Skip to content

Introdução ao sétimo domingo de Pentecostes

“Pelos frutos se conhece a qualidade da árvore” (Evangelho)

 

Paramentos verdes

 

As lições do Breviário terminam hoje a história de Davi e começam a de Salomão. Ao ascender ao trono de seu pai, Salomão pediu a Deus que lhe desse a sabedoria necessária para discernir o bem do mal e conduzir o seu povo no caminho da justiça. E Deus respondeu-lhe: “Porque só isto Me pedes, porque nem Me pedes vida longa e venturosa, nem riqueza, nem a morte dos inimigos, mas apenas inteligência para praticar a justiça, farei o que tu queres. Dar-te-ei, pois, um coração tão sábio e inteligente como nunca existiu nem existirá sobre a Terra. E dar-te-ei mais isto que não Me pediste: terás glória e riqueza a tal ponto que não se achará nenhum semelhante a ti em todos os séculos passados. E se andares nos meus caminhos e guardares os meus mandamentos como fez o teu pai Davi, Eu prolongarei os teus dias”. E a promessa de Deus cumpriu-se. Salomão foi um monarca poderoso e sábio, cuja aliança era desejada pelos povos vizinhos. Rei pacífico, Salomão é figura de Cristo, o Príncipe da paz, proclamado pelas nações; sábio entre os sábios, prenuncia o Filho de Deus, a Sabedoria encarnada, que viria estabelecer definitivamente a separação do bem e do mal e guiar o seu povo nos caminhos do Altíssimo.

Melhor que Salomão, ensinou Jesus a sabedoria verdadeira que nos legou no Evangelho e na palavra da sua esposa, a Igreja. E é necessário, é absolutamente indispensável para entrarmos no Reino dos Céus, seguir e amar com inteireza esta doutrina. A Epístola e o Evangelho são que o dizem: “Não é aquele que diz Senhor, Senhor, quem entrará no Reino dos Céus, mas o que fizer a vontade de Deus”. E S. Paulo procura convencer-nos da mesma verdade e da necessidade para todos impreterível de pertencer a Cristo sem reservas e de lhe ser fiel até à morte. E neste ponto, Davi e Salomão são para nós ainda uma lição ao mesmo tempo terrível e consoladora. Salomão não perseverou, foi infiel ao Senhor e a sua glória, ainda que deslumbrante, não tardou a diluir-se no vácuo donde se erguera. Faltou-lhe a consistência. Davi, não obstante o seu pecado terrível, é maior, porque chorou amargamente, e foi tão sincera a sua conversão que a sua piedade inspira ainda hoje a piedade das almas santas. Peçamos a Deus que nos conduza no caminho da Sua justiça e que aparte de nós tudo o que nos pode causar dano e nos conceda tudo o que nos pode servir de auxílio.

 

Da Epístola: os pecados da carne e do espírito têm por salário a vergonha e levam à morte eterna. A virtude tem por recompensa a santidade já neste mundo e a vida eterna no outro.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

AdaptiveThemes