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Descanse em paz, Coronel Ustra

Dom Lourenço Fleichman OSB

O anúncio de seu falecimento, meu Coronel, juntamente com a tristeza pela perda do homem exemplar, do herói nacional, trouxe-me um sentimento de alívio quando pensei que o senhor está, neste momento, isento das maldades dos homens, das vinganças sórdidas dos nossos inimigos.
Hoje o senhor se apresentou no santo Tribunal da Justiça divina. A fé católica nos dá a certeza de que a Justiça divina é isenta de erros, e não conhece a maldade e a mentira. Nas portas do Paraíso não há mídia, nem jornalistas a forjar processos de exceção nas próprias páginas dos jornais, onde covardemente o julgaram tantas vezes, passando sentenças iníquas e mentirosas.
Tenho certeza que o senhor se apresentou hoje, diante do Chefe supremo e infinito, diante do Deus dos Exércitos, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, que tudo criou e que sentado em seu trono de glória, julgará esse mundo pelo fogo, com o mesmo brio e honra que marcaram sua carreira militar, laureada pelos mais altos serviços prestados à nossa Pátria brasileira.
Bem sei, Coronel, na minha qualidade de sacerdote e de pastor de almas, que todos nós devemos temer o juízo divino por causa dos nossos inumeráveis pecados, cometidos ao longo de nossa vida. Bem sei o quanto a bondade divina nos agraciou ao instituir por Nosso Senhor Jesus Cristo, o sacramento da Penitência que reconcilia com Deus o pecador arrependido, e nos permite receber em paz o Pão dos Anjos, descido do Céu, e presente na Sagrada Eucaristia.
Mas não entram na lista do exame de consciência os atos de bravura, de obediência, de oferecimento de sua vida por amor à Pátria, na terrível guerra que nosso Exército empreendeu contra o terrorismo comunista que nos ameaçava arrogante e cruel. Ah! Não! Esses atos foram da mais pura virtude, e serviram à Deus, à família e à Pátria. Tanto é assim que eu tenho certeza de que, se lhe fosse pedido pela obediência a seus superiores e à Lei divina, que o senhor continuasse por mais tempo combatendo o bom combate pelo Bem Comum, para salvar o Brasil do hediondo mal do comunismo, o senhor o faria sem tremer, com a mesma galhardia que manifestou em seus tempos de juventude e fortaleza. 
Todos sabem o quanto o senhor foi escolhido pela mídia tendenciosa e pelas organizações do mal que pululam em nossa Pátria, para servir como “bode expiatório” contra a sede de vingança dos derrotados dessa guerra. De nada adiantou o senhor escrever dois livros provando que eles mentiam, que a senhora Bete Mendes mentiu, que os jovens e crianças que o senhor ajudou e que depois o atacaram em traição e ingratidão mentiram ao abrirem processos contra o senhor. De nada adiantou o senhor mostrar as fotos da mãe com seu filhinho recém-nascido, os dois em plena saúde, saudáveis e pacíficos. Hoje essa gente volta à mídia para repetir o perjúrio e a calúnia. Falam do livro A Verdade Sufocada como sendo “a visão do Cel Ustra sobre os acontecimentos”, escondendo dos leitores que se trata de uma coleção de provas documentais sobre a maldade dessa gente que assassinavam inocentes, e queriam estabelecer no Brasil, eles sim, a horrenda ditatura do proletariado, comunista, cubana e soviética. 
Hoje choram os estúpidos porque perderam o saco de pancadas que elegeram para seu desvario. E nós sorrimos, Coronel Ustra, por mais esta vitória contra aqueles que o perseguiram e perseguiram o Brasil. 
Não perderei o seu tempo nesse início de eternidade, narrando outros absurdos que estão saindo na maldita imprensa desse país. É dela que o senhor ficou livre para sempre, visto que suas mentiras já não o atingem, e não convém mancharmos estas páginas com tal mesquinharia. Mas gostaria de lhe dizer o quanto os brasileiros de boa índole, o bom brasileiro que em 1964 marchou aos milhões para agradecer a Deus pela vitória das nossas Forças Armadas, despreza essas notícias tendenciosas e se despede do senhor como eu o faço aqui.
Gostaria de acrescentar uma pequena explicação sobre o artigo que escrevi há alguns anos atrás. Seu título era: Carta Aberta ao meu General. Ele fora inspirado na Carta ao General X, escrita pelo grande Antoine de Saint Exupery. Naquela ocasião eu usei a patente errada para preservar o meu Coronel. Hoje, estando o senhor longe das garras dessa gente má, posso dizer que foi para o senhor que escrevi aquela Carta e que vem reproduzida aqui.
De resto, aos que partem dessa vida na paz de Deus, resta-nos ainda a oração, o rito, a santa liturgia católica, que de modo solene e profundo canta nesse dia: Requiem aeternam dona ei Domine, et Lux perpetua luceat ei – Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno; e a luz perpétua o ilumine.
Requiescat in Pace! Descanse em paz, Coronel Ustra!

(Leia também Carta Aberta ao meu General)

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