíssima, que é o fim último e o sumo bem.
 
Ora, em tal matéria, o homem pode sofrer dessa estupidez no julgar de dois modos:
 
De um modo, por indisposição natural, como se dá com os loucos; e tal estultícia não é pecado.
 
De outro, por mergulhar o homem os sentidos nas coisas terrenas, o que o torna de senso incapaz de perceber as coisas divinas, conforme aquilo do Apóstolo (1 Cor 2, 14): O homem animal não percebe aquelas coisas, que são do Espírito de Deus; assim como quem tem o gosto depravado pelos maus humores, não sente o que é doce. E tal estultícia é pecado.
 
III. ― A estultícia da qual falamos é filha da luxúria. Quando é pecado, nasce do embotamento do senso espiritual, que o torna inapto para julgar das coisas espirituais. Ora, o sentido do homem chafurda-se nas coisas terrenas sobretudo pela luxúria, que versa sobre os mais intensos prazeres, que absorvem soberanamente a alma. Por onde, a estultícia que é pecado nasce principalmente da luxúria.
     
(IIa IIae. q. XLVI) 
     
         
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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