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Santa Teresinha

Eu temia que o bom Deus

depressa a levasse para si”.

A irmã mais velha de Teresa Martin assim exprimiu sua admiração e seu temor quando, aos oito anos, a irmãzinha lhe pedia mais oração, como quem tem sede. E tinha razão de admirar e tremer, porque na vida de Teresinha tudo a infância precoce, a adolescência abreviada, a licença especial de entrar no Carmelo com 15 anos, o noviciado, os sete anos de vida consagrada, o tempo escasso de escrever por obediência sua história pequenina, a morte rápida e devorante tudo na vida de Teresinha parece acelerado, abreviado, como se Deus efetivamente tivesse pressa de levá-la para si. Ou tudo parece espicaçado e exigido por um Senhor impaciente como há quatro séculos aconteceu com outra grande pequenina de França, a quem o próprio São Miguel veio soprar:

Va fille de Dieu! Va!

 

A Igreja também teve pressa de

a reclamar para si, para nós.

Em outubro de 1897, quando a Europa se aprontava para encerrar pomposamente o século das luzes e das glórias do homem, e se preparava para entrar no ainda mais estridente século XX, Teresa do Menino Jesus e da Santa Face morria no silêncio e na obscuridade. Mas ela mesma anunciara que seu céu seria trabalhoso, e que lá cumpriria o que seu Amor não permitira que fizesse na terra em tão curta vida. “Je veux passer mon ciel à faire du bien sur la terre”.

Para isto, porem, de algum modo ela teria de voltar. E foi isto que anunciou: “Eu descerei” (Nov. verba 12-julho-97); e mais: “Depressa percorrerei todo o mundo” (carta a Sr. Geneviève, set. 97).

O prodígio se efetua com a aparição de História de uma alma que de mão em mão dá a volta ao mundo, transforma vidas, salva almas, converte corações endurecidos, chega ao Extremo Oriente, traduz-se em chinês e japonês, e chega a Roma. E aí, aonde a rotina e a prudência, ora uma ora outra, aconselham a lentidão dos processos, faz-se sentir novamente o ímpeto de Teresinha e a pressa de Deus. Pio X maravilha-se com o que lê e manda apressar o processo de beatificação que ele mesmo assina dois meses antes de morrer. Benedito XV, não menos impressionado que Pio X, promulga solenemente o decreto com que a Igreja reconhece a herocidade das virtudes da Serva de Deus, faz o panegírico da “via de infância espiritual”, e isenta dos cinqüenta anos de espera impostos pelo Direito Canônico o processo de canonização; mas foi Pio XI que teve a gloriosa solicitude de assinar o decreto de canonização da “maior santa dos tempos modernos”, “estrela de seu pontificado”, e que teve a confiante pressa de colocar sob sua proteção o México e a Rússia que padeciam sob o comunismo desumano e ateu. Indo mais longe, Pio XI declara a nova santa padroeira de todas as missões.

Como se não bastassem, em resposta à impaciência de Jesus que logo a levou, a impaciência do povo de Deus e a pressa de três papas, registremos agora um fato que só pode ser atribuído a uma especial solicitude dos anjos; e é o mesmo São Miguel que inspirará a Pio XII a idéia de associar Santa Teresinha a Santa Joana d’Arc na proteção da França, em 1944, “nas horas mais sombrias de toda sua história” como diz muito bem o Pe. Philipon.

Seja-nos dado agora o direito de imaginar todo esse entrecruzamento de linhas visíveis e invisíveis, entre o céu e a terra, e seja-nos permitido ver duas meninas vestidas de luz se entreolharem e se sorrirem quando ouvem a voz sonora do arcanjo ressoar por cima dos séculos: “Va fille de Dieu! Va! sem saberem a qual das duas se dirige o grito de guerra, ou bem sabendo, ambas, que estão irmanadas no mesmo trabalho do céu, no mesmo trabalho na terra.

 

“Tenho sede!” diz Teresa.

“Tenho sede!” diz Jesus.

Com treze anos Teresa tinha a vocação religiosa decidida, firmada, mas creio que André Combes (Introduction à la Spiritualité de Sainte-Thérèse de l’Enfant-Jésus) tem razão de dizer que “nessa vocação que ainda não chegara à seu máximo de generosidade se enxertará, de modo manifestamente sobrenatural, um apelo ao apostolado” uma espécie de refluxo do amor de Deus sobre os homens, para amor de Deus ainda maior, que o ano de 1887 será um marco na história espiritual de Teresinha, e por conseguinte na história da Igreja.

Certo domingo depois de Pentecostes, em 1887, no fim da missa e no instante exato em que fechava seu missal, Teresa viu a ponta de uma imagem a sair de entre as páginas. Essa imagem que se acha reproduzida em Novíssima Verba representa Cristo crucificado. No primeiro momento Teresa só viu uma das mãos perfurada e sangrando. Experimentou um sentimento que ela qualifica de “novo” e de “inefável” (H. A., cap. V): “Meu coração rasgou-se à vista desse sangue precioso que caia no chão sem ninguém para recolhê-lo. Resolvi então estar continuamente em espírito ao pé da cruz para receber o divino orvalho da salvação e logo espargi-lo sobre as almas”.

Neste primeiro instante o Espírito Santo vulnera-lhe o coração com o zelo da salvação das almas que logo se tornará sede ardente. Ela mesma nos descreve esse momento infinito: “Desde esse dia o grito de Jesus moribundo: tenho sede! Ressoava sem cessar em meu coração para nele acender um ardor desconhecido e muito intenso. Queria dar de beber ao meu Bem Amado, e eu mesma me sentia devorada pela sede das almas. A todo custo queria arrancar os pecadores às chamas eternas”.(Ibid.).

E aqui o Pe. Combes deixa transparecer uma emoção vivíssima quando se imagina a mergulhar um olhar fraterno e sacerdotal naqueles dois grandes olhos glaucos que acabavam de contemplar, pela primeira vez, um jato de sangue espalhado na Cruz e que ninguém sonhava recolher, e sente um frêmito de esperança ao descobrir naquela menina transtornada e cândida a graça das graças de uma espécie de ordenação personalíssima por cima dos ritos, dos símbolos, das cerimônias comemorativas e do hieratismo da Liturgia, por cima das espécies sacramentais e dos véus dos santos mistérios, para atingir, além do espaço e do tempo, a realidade viva do Calvário, e para dar a Jesus crucificado a consolação de ver a seus pés uma alma capaz de compreender o preço de seu sangue no próprio momento em que ele corria. “A partir desse dia Teresa se torna contemporânea do Crucificado”.

No contato com a Cruz aprende instantaneamente o amor das almas pelas quais Jesus padeceu, e esse novo e mesmo amor se integra sua vocação de amor fazendo da contemplação e da sede das almas o mesmo ardor de heroísmo e de loucura que a abrasará e depressa a consumirá. “Tenho sede!” dirá ela a vida inteira com febre de amor. Ainda antes de tentar a entrada no Carmelo, e incendiada pela dimensão nova de suas vocação contemplativa e ativíssima, Teresa ousa pedir a Deus um sinal. Deus lhe concede o sinal que tantas vezes se repete na história da Igreja: um sinal do cadafalso. O criminoso Pranzini, que praguejava e blasfemava a caminho do cadafalso, de repente, no último momento se volta para o padre que o acompanhava e beija três vezes o crucifixo. Teresinha lera por acaso a notícia da condenação e do dia marcado para a execução, e depois lera a notícia do sinal: “Eu obtivera o sinal pedido. Não fora diante das chagas de Jesus, vendo correr seu sangue divino que penetrava em meu coração a sede da salvação das almas? Quisera dar-lhes a beber esse sangue imaculado que lhes lavasse de todas as impurezas, e eis que os lábios ‘de meu primeiro filho’ vieram se colar às chagas divinas. Que resposta inefável! Ah! desde essa graça única, meu desejo de salvar as almas cresce dia a dia. Parecia-me ouvir Jesus falar-me como à Samaritana: ‘Dá-me de beber’. Era uma verdadeira troca de amor: às almas eu servia o sangue de Jesus, à Jesus oferecia essas mesmas almas refrigeradas no orvalho do Calvário, e assim eu pensava desalterar Jesus, mas quanto mais lhe dava a beber mais crescia a sede de minha pobre pequenina alma, e eu recebia o ardor dessa sede como a mais deliciosa recompensa” (H. A., cap. V).

Salvar as almas, sofrer e se oferecer pelos padres, eis as razões aparentemente contraditórias, as razões de amor divino, que levaram Teresinha a se enclausurar nove anos no Carmelo para “passar seu céu” trabalhando pelas almas. Jesus e Teresa tinham pressa; Jesus e Teresa tinham sede.

A alma sacerdotal de Teresinha, como tão bem notou o Pe. Combes, tinha sede especial das almas sacerdotais, e não cessava de dizer: “Celina, rezemos pelos padres, Jesus me faz sentir todos os dias que espera de nós duas essa vida consagrada aos padres”.

 

“A Igreja vos apresenta um novo

e admirável modelo de virtudes que

deveis incessantemente contemplar”.

Todas as variadas e mais ou menos sábias tentativas de esboçar o retrato espiritual de Teresa se comprimem e se atrofiam em esquemas ou se perdem e se diluem em análises psicológicas desconcertantes por seus paradoxos. O que mais se sabe de Teresinha é o que ela mesma nos diz no livro em que praticamente só fala de si mesma, e no qual, dirigida por três papas sucessivos, Pio X, Benedito XV e Pio XI, a Igreja viu sinais incontestáveis de heróica humildade. Esse livro não tem a beleza poética dos poemas de São João da Cruz nem a vivacidade de ensino de Teresa d’Ávila. O estilo é aplicado, convencional, e bem se vê que foi escrito por obediência, o que já seria um dado para esfriar o interesse de qualquer leitor.

O Pe. Petitot O.P. (Saint Thérèse de Liseux, une renaissance religieuse) começa seu proveitoso estudo pela enumeração de quatro ausências, na obra e na vida de Teresinha: ausência de “mortificações violentas” ou de enfática ascese, ausência de método de oração, ausências de favores extraordinários e ausência de obras múltiplas. Na segunda parte do livro o Pe. Petitot se aplica em mostrar o equilíbrio e a coexistência das virtudes antinômicas, simplicidade e prudência, humildade e magnanimidade, força e sentimento de seu nada, que se encontrava em grau heróico na Santa de Lisieux, mas o próprio Petitot, com Santo Tomás e São João da Cruz, é o primeiro a nos advertir que “tal é a regra das virtudes sobrenaturais: onde há uma haverá outra, onde esta fraqueja faltarão as outras” (São João da Cruz). Estamos pois diante de uma exigência de equilibrado esplendor da santidade, sem nenhuma singularidade que nos autorize a falar numa “nova via” ou num “novo estilo de espiritualidade”.

Nem por isso o Pe. Philipon O.P. (Sainte Thérèse de Liseux) hesitou em anunciar Teresinha como “criadora de uma nova via de espiritualidade”. Mas o mesmo autor, na Conclusão de seu estudo nos tranqüiliza a respeito da nova via que hoje, diante da pavorosa inflação de coisas novas, nos assustaria, e diz: “O toque de gênio de Teresinha foi o de ter trazido a santidade à sua pura essência, e de ter mostrado o ideal e a perfeição acessíveis a todos pela via comum”.

Não vejo nenhum inconveniente grave no uso das expressões “a escola da pequena via”, a “espiritualidade” ou a “doutrina” de Santa Teresinha, desde que sejam usadas no sentido amplo que não implique nenhuma pretensão de lhe darmos, antes da Igreja, um título de doutora. Os melhores autores e os próprios papas usam essas expressões que implicam a idéia exata de que temos muito a aprender com Teresinha. Mas aprender sobretudo pelo exemplo. Sem se propor como mestra ou como fundadora de uma “nova via”, Teresinha nos deixou o legado de uma experiência singular, concreta, vivida deixou-nos, por obediência, a singela narração, hora a hora, da experiência a que se entregou totalmente. E é essa experiência, esse modelo, mais exemplo do que lição, que a Igreja, pela voz calorosa de Pio XI, nos apresenta na Bula de canonização “Fiéis de Cristo, a Igreja vos apresenta hoje um novo e admirável modelo de virtudes que todos deveis contemplar incessantemente”.

“Novo” aqui não quer dizer “novo” por originalidade, por novidade, por oposição aos antigos: quer apenas dizer “mais um” modelo, exemplo, que tem a singularidade de ser uma experiência pessoal e que tem a garantia de ser exemplar por ser configurada pelo nosso único e eterno Modelo.

E aqui me permitam uma audácia: creio que, como escola de espiritualidade ou como fundadora Teresinha talvez tivesse na memória da Igreja vida mais curta do que simplesmente como exemplo, pequenino modelo que teve o atrevimento de dizer que, na sua pequenez, ficaria conosco até o fim do mundo.

Diz muito bem o Pe. Philipon (conclusão) que o “furacão de glória” que logo após sua morte tornou Teresinha popularmente amada, não somente nos meios católicos, como também em todo o mundo e até nos meios maometanos, deve ter um sentido, uma significação. Cremos, com Philipon, que ela reside no fato de ter conseguido Teresinha, a imensa Teresinha, tornar-se pequena para ganhar as pequenas almas, ou de ter apresentado o ideal de santidade não como coisa fácil e barateado, mas como dom de Deus realmente acessível a todas as estaturas: “O bom Deus não nos pede grande coisas, mas simplesmente o abandono e o agradecimento” (H. A. XI). Não nos iludamos com a simplicidade das palavras: as coisas que Deus nos pede são enormes, se as medirmos com os padrões de nossos complicados critérios, e sobretudo se as aquilatarmos pelas resistências de nossa carne (amor próprio), do mundo e do demônio Tornaram-se maravilhosamente acessíveis quando vemos – como neste maravilhoso exemplo de Teresinha que Deus já percorreu todo o caminho ao nosso encontro, e que só falta o pequenino e imenso abandono de nosso nada no Tudo de Deus. Seja como for, seja qual for o mérito da obra de Teresinha vista como “petite voie”, vista como novo estilo, ou como escola, o que realmente ela nos traz na sua experiência canonizada pela Igreja é um frêmito novo de esperança: o cristianismo é praticável. Apesar de todas as arrogâncias de uma civilização apóstata, que tudo apostou na autonomia do homem e que hoje se prosterna diante da própria figura do homem-que-foi-à-lua, apesar de todas as glórias da máquina a vapor e da eletricidade, Teresinha traz a notícia sensacional, a notícia que produz um frêmito no mundo das almas machucadas e sedentas: a notícia da vitória da humildade que libera, porque a “humildade é a verdade” (Sta. Teresa d’Ávila).

 

“Sede perfeitos como vosso

Pai celestial é perfeito”.

A espiritualidade de Teresinha é nova e antiga, é própria para nossos tempos e é clássica. Pensando na escola que Teresa freqüentou e na linhagem de mestres que teve, ocorre-me dizer, contradizendo-me, que foi um curso de vinte séculos, e a primeira mestra espiritual que teve foi aquela outra menina de quinze ou dezesseis anos que foi ao encontro de Isabel para cantar o Magnificat, onde tão bem se encontram as antinomias do Pe. Petitot. Mas o Mestre dos Mestres é e só pode ser aquele que certamente veremos se, com a pupila da Fé, atravessarmos a figura de Teresa e chegarmos à Santa Face. Depois vêm os mestres de todas as épocas, especialmente o da Imitação de Cristo, o da Subida do Monte Carmelo e a das Moradas. Haverá linhagem mais clássica e menos nova?

Vale a pena agora meditarmos um pouco no “lado de Deus” dessa maravilhosa experiência. Já dissemos atrás que Deus tem sempre a primeira iniciativa, e a parte total de nossa santificação. Segundo os doutos, nosso processo de santificação, para ser adequado ao homem, há de ser progressivo como é todo o crescimento humano. Observe-se porém uma curiosa simetria, e uma oposição de itinerários da pedagogia humana e o da pedagogia do Espírito Santo: a primeira progride na direção da crescente autonomia do educando; a segunda, ao contrário, progride na direção da crescente heteronomia, do crescente abandono, da crescente obediência. E esta linha clássica traçada por todos os mestres espirituais, pode ser descrita assim: nas primeiras estações o progresso espiritual tem o modo das virtudes que, mesmo as teologias, guardam certa feição das virtudes naturais. Esse modo das virtudes, é geralmente comparado à uma força que o homem tem de fazer para progredir: assim o remador tem de fazer força para impulsionar o barco. À medida que a alma progride sua marcha ascensional dia a dia mais se entrega, ao modo dos dons com que o Espírito Santo, como vento que sopra nas velas da alma, torna mais ágeis, mais prontas e mais filiais as virtudes. Todo o organismo espiritual se aprimora nessa direção da espontaneidade e do pronto instinto das coisas de Deus. De baixo para cima, do dom do temor que “é o princípio da sabedoria” e que aprimora a humildade, constrói-se o edifício cuja cúpula está a perfeição suprema do amor divino, que é o dom de sabedoria.

Nesse estado de perfeição a alma está toda abandonada e entregue ao Espírito Santo que nela esculpe a Santa Face do Filho e assim se veste e prepara para a festiva e definitiva volta ao Pai. E nesse jogo das quatro causas, em que podemos atribuir ao Pai a causa final, ao Filho a causa formal, e ao Espírito Santo a causa eficiente, o papel da causa material deixa a alma na condição quase inerme e passiva das criancinhas. E assim vemos que a “infância espiritual” é uma árdua e longa conquista, e é uma idéia clássica entre os Evangelhos: “Se não fordes como um desses pequeninos não entrareis no Reino de Deus”.

Aplicada a doutrina dos grandes autores espirituais a Teresinha descobrimos que Deus operou nela grandes coisas, e a abreviou rapidamente a sua subida.

 

“O vento sopra onde quer”.

Depressa achou-se Teresinha abandonada e entregue aos dons do Espírito Santo, na sétima morada descrita por Teresa d’Ávila, a doutora.

Na homilia da missa de canonização, 17 de maio de 1925, Pio XI disse solenemente que o mesmo Deus que se esconde dos sábios e orgulhosos agradou-se “em sua Divina Bondade de enriquecer a pequena Teresa com um excepcional dom de sabedoria”.

Ora, é precisamente esse dom dos dons que dá à alma a experiência da presença de Deus, e da habitação da Trindade Santíssima. E é também esse dom dos dons que do alto impera e governa todos os dons e virtudes e que, da mais alta forma de contemplação desce aos vasos capilares das mais pequeninas atividades de cada minuto. Sob o sopro poderoso dos dons, e sobretudo do Dom de Sabedoria, a oração espontaneamente transvasa na ação e então o espectador maravilhado se tiver olhos de fé para tal espetáculo verá uma pequenina vida toda bordada de pontos de cruz, verá o que viram as almas agradecidas no que puderam ver atrás da espessura de um livro. Mas o melhor dessa vida exemplar escapou às próprias irmãs, e a todos nós escapa, como se a misericórdia de Deus continuasse a cobrir com um véu o brilho ofuscante daquela alma para que assim não nos assustemos, e continuemos a ver na doce irmãzinha um modelo ao nosso alcance.

E para terminar, o que com gosto prolongaríamos anos e anos, façamos nossa a suprema súplica de Teresa, tornada súplica da Igreja na homilia de canonização de Pio XI:

 

“Ó JESUS SUPLICO-TE QUE ABAIXES TEU DIVINO OLHAR SOBRE A MULTIDÃO DE ALMAS PEQUENAS. SUPLICO-TE QUE NESTE MUNDO ESCOLHAS UMA LEGIÃO DE ALMAS PEQUENAS VÍTIMAS, DIGNAS DE TEU AMOR”.

 (Revista PERMANÊNCIA, Jan-Fev 1973, no. 51-52, ano VI).

 

 

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