Skip to content

Família e moral (139)

O inferno existe? O que ele parece significar para alguns teólogos dos nossos dias?

Até recentemente, nenhum católico, por mais mal informado ou mal instruído que fosse, jamais tinha qualquer dúvida ou desorientação acerca da realidade do inferno e do castigo eterno caso tivesse a infelicidade de morrer em estado de pecado mortal sem arrependimento. O inferno existia. Era um lugar ou um estado de punição eterna habitado por aqueles rejeitados por Deus. É um ensinamento de fé que o inferno é uma realidade e que seus castigos duram por toda a eternidade; porém,  que os castigos dos réprobos são proporcionais à culpa individual de cada um é apenas uma opinião corrente entre os teólogos da Igreja; não é um artigo de fé.

Santo Agostinho ensina que “os castigos de alguns dos réprobos serão mais toleráveis que os de outros” (Enchiridion III)), um ponto de vista ilustrado poeticamente no Inferno de Dante, onde ele coloca não apenas Alexandre, o Grande, e Átila, o Huno, mas também o Papa Celestino V e o Papa Anastácio – o último equivocadamente, pois ele, muito provavelmente, estava se referindo ao Imperador de mesmo nome.

O inferno está povoado por almas condenadas – condenadas pelos seus próprios pecados e de acordo com a absoluta justiça e misericórdia de Deus. Sim, mesmo o inferno, com todos os seus tormentos, é um ato de misericórdia.

Aqueles que ensinam ou dão a entender um inferno que existe, mas está surpreendente e confortavelmente vazio, não têm apoio na Tradição da Igreja.

Essas ideias apareceram pela primeira vez nas obras de Orígenes e foram condenadas. Em nossos tempos, elas são encontradas nos escritos de Hans Urs von Balthasar e no teólogo convertido Sergei Bulgakov1, que o Papa João Paulo II confunde, aparentemente, com o romancista Mikhail Bulgakov no seu Cruzando o Limiar da Esperança; opiniões semelhantes são encontradas nos escritos do próprio Papa, como se ele duvidasse ou tivesse grandes reservas acerca das consequências da doutrina do inferno que, em outros lugares, ele defende (Catecismo da Igreja Católica, 1033, onde, infelizmente, o inferno foi colocado entre aspas). Confrontado com a doutrina clara da Igreja nessa matéria, ele diz, em seu novo livro, diante do mistério dos réprobos no inferno: “o silêncio da Igreja é, portanto, a única posição adequada à fé cristã”. A Igreja nunca foi silente; sua doutrina é clara como a de Cristo em pessoa. O inferno é eterno. As almas miseráveis vão para lá para experimentar o terror daquelas palavras terríveis de Cristo, “Afastai-vos de mim, miseráveis, para o fogo eterno” (Mt 25, 41), para experimentar o horror do verso de Dante: “Abandonai toda a esperança, Vós que entrais aqui” (Canto III, 9)

 

- Pe. Boyle, Janeiro de 1995.

  1. 1. [N. T] Sergey Bulgakov, padre da Igreja ortodoxa russa, jamais se converteu ao Catolicismo na verdade. Essa citação feita por João Paulo II é mais uma da série de suas bizarras citações de teólogos de outras religiões como se fossem mestres de vida espiritual. Em outra ocasião, o Papa se referiu ao teólogo ortodoxo bizantino Gregório Palamas e ao monge ortodoxo russo Serafim de Sarov como “santos”.

Todos os homens irão para o céu? Todos serão salvos?

Muito embora o sacrifício de Nosso Senhor, oferecido no Calvário e tornado presente em cada Missa válida, seja mais que suficiente para salvar a todos os homens sem exceção, não se segue daí que todos os homens serão salvos. É uma doutrina fundamental de São Paulo que a salvação só se adquire pela graça que Cristo mereceu, e São Pedro em pessoa testemunhou perante o Sinédrio que “não há salvação em nenhum outro” (At 4,12). -- É esse o significado do dito “fora da Igreja não há salvação”. Fora de Cristo não há nada, pois “os deuses dos pagãos são demônios” (Sl 95,5)

A ignorância, mesmo quando invencível, não é, em si mesma, garantia de salvação. Existe uma obrigação grave de se buscar a verdade, que incumbe a todos que não estejam na fé católica.

A graça de Cristo sempre é dada e não pode ser recusada, e Cristo estabeleceu apenas uma Igreja, na qual Deus é cultuado em espírito e em verdade.

A ambiguidade deliberada de textos recentes vem causando confusão às almas, levando-as ao erro. Não é certo dizer que todas as religiões são iguais ou que todas são boas. Não há mais respeito pela verdade de Cristo em muitos dos ensinamentos eclesiásticos dos nossos dias.

Em uma recente análise de “Cruzando o Limiar da Esperança”1, um jornalista inglês apontou que há exagero no que alguns dizem acerca da infalibilidade papal, pois nem tudo que o Santo Padre diz é infalivelmente verdadeiro, especialmente suas observações sobre outras religiões. Citarei Noel Malcolm:

“Ele [o Papa] dialoga com outras religiões – como se a espiritualidade fosse apenas um aspecto da experiência humana em si, algo que se pode encontrar entre hindus, confucianos e aborígenes que veneram seus ancestrais. Chega a sugerir que, por terem os rudimentos da experiência espiritual, essas pessoas estão conectadas com o Cristianismo e são elegíveis à salvação – uma alegação que, creio eu, oscila perigosamente na direção da heresia” (London Sunday Telegraph, 6 de novembro de 1994).

Se um jornalista que nem mesmo é católico consegue compreender isso, por que nosso papa e nossos bispos não conseguem mais enxergar a verdade que já professaram? Por que dedicam-se agora a reinterpretá-la de maneira totalmente revisionista?

- Pe. Boyle, Janeiro de 1995.

  1. 1. [N. do T.]Referência ao livro-entrevista do Papa João Paulo II

Shhh… silêncio!

Irmãs da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

 

A família Ducroit acaba de terminar o jantar. "Ufa, finalmente!" pensa a mãe, cansada pela conversa incessante dos seis filhos durante o jantar, que não sabem ouvir um ao outro. Como sempre, todo mundo lava a louça enquanto o pai vai ao escritório ler o jornal. Para acalmar os filhos, a Sra. Ducroit põe um CD com alguma música. As crianças ouvem um pouco, mas logo retomam a conversa infantil enquanto a música invade a cozinha. Terminada a louça, todos se reúnem para rezar o terço na sala, onde há uma gaiola com alguns canários bonitos. Os pássaros unem seu palreio às Ave Marias enquanto, não distante, o bebê Vicente chora a plenos pulmões. Para piorar, Marcelo brinca com seu caminhão de brinquedo ... Onde está a calma de que todos tanto precisamos?

 

A necessidade de silêncio

É necessário silêncio e calma para o desenvolvimento saudável. Infelizmente, as pessoas não toleram mais o silêncio. Nas lojas, nas salas de espera, nas estações de trem, em toda parte toca-se música. O barulho nos é imposto. Que o silêncio encontre lugar ao menos em nossas próprias casas!

No início, o silêncio pode exigir um esforço dos pais e dos filhos. No entanto, isso se tornará um hábito e será benéfico para todos. Em certos momentos, é apropriado gritar ou se envolver em brincadeiras alegres; por exemplo, durante um jogo de queimado no jardim. Mas, depois, ao voltar para casa, a mãe deve acalmar seu pequeno rebanho.

 

Por que silêncio?

As crianças estão na escola: a mãe passa a roupa em silêncio. Isso a ajuda a recordar, enquanto trabalha, do sermão do domingo anterior. Às quatro horas, ela entra no carro para ir buscar os filhos na escola. Fica feliz ao ver que eles têm muitas histórias para contar, mas faz com que apenas uma criança fale de cada vez, e que as outras saibam ouvir. Além disso, faz perguntas a Catarina, que é sempre quieta e de temperamento lento e, por isso, fica facilmente esquecida no meio dos seus irmãos tagarelas!

Sim, aprender a ouvir é uma coisa importante: ouvir as pessoas ao redor, ouvir a natureza — como o murmúrio de um riacho, a melodia dos pássaros, o barulho da chuva... Isso pode ser ensinado desde a tenra idade com joguinhos: o pai abre a janela e as crianças fecham os olhos para se concentrar e ouvir. Depois de dois ou três minutos, o pai fecha a janela e, por sua vez, todos podem relatar o que ouviram. Este exercício acalma as crianças, e a calma é muito benéfica!

O bebê está chateado e chora com frequência... Por que razão? Talvez seja porque estão movimentando-o mais do que preciso. Durante uma caminhada, passa de um braço para o outro, erguem-no se chora, levam-no daqui para lá.

Também é em silêncio que a mãe da família extrai energia e força para ensinar tranqüilidade aos seus queridos filhos. Para isso, ela deve saber como se sacrificar às vezes e desligar o telefone...

Para a criança, escutar é sinônimo de docilidade e receptividade: qualidades necessárias para crescer e construir caráter.

 

Seguindo o ritmo da criança

Além disso, o silêncio é contrário a um certo espírito de competição, que consiste no desejo de produzir muitas coisas rapidamente. Uma criança é normalmente lenta e, quando deixada no seu ritmo, é capaz de passar minutos inteiros olhando para uma foto, jogando incansavelmente o mesmo jogo, ouvindo a mesma música, a mesma história… ela precisa de certo tempo para se vestir, comer, pensar. Quando nós adultos exigimos que as crianças trabalhem rapidamente, quando compartilhamos nosso estresse com as crianças, estamos destruindo uma pequena parte do reino do seu silêncio interior!

É por isso que nem sempre é bom impor uma série de atividades nos fins de semana e subtrair das crianças o tempo precioso que passariam calmamente em seus quartos, em seus pequenos universos. Elas devem “baixar a bola", como se diz hoje, envolver-se em atividades que desenvolverão a sua imaginação e lhes farão descobrir, no seu ritmo, a beleza do mundo que as rodeia.

 

Algumas Práticas

Neste mundo agitado, é preciso reaprender a valorizar e amar o silêncio. Junte-se aos momentos de silêncio alguma atividade que seus filhos gostem. Clarinha gosta muito de desenhar. Às 19:00, quando seus irmãos vão dormir, ela, que é a mais velha, ainda tem meia hora acordada. Seus pais pedem que faça silêncio para não incomodar os pequenos. Durante esse período, Clarinha desenha e, até hoje, tem boas lembranças desses momentos.

O contato com a natureza também promoverá o gosto do silêncio: um belo passeio na floresta, nas montanhas, à beira-mar permitirá ouvir o canto dos pássaros, o som de uma cachoeira e rejuvenescerá toda a família.

O sono dos mais novos, durante o dia, pode ser uma ocasião de responsabilidade para os mais velhos: “Quietinhos! Não façam barulho porque sua irmãzinha dormiu e não devemos acordá-la!"

Finalmente, durante a oração em família, que, de acordo com a idade das crianças, será mais ou menos breve, os pais devem insistir desde cedo para que os brinquedos sejam deixados de lado, a fim de que a criança esteja totalmente presente em tudo o que faz. Para ajudar, devemos tentar que nossos filhos pequenos participem o máximo possível. Da mesma forma, durante a Missa, se os mais jovens precisarem de algo "material" para ocupá-los, daremos preferência a objetos religiosos que não fazem barulho (rosários de plástico, cartões sagrados em um álbum, livro de pano ou missal...)

Trabalhemos corajosamente para que esses momentos de silêncio, que pedimos a nossos filhos, não sejam um estorvo, mas um tempo de paz, um tempo desejado pelos seus benefícios. É também assim que a vida interior é capaz de se desenvolver, porque “O silêncio é a ajuda que damos a Deus para que Ele nos encha (com Sua vida), como deseja” (Madre Maria de Jesus, O.C.D.).

É aconselhável a um católico que se case com quem não tem a Fé?

O casamento, certamente uma das vocações mais difíceis e, ao mesmo tempo, uma das mais gratificantes, torna-se ainda mais difícil se diferenças não resolvidas existem antes da troca solene de votos.

No Fórum de Junho de 1929, uma mulher não católica escreveu um artigo intitulado “O que significa casar-se com um católico". “A regra mais sábia que a Igreja Católica Romana já estabeleceu”, diz ela, “foi a de proibir o casamento de um católico com um não católico. Se a Igreja pudesse garantir essa regra na prática, muitas tragédias teriam sido evitadas”.

Por que uma tragédia? Porque duas pessoas que têm, sincera e convictamente, visões religiosas opostas, especialmente no tocante ao conceito, natureza e intimidades da vida de casado, estão destinadas a viver em conflito perpétuo e em eterna oposição. Discordância sobre questões fundamentais não é uma base sólida para a união e a felicidade conjugal. Os problemas, em muitos casos, aumentam conforme os anos passam, e surgem divisões sem possibilidade de solução, pois não existem princípios básicos em comum.

Nenhuma situação requer uma visão tão claro quanto a dos casamentos mistos. A dispensa para se casar com um não católico é apenas uma tolerância, não uma solução, a esse casamento, que, inevitavelmente, trará tensões e conflitos sobre questões como a Fé, criação a educação católica dos filhos, controle de natalidade, divórcio etc. Mesmo em um casamento misto “ideal”, há uma espécie de tristeza oculta por parte do cônjuge católico, pois seu ou sua cônjuge está excluído(a) da participação essencial, verdadeira e frutífera na única coisa que importa e que une as pessoas, a santa Fé Católica, dada a nós por Cristo em pessoa.

 

- Pe. Boyle, Dezembro de 1993.

Tenho um parente na casa dos 30 que não foi batizado. Ouvi falar que qualquer pessoa pode batizar se um padre não estiver disponível.

É verdade que um leigo pode batizar validamente, porém só é lícito a um leigo batizar alguém quando o não batizado está em perigo iminente de morte e quando um padre não estiver disponível. Além disso, um leigo só pode dar a matéria e a forma necessários para a validade do sacramento. Ele não pode administrar as demais cerimônias, que só podem ser separadas da forma sacramental em caso de perigo de morte.

Ademais, um adulto só pode ser batizado se ele acredita e aceita todos os artigos da fé católica, se ele houver estudado e aprendido seu catecismo, se ele estiver arrependido de seus pecados e se houver requerido ser recebido na Igreja Católica. Apenas um padre pode julgar se essas condições foram preenchidas. Se não foram, o batismo corre risco de ser infrutífero e não dar a graça.

Um caso em que um leigo poderia batizar seria aquele em que um não batizado está em leito de morte e não há tempo para chamar um padre, e o moribundo faz atos de fé, esperança, caridade e de contrição, afirmando que crê em tudo que a Igreja Católica acredita, está arrependido de seus pecados e quer tornar-se um católico. Porém, deve-se fazer todo esforço para encontrar um bom padre tradicional que julgue as disposições do catecúmeno.

- Pe. Scott, Agosto de 1999.

Por que os católicos não comem carne nas sextas-feiras?

A prática de abstinência de carne nas sextas-feiras data do início da Igreja. O princípio da prática penitencial de abstinência, para se atingir o domínio de si mesmo, já estava delineado por São Paulo: “E todos aqueles que combatem na arena de tudo se abstêm e o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível” (1Cor 9, 25) e “Antes nos mostramos como ministros de Deus nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns” (2Cor 6,5).

Menção explícita da prática de abstinência nas sextas-feiras é feita em um documento do fim do século I (A Didaqué dos Apóstolos), assim como por São Clemente de Alexandria e por Tertuliano no século III. Era um costume universal desde o começo, e a sexta-feira foi escolhida em comemoração da Paixão de Nosso Senhor como um dia em que devemos nos esforçar de maneira especial para praticar a penitência. É em reconhecimento do fato de que Cristo sofreu e morreu e deu sua carne humana e sua vida por nossos pecados em uma sexta-feira que os católicos não comem carne nesse dia. O Papa Nicolau I tornou isso lei da Igreja no século IX. Na Igreja Latina, nos primórdios da Idade Média, esse dia de abstinência não foi considerado suficiente, e a abstinência aos sábados foi acrescentada em honra ao sepultamento de Cristo e ao sofrimento de Nossa Senhora e das santas mulheres no Sábado Santo. Isso foi tornado lei da Igreja por São Gregório VII no Século XI, mas, desde então, caiu em desuso, exceto por parte daqueles que querem professar sua devoção a Nossa Senhora de maneira especial. A Igreja Oriental também tem regras  rigorosas para abstinência, pois, nela, a abstinência de carne é praticada nas quartas e nas sextas-feiras.

As regras acerca do que é ou não permitido em dias de abstinência também variaram conforme o tempo. Santo Tomás de Aquino, por exemplo, indica que ovos, leite, manteiga, queijo e gordura são proibidos em dia de abstinência porque eles vêm de animal e, portanto, têm, em sua origem, algum tipo de identidade com a carne. As regras dos nossos dias restringem a abstinência à carne vermelha apenas.

A abstinência de carne é uma lei eclesiástica, mas que, desde muito tempo, obriga sob pena de pecado mortal. O Papa Inocêncio III deixou isso muito claro no começo do Século XIII, e, no Século XVII, o Papa Alexandre VII anatematizou aqueles que buscavam minimizar o caráter dessa obrigação ao declarar que sua violação seria apenas um pecado venial.

Certamente é verdade que, sendo um preceito eclesiástico, a abstinência das sextas-feiras pode ser alterada pela autoridade soberana da Igreja. Porém, a maneira como esse importante preceito tem sido banalizado pela Igreja pós-conciliar é uma enorme desgraça e vergonha para os Católicos. Não se ensina claramente que ele obriga sob pena de pecado mortal, e a possibilidade de substitui-lo por qualquer outro tipo de sacrifício, dada pelo Código de Direito Canônico de 1983, efetivamente destruiu essa antiga prática. A razão fundamental pela qual os modernistas detestam a abstinência de sexta-feira é que eles negam a necessidade de alguns pequenos atos de penitência para satisfazer o castigo temporal devido aos nossos pecados, além do que eles fazem tudo que podem para esvaziar o mistério da Paixão, isto é, da cruz, e tentam substitui-lo por um Cristo Ressuscitado sem sofrimento ou sacrifício. Porém, foi através do sofrimento e do oferecimento da sua carne e do seu sangue que nosso Divino Salvador se dignou nos salvar, e, consequentemente, é nosso dever associar-nos aos seus sofrimentos através da abstinência das sextas-feiras.

 

- Pe. Scott, Novembro de 2002.

A Igreja deu condições para que uma guerra seja justa?

Existem princípios católicos imutáveis para que uma guerra seja justa. O procedimento é simples: aplicamos à guerra os fatores determinantes de um ato moral. Em todo ato moral deve haver três fatores: (a) o objeto, (b) a intenção, (c) as circunstâncias. Todos os três devem ser considerados moralmente bons; caso contrário, o ato é mau e deve ser proscrito. Em outras palavras, todos os determinantes da moralidade devem ser bons e presentes.

 

O objeto

O objeto deve ser bom, isto é, a guerra deve ter justa causa. As guerras podem ser de dois tipos: defensiva e ofensiva. Uma guerra defensiva tem justa causa se praticada para defender um direito essencial e fundamental que foi injustamente negado; uma guerra ofensiva é justa se for o único meio para preservar um direito essencial e fundamental injustamente negado, desde que todos os outros meios pacíficos e diplomáticos hajam sido exauridos.

Além disso, é indispensável que o bem defendido seja proporcional aos males que a guerra causará. Em hipótese alguma o católico pode aceitar o princípio “meu país, esteja ele certo ou errado”.

 

A intenção

A única intenção que pode justificar a guerra é a promoção do bem comum e o objetivo de evitar um mal maior. No nosso mundo, o bem comum abrange não apenas o bem daquela nação específica, mas o bem de todo o mundo, pois nenhuma nação vive isoladamente; a ordem da prosperidade das nações está diretamente conectada com o bem de cada uma delas.

 

As circunstâncias

A guerra deve ser boa não apenas na sua causa e intenção, mas também nas suas circunstâncias ou métodos. O Papa Pio XII declarou, em Março de 1937, aos Bispos mexicanos: “1) Os métodos usados para vindicar direitos são meios para se atingir um fim e, portanto, constituem um ‘fim relativo, não um fim absoluto em si mesmo. 2) Por serem meios para se buscar um fim, os métodos de vindicar direitos devem ser lícitos e não atos intrinsecamente maus’. Em outras palavras, o fim não justifica os meios. Roubar os ricos para ajudar os pobres não é um princípio moral católico. Nenhuma vantagem, por maior que seja, pode ser adquirida às custas da violação da lei moral. 3) Como os métodos para vindicar direitos devem ser proporcionais ao fim, eles devem ser usados apenas na medida que pareçam atingir aquele fim, no todo ou em parte, e de tal maneira que não tragam dano maior à comunidade que o dano que eles, supostamente, deveriam remediar.

Apenas quando essas três condições de uma causa ou moralmente boa, intenções corretas e métodos justificáveis estiverem presentes, pode-se dizer, afirmativamente, que uma guerra está justificada.

- Pe. Boyle, Julho de 1995.

A Igreja Católica se opõe à guerra?

Nos nossos tempos, em que um falso pacifismo parece dominar o pensamento de muitas pessoas influentes, vale relembrar qual o verdadeiro ensinamento da Igreja Católica acerca da guerra. Uma condenação absoluta da guerra é algo alheio à tradição católica. A vocação militar, de maneira alguma, é proscrita no Evangelho e sempre foi praticada pelos católicos. Afinal de contas, não houve vários mártires e santos homens de armas?

Os Padres da Igreja consideram a profissão militar e o seu exercício um estado honroso de vida. Toda a Teologia católica desde Santo Agostinho, passando por Santo Tomás de Aquino e até o Papa Pio XII, qualificam atos que geram desarmonia, desunião e ausência de concórdia entre os homens como sendo puramente negativos e, indo além, determina que nem sempre é pecado o combate.

A guerra, porém, é um mal, embora não necessariamente o maior dos males, e a Igreja a inclui, juntamente com a fome e a peste, entre os castigos dos quais os homens devem ser preservados, por exemplo, na Missa In Tempore Belli. Para uma guerra ser lícita, deve haver certas condições: que seja declarada pela autoridade competente, que seu propósito seja reparar a violação de um direito, que haja uma expectativa fundada de sucesso e que a guerra seja conduzida com moderação.

A questão da guerra total é mais delicada, dado o armamento sofisticado moderno e a destruição de vasta escala de que ele é capaz. Uma guerra defensiva contra um agressor é sempre lícita, e a moralidade de uma guerra, em geral, está sujeita a duas condições: que ela seja justa e que o recurso às armas seja necessário para repelir um agressor; e que ela seja moderada, pois não há direito de guerrear imoderadamente.

- Pe. Boyle, Julho de 1995.

O que são anjos?

Anjos são puros espíritos criados que possuem um intelecto e vontade mais elevados que os do homem. Eles não têm corpos e, portanto, não podem ser homens nem mulheres. Cada anjo é uma nova espécie em si mesma, e há nove coros angélicos. Eles cumprem a vontade de Deus ao serem mensageiros e guardiões dos homens, de papas, bispos, cidades e países. Há obras onde se atribui a eles a tarefa de manter o universo ordenado, guiando os planetas e estrelas nos seus movimentos. 

Nós só sabemos os nomes de três: Miguel, Gabriel e Rafael. Desde o Vaticano II, alguns adeptos da Nova Teologia têm negado a existência dos anjos porque essa verdade de fé seria um obstáculo para os não-católicos – e isso apesar das Sagradas Escrituras, que falam dos anjos em quase toda parte!

- Pe. Carl, Abril de 1979.

O que são os querubins e os serafins?

Querubim é a forma plural da palavra hebraica “cherub” e significa algo próximo a “aquele que abençoa” ou “aquele que reza” -- tratam-se de espíritos a serviço do Senhor Deus. Nós os encontramos, para citar apenas alguns lugares, após a expulsão de Adão do Jardim (Gn 3, 24) e na visão de Ezequiel (En 1, 10). Eles agem como guardiões no Antigo Testamento, seja de maneira real (Ez 28, 14), seja representados no Santo dos Santos sobre a Arca da Aliança.

Serafim é o plural de “seraph”, que significa “aquele que queima”. Nós os vemos na visão de Isaías ao redor do trono de Deus (Is 6, 1-7). Eles são descritos como possuindo seis asas e prostrados ante a divina majestade de Deus três vezes santo. Essas duas classes de seres celestiais são consideradas as mais elevadas, as mais próximas do trono de Deus.

(Trecho do livro "The best of Questions and Answers", Angelus Press)

AdaptiveThemes