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Art. 7 — Se a esperança é causa do amor.

(Supra, q. 17, a . 4, ad 3; infra, q. 62, a . 4, ad 3; IIª-IIªº, q. 17, a . 8; De Virtut., q. 4, a . 3).
 
O sétimo discute-se assim. — Parece que a esperança não é causa do amor.
 
1. — Pois, segundo Agostinho, o amor é o primeiro dos afetos da alma1. Ora, a esperança é um desses afetos. Logo, o amor a precede e, portanto, ela não o causa.
 
2. Demais — O desejo precede a esperança. Ora, ele é causado pelo amor, como já se disse2. Logo, também a esperança o é e, portanto, não o precede.
 
3. Demais — A esperança causa o prazer, segundo já se disse3. Mas, só pode haver prazer no bem amado. Logo, o amor precede a esperança.
 
Mas, em contrário, sobre aquilo da Escritura (Mt 1, 2) — Abraão gerou a Isaac, e Isaac gerou a Jacó — diz a Glosa: Isto é, a fé gerou a esperança; a esperança, a caridade. Ora, caridade é amor. Logo, este é causado pela esperança.
 
Solução. — A esperança implica relação. Assim, como objeto, respeita o bem esperado. Mas, como este é árduo e possível e, às vezes, não por nossa causa, mas pela de outros, é que alguma coisa se nos torna árdua e possível, a esperança também respeita aquilo que causa essa possibilidade.
 
Por onde, enquanto a esperança visa o bem esperado, é causada pelo amor, pois, ela não existe senão relativamente ao bem desejado e amado. Enquanto porém a esperança respeita o que nos torna alguma coisa possível, o amor é causado por ela e não inversamente. Pois é por esperarmos alcançar por meio de alguém, certos bens, que somos levados para ele como para o nosso bem, e assim começamos a amá-lo. Mas de quem amamos não esperamos nada senão por acidente, enquanto cremos recebermos também em paga o amor. Por onde, o sermos amados é causa de esperarmos em quem nos ama; mas esse amor é causado pela esperança que nessa pessoa depositamos.
 
Donde se deduzem claras as respostas às objeções.

  1. 1. XIV De civ. Dei (cap. VII et IX).
  2. 2. Q. 24, a. 2.
  3. 3. Q. 32, a. 3.
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