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Art. 6 ─ Se estão bem determinadas as partes onde o doente deve ser ungido: os olhos, o nariz, os ouvidos, os lábios, as mãos e os pés.

O sexto discute-se assim. ─ Parecem mal determinadas as partes onde o doente deve ser ungido: os olhos, o nariz, os ouvidos, os lábios, as mãos e os pés.
 
1. ─Pois, o médico perito cura a doença na raiz. Do coração vem as causas que fazem o homem imundo, diz o Evangelho. Logo, a unção deve ser feita no peito.
 
2. Demais. ─ A pureza da alma não é menos necessária aos que saem da vida que aos que nela entram. Ora, os que entram o sacerdote os unge na cabeça com o crisma, para significar a pureza da alma. Logo, também aos moribundos que recebem este sacramento, se lhe deve ungir na cabeça.
 
3. Demais. ─ O remédio deve ser aplicado onde é maior a força da doença. Ora, a doença espiritual tem a sua sede principal nos rins, e nas mulheres no umbigo, como diz a Escritura: A sua fortaleza está nos seus lombos, segundo a exposição de Gregório. Logo, aí devia ser feita a unção.
 
4. Demais. ─ Assim como pecamos com os pés, assim com os demais membros do corpo. Logo, assim como são ungidos os pés, assim também devem sê-lo os demais membros.
 
SOLUÇÃO. ─ Os princípios do pecado, em nós, são os mesmos que os do agir pois o pecado é um ato. Ora, os princípios dos nossos atos são três: o dirigente, que é a faculdade cognoscitiva; o imperante, que é a potência apetitiva; e o exequente, que é a potência motiva. Ora, todos os nossos conhecimentos tem a sua fonte nos sentidos. E como onde está em nós a origem primeira do pecado, aí deve aplicar-se a unção, por isso se ungem as sedes dos cinco sentidos: os olhos, por causa da vista; os ouvidos, por causa da audição; as narinas, por causa do olfato; a boca, por causa do gosto; as mãos, por causa do tato, que se exerce sobretudo pelas pontas dos dedos. Certos porém ungem os rins, por causa da potência apetitiva. Por causa da motiva, se ungem os pés, principal instrumento dela. E como o princípio primeiro da ação é a potência cognoscitiva, por isso todos observam a prática de ungir os órgãos dos cinco sentidos, como necessária à validade do sacramento. Outros porém não observam as outras práticas; outros, ainda, fazem a unção nos pés e não nos rins, por serem as potências apetitiva e motiva os princípios secundários da ação.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ O pensamento não se manifesta fora do coração senão por uma certa imaginação, que é um movimento originado do sentido, como diz Aristóteles. Por onde, no coração não a tem o pensamento a sua raiz primeira, mas nos órgãos dos sentidos; salvo, enquanto é o coração o princípio de todo o corpo. Mas esse princípio é uma raiz remota.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Os que entram na vida devem adquirir a pureza da alma; ao passo que os que dela saem devem purificá-la. Por isso, os que dela saem devem ser ungidos nas partes onde pode ser inquinada a pureza da alma.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Certos tem o costume de fazer a: unção nos rins, porque aí, se exerce sobretudo o apetite concupiscível. Ora, a potência apetitiva não é a raiz primeira da ação, como se disse.
 
RESPOSTA À QUARTA. ─ Os órgãos do corpo, pelos quais se exercem os atos pecaminosos, são os pés, as mãos e a língua, onde também se faz a unção; e os membros genitais, onde, por serem partes pudendas, não se deve ela fazer.

 

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