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8. A coroa de espinhos

A coroa de espinhos

 

Uma coisa tocante é que Jesus reclama para a sua Augusta Cabeça coroada de espinhos um culto especialíssimo de veneração, de reparação e de amor. - A coroa de espinhos foi para Ele causa de sofrimentos particularmente cruéis:

“A minha coroa de espinhos fez-me sofrer mais do que todas as outras Chagas, confiou Ele à sua espôsa, foi o meu mais cruel sofrimento depois do Jardim das Oliveiras. Para o aliviar, é preciso observar bem a vossa regra”.

Ela é para a alma fiel, até à imitação, uma fonte de méritos:

“Vê, diz-lhe Ele, esta cabeça que foi trespassada por teu amor e por cujos méritos deves um dia ser coroada. Feliz a alma que a tiver contemplado bem e sobretudo a tiver praticado!... Eis onde está a vossa vida; caminhai nela simplesmente e caminhareis com segurança. As almas que tiverem contemplado e honrado a minha coroa de espinhos na terra, serão a minha coroa de glória no Céu!”

“Por um instante que contemplardes esta coroa na terra, dar-vos-ei uma para a eternidade... é ela, é a coroa de espinhos, que vos ganhará a da glória.”

Ela é o dom de escolha que Jesus concede aos seus privilegiados:

“A minha coroa de espinhos, eu a dou aos meus privilegiados. É o bem próprio das minhas esposas e das almas favorecidas. - Ela é a alegria dos bem-aventurados, mas para os meus bem-amados sôbre a terra, é um sofrimento.” - (Do lugar de cada espinho, a nossa Irmã via sair um raio de glória que não se pode descrever.)

“Os meus verdadeiros servos procuram sofrer como eu, mas nenhum pode atingir o grau de sofrimento que eu suportei.”

Jesus pede a essas almas uma compaixão ainda mais terna pela sua Adorável Cabeça. Ouçamos este grito do coração que Ele dirige à Irmã Maria Marta mostrando-lhe a sua Cabeça ensangüentada, toda trespassada e exprimindo um sofrimento tal, que a pobrezinha não sabia em que termos explicá-lo:

“Aqui tens Aquele que procuras... vê em que estado está!.. Olha... arranca os espinhos da minha Cabeça, oferecendo os méritos das minhas Chagas pelos pecadores... Vai em busca das almas.”

Como vemos, nestes chamamentos do Salvador, repercute-se sempre como um eco do eterno sítio, a preocupação da salvação das almas:

“Vai em busca das almas.”

“Aqui tens a tua instrução: o sofrimento, para ti; as graças que deves obter, para os outros”.

“Uma única alma que faça as suas ações em união com os méritos da minha santa coroa ganha mais que a Comunidade inteira.”

A estes fortes apelos, o Mestre sabe juntar estímulos que inflamam os corações e fazem aceitar todos os sacrifícios. Foi assim que, em outubro de 1867, Ele se apresentou ao olhar extasiado da nossa jovem Irmã, com esta coroa toda cercada duma glória deslumbrante:

“A minha Coroa de Espinhos iluminará o Céu e todos os bem-aventurados! Na terra há algumas almas privilegiadas a quem a mostrarei, mas a terra é muito tenebrosa para a ver.”

“Vê como é bela depois de ter sido tão dolorosa!”

O Bom Mestre vai ainda mais longe. Ele associa-se aos triunfos como aos sofrimentos dela... Faz-lhe entrever a glorificação futura. Aplicando-lhe, com vivas dores, esta santa Corôa sobre a cabeça diz-lhe:

“Toma a minha coroa, e neste estado te contemplarão os meus bem-aventurados.”

Depois, dirigindo-se aos santos e designando a sua querida vítima:

“Aqui está, diz-lhes, o fruto da minha coroa.”

Sendo a Santa Coroa a felicidade dos justos, é ao contrário um objeto de terror para os maus. Foi o que um dia viu a Irmã Maria Marta num quadro oferecido à sua contemplação por Aquele que gostava de a instruir desvendando-lhe os mistérios de Além-Túmulo. Iluminado com os esplendores desta Divina Coroa, apareceu à sua vista o Tribunal onde as almas hão-de ser julgadas. Elas passavam contìnuamente diante do Juiz Soberano. As almas que tinham sido fiéis durante a vida, lançavam-se com confiança nos braços do Salvador. As outras, ao verem a Santa Coroa e lembrando-se do amor de Nosso Senhor, que tinham desprezado, precipitavam-se, horrorizadas, nos abismos eternos... - Foi tão impressionante esta visão, que a pobre Irmã, contando-a, tremia ainda de receio e de espanto.

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