Skip to content

O Pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer

Maio 13, 2010 escrito por Dom Lourenço

 

A EDITORA PERMANÊNCIA TEM A HONRA DE PUBLICAR
 
O PENSAMENTO DE
DOM ANTÔNIO DE CASTRO MAYER
 
R$  35,00
 
 
Não é preciso muito esforço para perceber a qualidade e a profundidade teológica da Carta Pastoral sobre a Mediação Universal da Virgem Maria, do saudoso Dom Antônio de Castro Mayer, que publicamos aqui há alguns dias. Se suas Cartas Pastorais são encontradas com certa facilidade nos sebos das nossas cidades, já não se conhece quase nada dos artigos lançados ao longo de muitos anos no Jornal Monitor Campista, ou no antigo Boletim Heri et Hodie.
 
 
Não se trata de apresentar a pessoa, o bispo zeloso que defendeu a Igreja durante e depois do Concílio, porque ele é conhecido de todos. Mas o pensamento teológico, o fundamento de suas posições sobre a crise da Igreja e sobre a vida católica nem sempre aparecem para os leitores que não o conheceram pessoalmente. Confesso que fiquei surpreso ao ver reunidos, um após outro, seus artigos de jornal: ali estava uma expressão doutrinária que ia muito além do que estávamos acostumados a ler nas declarações dos seus padres. Com efeito, os textos corajosos dos Padres de Campos, como eram então conhecidos, desenvolviam muito a teologia positiva, feita de citações de autoridades, quer seja das Sagradas Escrituras, do Magistério da Igreja ou dos santos doutores; já não desenvolviam tanto a teologia especulativa, o raciocínio teológico que se dirige não tanto à vontade que obedece, mas à inteligência que conhece.
 
Dom Antônio tinha outra prioridade. Conciso, escrevendo para suas ovelhas mais do que para estudantes de teologia, o bispo de Campos conseguia reunir em poucas linhas uma base sólida que repousa a inteligência e abre o horizonte para os vales verdejantes de um amor bem estruturado e atuante. Falando do papel do sacerdote, por exemplo, explica o doutor:
 
"Peça mestra na estrutura da Igreja, como a constituiu a Sabedoria e Bondade de Deus, é o sacerdote. Não propriamente o sacerdócio, mas o sacerdote. A pessoa do “padre”, sem a qual a Igreja pereceria. Com efeito, a Igreja foi constituída para dar glória a Deus e levar os homens à salvação eterna.

Dá a Deus a glória devida, através do sacrifício eucarístico que pereniza na Terra a oblação salutar da Cruz. E já vemos a necessidade imprescindível do sacerdote. Sem o sacerdote não pode haver sacrifício. Goza ele, pois, em certo sentido, da necessidade própria do sacrifício, sem o qual não pode haver o culto supremo a Deus Nosso Senhor.

Imprescindível, porque uma pessoa qualquer não pode nem lícita nem validamente oferecer o sacrifício litúrgico do Altar. Somente quem foi legitimamente escolhido como Aarão, diz a Escritura do sacerdote do Velho Testamento. Com mais forte razão devemos afirmá-lo do sacerdote do Novo Testamento.
Além disso, deve a Igreja dar a Deus glória pela sua própria estrutura. E de algum modo preparar os homens para a aceitação da Unidade perfeita de Deus, na Trindade de Pessoas. O que em Deus Nosso Senhor se verifica sem multiplicação de natureza, entre os homens não acontece sem modificação de ordem ontológica, ou seja, na ordem do ser. É assim que a Igreja, para atender a este fim, deve ser uma sociedade desigual, com classes subordinadas umas às outras, sem diminuição da perfeição fundamental do cristão, enquanto carrega sempre consigo a imagem de Jesus Cristo. Os sacerdotes, pois, estão numa classe mais elevada, constituída pelo sacramento da Ordem que acrescenta à natureza uma perfeição que se encontra na ordem do ser.
" (Boletim Veritas, 1978).
 
E quando trata da fé, explica Dom Antônio:
 
"Ao tratar as leis humanas — portanto daquelas que sempre envolvem imperfeições, como tudo que procede de um agente destituído da plenitude do ser — Santo Tomás de Aquino declara que elas não devem ser mudadas, a não ser quando haja evidente necessidade, ou, ao menos grande utilidade que o exija. E dá como razão o fato de que a própria mudança encerra uma imperfeição, de vez que lança certo descrédito sobre a mesma lei (S. T. I-II, q. 97, a. 2). — Que diria, então, Santo Tomás da Fé? Porque a Fé não impõe apenas uma prática de procedimento, que pode variar, segundo os povos e os tempos. A Fé versa sobre verdades e verdades reveladas por Deus. Portanto, é, de si, imutável. Daí o axioma sintetizado na frase latina “immota fides”, para significar a fidelidade perfeita em matéria de Fé. Não quer dizer que o fiel não possa progredir na Fé. Pode e deve. Mas, enquanto aprofunda seus conhecimentos. Não enquanto os muda ou substitui por novas verdades. Por isso, distingue bem o mesmo Santo Tomás entre a “substância” da Fé, ou seja, entre “as verdades” que são o objeto da Fé, e a explicitação maior ou menor dessa mesma Fé. Nesta elucidação de sua Fé, pode o fiel crescer; não no conteúdo, que permanece idêntico até o fim do mundo. Basta lembrar que o “Credo” admitido por um fiel batizado, quando chega ao uso da razão, é o mesmo “Creio em Deus Padre” do maior teólogo do mundo. Eis porque recomendava insistentemente São Paulo aos Tessalonicenses (2, 2-15) que permanecessem fiéis às tradições dele recebidas." (Monitor Campista, 5-11-1978)
 
São apenas dois pequenos exemplos tirados de um livro, um novo livro, nosso último lançamento. Mais de 300 páginas do único bispo brasileiro que teve a coragem de combater os erros do Vaticano II. Pela primeira vez, uma coletânea bem completa dos artigos e textos históricos de Dom Antônio, ilustrados com fotos inéditas.

 

AdaptiveThemes