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Art. 4 — Se a ciência infusa em Cristo era menor que nos anjos.

O quarto discute-se assim. — Parece que a ciência infusa era menor em Cristo que nos anjos.

1. — Pois, a perfeição se proporciona ao perfectível. Ora, a alma humana, na ordem da natureza, é inferior à natureza angélica. Ora, como a ciência de que agora tratamos, foi infusa na alma de Cristo, para a perfeição deste, parece que tal ciência era inferior à ciência que é uma perfeição da natureza angélica.

2. Demais. — A ciência da alma de Cristo era, de certo modo, comparativa e discursiva; o que não se pode dizer da ciência angélica. Logo, a ciência da alma de Cristo foi inferior à ciência dos anjos.

3. Demais. — Quanto mais imaterial é uma ciência, tanto mais superior é. Ora, a ciência dos anjos é mais imaterial que a da alma de Cristo; porque a alma de Cristo é um ato do corpo e se serve dos fantasmas, o que não se pode dizer dos anjos. Logo, a ciência dos anjos é superior à da alma de Cristo.

Mas, em contrário, o Apóstolo: Mas aquele que por um pouco foi feito menor que os anjos, nós o vemos pela paixão da morte coroado de glória e de honra. Donde resulta que, só pela paixão da morte, foi Cristo considerado como menor que os anjos. Logo, não pela sua ciência.

SOLUÇÃO. — A ciência infusa na alma de Cristo pode ser considerada de dois modos: pelo que teve da causa influente, de um lado, e do sujeito que a recebeu, de outro. — Ora, quanto ao primeiro, a ciência infusa da alma de Cristo foi muito mais excelente que a dos anjos, tanto quanto ao número das coisas conhecidas, quanto à certeza da ciência. Porque o lume espiritual infuso na alma de Cristo é muito mais excelente que o lume pertencente à natureza angélica. — Quanto ao segundo, a ciência infusa na alma de Cristo é inferior a ciência angélica, isto é, pelo modo de conhecer, que é natural à alma humana e o qual se serve dos fantasmas pela comparação e pelo discurso.

Donde se deduz clara a RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES.

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