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Introdução ao nono domingo de Pentecostes

“Não conheceste o tempo da tua visita” (Evangelho)

 

Paramentos verdes

 

A liturgia de hoje fala-nos dos castigos terríveis com que Deus há de punir os que renegam a Cristo. Perecerão todos. Nenhum deles entrará no Reino dos Céus. Pelo contrário, os que no meio das contrariedades e dos enganos do mundo permanecerem fiéis, serão arrancados das mãos dos inimigos e entrarão com o Senhor para a glória do seu reino. É o que nos sugerem as lições de Matinas. Elias era de Judá e habitava em Galaad. Por três vezes saiu o profeta do seu retiro para anunciar aos israelitas prevaricadores os castigos terríveis e iminentes com que a justiça divina os ameaçava por seus crimes. A primeira, por causa do escândalo de Acab e de Jezabel que tinham arrastado o povo à idolatria. A segunda, por causa dos 450 profetas de Baal, que ele fez condenar à morte. A terceira, finalmente ainda contra Jezabel. Por tudo isto, foi Elias perseguido e teve de fugir para o monte Horeb. Citado por Ocozias, filho de Jezabel, a comparecer na sua presença, fez vir fogo do céu sobre os emissários do rei, que morreram queimados. Foi, pois, como vemos, um paladino terrível dos direitos de Deus. Diz a Sagrada Escritura que foi elevado ao céu num carro de fogo.

“Elias, diz S. Agostinho, é a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi perseguido pelos judeus, do mesmo modo que o Salvador, o verdadeiro Elias, foi rejeitado e desprezado por eles. Elias separou-se do seu povo e Cristo abandonou a sinagoga e chamou para si os gentios”. Arrancou Deus a Elias das mãos e da conspiração dos ímpios e arrebatou-o aos céus num carro de fogo, do mesmo modo que libertou Cristo da expectativa dos seus inimigos e O fez subir ao céu no dia da Ascensão. O triunfo do Salvador sobre aqueles que O odiavam, figurado pelo triunfo de Elias, deve ser também o nosso triunfo. Mas para isso, temos de permanecer fiéis ao Senhor sob pena de incorrermos nos castigos que vieram sobre os judeus. S. Paulo no põe de guarda contra este perigo e convida-nos a meditar na história de nossos pais: “Porque tudo o que sucedeu com eles é figura do que há de vir e foi escrito para nossa instrução, para nós que vivemos no fim dos tempos”. No Evangelho os ensinamentos do Senhor, chorando sobre Jerusalém e expulsando do Templo os vendilhões, são ainda uma lição de fidelidade. Procuremos assimilar bem estes pensamentos do Ofertório, tão belos e tão sábios: “Os preceitos do Senhor são retos e dão alegria às almas: os seus juízos são mais suaves do que o mel puro dos favos. Por isso, ser-lhes-ei fiel”.

Do Evangelho: O Senhor prediz no Evangelho de hoje a destruição de Jerusalém, levada a efeito anos mais tarde pelos romanos. “Se esta cidade perjura, comenta S. Gregório, conhecesse o destino que a esperava, talvez tivesse chorado os seus crimes e recebido o Senhor. E a alma perversa choraria igualmente os seus pecados se conhecesse a desgraça terrível que a espera na outra vida”.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

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